São chamados de early adopters aqueles que querem sempre ter a tecnologia mais recente em suas mãos, seja lá qual for o custo. Se fosse uma pessoa, o Audi A7 Sportback certamente se enquadraria neste grupo, pois está carregado com tecnologias de última geração que podem fazê-lo desde andar com o motor desligado e até não fazer ultrapassagens ilegais - seu smartphone faz isso? Acho que não...

Mas antes, o A7 Sportback já atrai os olhares pelo design. A carroceria coupé de quatro portas - que tem o nome genérico de gran turismo - exibe um longo capô, portas sem molduras dos vidros, caixas de rodas destacadas com um jogo de rodas de 20" preenchendo o espaço e até mesmo um aerofólio retrátil que aparece acima dos 120 km/h (ou com um toque no painel). E sem falar que são quase 5 metros de comprimento, sendo 2.926 mm só de entreeixos. O tipo de carro que se destaca nas ruas mesmo estacionado. 

Apartamento (bem decorado) sobre rodas

Por R$ 514.990 (ou R$ 540.990 como o testado, com itens que vou detalhar mais abaixo), o A7 Sportback Performance vale o mesmo que um bom apartamento (ou mais que o meu, no caso). Mas é um belo apartamento, e muito bem decorado: quando abrimos as portas já nos deparamos com diversos materiais de alta qualidade e três telas instaladas no painel. Sim, lembra o SUV Q8, já que eles dividem muitos elementos e componentes. 

A tela de 12,3" é do painel de instrumentos, um recurso já conhecido dos demais Audi. Ao centro, na parte superior, temos o sistema multimídia (10,1") com a nova interface da Audi, bem mais fácil e intuitiva de operar e que oferece conexão Apple CarPlay e Android Auto sem fio. Para acompanhar, o sistema de som é da Bang&Olufsen de alta definição (você tem um desse em casa?). Mais abaixo, a terceira tela de 8,6" trabalha como o controle do ar-condicionado e de outras funções do carro. Em comum, as duas últimas têm respostas táteis quando acionadas, simulando um botão - apesar de ainda ser preciso um desvio maior da atenção para operar a inferior do que se fossem botões tradicionais. 

A lista extensa de equipamentos do A7 ainda inclui ar-condicionado de quatro zonas e faróis full-LED, entre outros itens, mas o que mais chama a atenção são mesmo os pacotes tecnológicos - ou seja, fiquei quase 1 hora com o carro na garagem só "fuçando" para entender tudo. Além disso, tudo nesse carro é sempre uma evolução do que conhecemos de outros Audi. Maldito early adopter... 

Assista a avaliação em vídeo

O sistema de câmeras 360º simula o carro na tela, e pode ser girado com os dedos. O piloto automático adaptativo parece praticamente pronto para assumir a condução total, lendo inclusive quando há um carro mais lento na faixa da esquerda e reduzindo a velocidade (afinal, ultrapassar pela direita é errado), além do assistente de faixa fazer voltar o volante se você ignorar os avisos do alerta de ponto-cego e decidir entrar na faixa enquanto vem um outro veículo. Isso sem esquecer do assistente de tráfego, que freia e acelera sozinho no trânsito. Ah, e o A7 ainda tem a capacidade de não deixar abrir suas portas se vier um carro nas laterais. 

Um híbrido não-híbrido

O Audi A7 Sportback é o chamado híbrido-leve. Apesar do nome, ele não se enquadra nas mesmas regras dos híbridos tradicionais pela baixa potência do motor elétrico - este colocado onde ficaria o motor de arranque e o alternador, e não nos eixos ou na transmissão, como nos híbridos convencionais. Um sistema elétrico de 48 volts, que trabalha em paralelo com o de 12 volts tradicional, tem uma pequena bateria alimentada pela recuperação de energia das frenagens e desacelerações, oriundas deste pequenos motor/gerador. 

Com 16 cv, seu trabalho é auxiliar o motor a combustão, o EA839, um V6 3.0 com turbo de duplo fluxo, 340 cv e 51 kgfm de torque (o mesmo torque de uma Chevrolet S10 turbodiesel), em situações onde ele consumiria ou emitiria mais, como acelerações e retomadas, ou permitindo até que ele se desligue totalmente em algumas ocasiões. 

Abaixo dos 22 km/h, o sistema desliga o motor (start stop) se a câmera perceber que há tráfego parado à frente, sendo que a mesma câmera ainda adianta o funcionamento do V6 quando os carros da frente voltam a trafegar. Entre 55 e 160 km/h, ele desliga o motor em situações em que não é exigida potência ou em velocidade de cruzeiro - tudo para ajudar no consumo do motor de 340 cv. Em nossos testes, o A7 cravou 7,5 km/litro na cidade e 11,5 km/litro na estrada. 

Até o sistema de transmissão evoluiu. O conjunto do câmbio automatizado de dupla embreagem (S-Tronic) com 7 marchas, banhado a óleo (DL382+) foi feito para trabalhar com o sistema de tração integral quattro Ultra. O sistema desliga totalmente o eixo traseiro quando não há necessidade de seus serviços, mas o aciona em uma fração de segundo se detectar as rodas dianteiras escorregando ou alguma situação de curva onde sua função é exigida. 

Como esperado, a dinâmica do A7 é elogiável. Apesar de grande e com quase 2 toneladas, o seletor de modo de condução (que varia entre Efficiency, Comfort, Dynamic e Individual) trabalha nas respostas do motor, transmissão e até mesmo da direção elétrica, esta variável - ou seja, pode esterçar mais as rodas virando menos o volante para manobras, ou ficar mais direta em velocidades mais altas. 

Nas curvas, a carroceria inclina pouco e o motor tem fôlego desde cedo (1.370 rpm) até o pico de potência (6.400 rpm), com as trocas das marchas rápidas dignas de uma transmissão de dupla embreagem (mas ainda suave, sem trancos). Nas curvas, o A7 tem performance de um jovem alemão que foi feito pra andar a 250 km/h (sua velocidade máxima limitada eletronicamente) nas Autobahns. Mesmo pesadão, levou apenas 5,1 segundos para chegar aos 100 km/h... e nem estamos falando ainda de um S7 ou RS7! 

Toda tecnologia tem um custo

O Audi A7 Sportback é tabelado a R$ 514.990 com direito a piloto automático adaptativo com assistente de faixa, teto-solar panorâmico, ar-condicionado de quatro zonas e sistema de som da Bang & Olufsen, entre outros itens. A unidade testada ainda tem o Head-Up display (R$ 10 mil) e a câmera de visão noturna, um daqueles itens que parecem besteira, mas vale gastar os R$ 16 mil só pra impressionar os amigos ou viajar em estradas mais escuras - ela inclusive identifica quando há pessoas ou animais. O modelo ainda pode ter os faróis fullLED Matrix HD com luzes de direção e apresentação de luzes (R$ 13 mil). 

Como todo early adopter, o Audi A7 Sportback não economizou. Custa mais de meio milhão? Sim, mas toda a carga tecnológica que ele traz está um passo além do que encontramos por aí, fora o desempenho do motor V6 e a dirigibilidade afiada. Se o estilo não te agrada, veja o Audi A6, seu sedã mais tradicional. Se bem que o iPhone também vende vende pelo design, não?

Fotos: divulgação

 

Ficha Técnica - Audi A7 Sportback 3.0T

MOTOR

dianteiro, longitudinal, 6 cilindros em V, 24 válvulas, 2.995 cm³, duas bancadas com duplo comando de válvulas com variador na admissão e escape, injeção direta, turbo, gasolina + sistema 48 volts

POTÊNCIA/TORQUE

340 cv de 5.000 a 6.400 rpm; 51 kgfm de 1.370 a 4.500 rpm

elétrico: 16 cv (12 kW)

TRANSMISSÃO automatizado de dupla embreagem (S-Tronic) com 7 marchas; tração integral quattro Ultra
SUSPENSÃO independente five link na dianteira e traseira
RODAS E PNEUS liga-leve aro 20" com pneus 225/40 R20
FREIOS discos ventilados na dianteira e traseira
PESO 1.955 kg em ordem de marcha
DIMENSÕES comprimento 4.969 mm, largura 2.118 mm, altura 1.422 mm, entre-eixos 2.926 mm
CAPACIDADES porta-malas 535 litros, tanque 73 litros
PREÇO  R$ 514.990 (R$ 540.990 como testado)
MEDIÇÕES MOTOR1 (gasolina)
    Audi A7 3.0T
  Aceleração  
  0 a 60 km/h 2,5 s
  0 a 80 km/h 3,7 s
  0 a 100 km/h 5,1 s
  Retomada  
  40 a 100 km/h em S 3,9 s
  80 a 120 km/h em S 3,2 s
  Frenagem  
  100 km/h a 0 35,2 m
  80 km/h a 0 22,4 m
  60 km/h a 0 12,8 m
  Consumo  
  Ciclo cidade 7,5 km/litro
  Ciclo estrada 11,5 km/litro

Galeria: Audi A7 Sportback 2020 (Teste Motor1.com)

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