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10 anos: Relembre o último pódio com dois brasileiros na F1

Há exatamente uma década Nelsinho Piquet e Felipe Massa levavam pela última vez duas bandeiras brasileiras ao pódio no mundial

The podium: Nelson Piquet Jr., Renault second; Lewis Hamilton, McLaren, race winner; Felipe Massa, F

The podium: Nelson Piquet Jr., Renault second; Lewis Hamilton, McLaren, race winner; Felipe Massa, F

Sutton Motorsport Images

Lutando pelo campeonato mundial, Lewis Hamilton e Felipe Massa dividiam a primeira fila do GP da Alemanha há exatos dez anos, no dia 20 de julho de 2008. Apenas dois pontos separavam os dois pilotos que brigariam por aquele título até o fim daquele ano, com direito ao conhecido final apoteótico na última volta da última corrida, no Brasil.

No entanto, poucos poderiam esperar que um dos protagonistas daquele dia em Hockenheim estivesse saindo da 17ª posição no grid de largada. Nelsinho Piquet, vivendo uma primeira temporada difícil na F1, tentava se firmar, mas tendo como companheiro Fernando Alonso e sofrendo com o mau desempenho da Renault, o brasileiro vinha tendo um ano de aprendizado a duras penas apesar de um sétimo lugar (que à época dava apenas dois pontos) na França – dois GPs antes.

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Com Hamilton com o melhor ritmo e Massa tranquilo em segundo, a prova em Hockenheim se desenhava bem previsível até a volta 35, quando a suspensão de Timo Glock quebrou na entrada da reta e jogou o alemão no muro. Nelsinho – em uma estratégia de uma parada – ia para o pit naquele momento, enquanto que praticamente todo o resto do grid se encontrava em uma tática de duas paradas.

Para melhorar, Nelsinho estava exatamente nos boxes quando Glock encontrou o muro. Ou seja, o piloto não iria esperar que os carros se agrupassem atrás do Safety Car para o pit lane ser aberto – regra criada uma temporada antes, e que acabou após 2008 depois da vitória controversa de Fernando Alonso em Cingapura.

Com isso, Nelsinho, que estava longe da zona de pontos, foi parar em terceiro após seu pit stop, apenas atrás de Hamilton (vítima de um erro da McLaren, que não foi para o pit no SC) e Nick Heidfeld, que não haviam realizado seus pit stops.

Assim que ambos pararam, com a corrida em bandeira verde, Nelsinho foi para a ponta, com Felipe Massa em segundo. No entanto, Hamilton estava imbatível naquele dia. O britânico saiu dos boxes atrás dos dois brasileiros e de seu companheiro Heikki Kovalainen. O finlandês deixou Lewis passar, e ele não perdeu tempo em ir à caça de Massa e Piquet. Massa bem que tentou, mas não impediu a passagem de Lewis, e Nelsinho, em sua melhor corrida do ano, pouco resistiu ao ataque de Hamilton já que seu segundo lugar era um ótimo resultado.

Foi o primeiro pódio brasileiro duplo na F1 desde o GP da Bélgica de 1991, quando Ayrton Senna venceu e Nelson Piquet foi para seu último pódio no mundial. No campeonato, Hamilton, abriu seis pontos de Massa.

Nelsinho, que conquistou seu melhor resultado na F1 naquele dia, lembra bem da prova. "Foi engraçado. A Renault vinha tendo muitas dificuldades aquele ano. Por sorte do Safety Car, a gente parou na hora certa, nos posicionamos bem na pista, a sequência de estratégia deu certo e o carro começou a andar bem”, disse ele ao Motosport.com.

“A gente pegou ar livre e eu estava liderando a corrida. Éramos eu e o Felipe e ele de Ferrari não conseguia chegar. Tínhamos ritmos parecidos. O único que conseguiu chegar na gente e passar rápido foi o Hamilton, que tinha um carro muito superior aos nossos.”

“Foi uma corrida muito boa. Sim, eu dei muita sorte de parar na hora certa e conseguir ganhar várias posições, mas eu também mantive a posição. Perdi apenas para o Hamilton, que estava 1s5 mais rápido que a gente. Não valia a pena brigar com ele. Podíamos nos enroscar e até perder a segunda, terceira posições.”

Perguntado se lembrava alguma história de bastidor interessante, Nelsinho revelou que seu chefe na época, Flavio Briatore, não estava mais na pista quando retornou aos boxes, e que Fernando Alonso ficou bem contrariado ao ver que ele havia sido o responsável pelo primeiro pódio da Renault no ano.

“O Briatore tinha até ido embora. Deu algum problema na corrida, acho que o Briatore estava de saco cheio e tinha ido embora”, seguiu.

“Ele nem ficou para o pódio, porque nem sabia que a gente ia para o pódio. Eu sei que nas reuniões depois, o Alonso reclamou que o carro estava X, Y e Z, o que realmente era verdade, mas dizia: 'como é que o Nelsinho andava bem?'.”

“É aquela velha história; quando você está atrás na turbulência de aerodinâmica, você perde muito tempo. Você pega uma Red Bull hoje e bota na ponta, é difícil tirá-los de lá mesmo quando são mais lentos. Essa é a vantagem que eu tive naquela corrida, de estar na frente, pegar ar livre e ter um ritmo bom.”

“Tive a cabeça de entender que Hamilton estava mais rápido. Deixei ele passar logo, sem perder tempo, porque depois podia chegar o Felipe, o quarto colocado, e daí podia dar merda."

Felipe Motta relembra bastidores da cobertura

Não sou um jornalista que tenha como principal característica a de memórias sobre um determinado resultado. No entanto, registro quase como filmes o que acontece nos bastidores, o que minha retina e tímpanos conferem após um acontecimento, seja ele histórico ou não. Claro que quanto mais impactante ele seja, maior a chance de registro. E curiosamente, cavocando na memória, o pódio duplo em Hockenheim tem pouca coisa. A explicação, no entanto, parece óbvia.

O fato de dois pilotos brasileiros dividirem um pódio depois de tanto tempo, claro, é um marco. Mas aquele contexto durou pouco e explico o porquê. Após a corrida, pilotos no pódio, hino tocado (o do Reino Unido, claro), zona mista e entrevistas, nas quais o tema do pódio duplo era abordado. Mas os cenários individuais foram minutos após o fim da prova tomando conta da repercussão geral.

Massa duas provas antes da Alemanha era líder. Na primeira prova na liderança, em Silverstone, zerou e viu Hamilton vencer. A segunda vitória seguida do inglês era uma enorme preocupação para Massa, que via o rival abrir boa vantagem no campeonato. E isso, pra ele, era (bem) maior que o pódio duplo.

Nelsinho, por sua vez, sofria demais naquele ano. Seus primeiros pontos tinham chegado apenas duas corridas antes de Hockenheim, na mesma prova que Massa virara líder do campeonato. Foi sétimo, no caso, somando 2 pontos. Enquanto isso, o companheiro Fernando Alonso tinha ido aos pontos cinco vezes. A diferença de performance era nítida, e Nelsinho estava com a posição na Renault ameaçada. O pódio, o primeiro da equipe francesa na temporada, era a salvação, a redenção. Pra ele, igualmente, algo (muito) maior que o pódio duplo.

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