No dia que completaria 79 anos, relembre a única corrida que Lella Lombardi pontuou na F1
Há 79 anos nascia Lella Lombardi, que até hoje é a única mulher a pontuar na F1; esta é a história desse dia
Conquistar um ponto na Fórmula 1 requer, nas regras atuais, terminar entre os dez primeiros em um dos GPs da temporada e, apesar de parecer algo ao alcance da maioria, pois há apenas 20 carros na pista, sabemos que chegar a esse grupo exclusivo é como uma vitória para alguns.
Na década de 70 era ainda mais complexo, porque apenas os seis primeiros eram recompensados e foi justo nessa era, no GP da Espanha de 1975, que a piloto Lella Lombardi escreveu um capítulo histórico dentro do esporte a motor, somando meio ponto e tornando-se a única mulher a conseguir pontuar na história da Fórmula 1.
Neste 26 de março, Lella estaria completando 79 anos. A italiana morreu em 1992, aos 50 anos, vítima de um câncer. Em sua homenagem, o Motorsport.com relembra a história desse GP histórico para Lella.
Seu resultado chegou em sua segunda corrida na F1, após um abandono na África do Sul em 1975, pilotando pela equipe March. No ano anterior, ela havia tentado se classificar para o GP da Grã-Bretanha, mas não conseguiu o tempo para isso.
O GP da Espanha de 1975 foi realizado no circuito de Montjuic e foi marcado por algo além da façanha de Lombardi: uma tragédia. O fim de semana já começou com controvérsias quando os pilotos deixaram claras suas insatisfações pelas barreiras de segurança, que estavam mal parafusadas. Com isso, apenas Jacky Ickx e Vittorio Brambilla foram à pista na sexta.
"O circuito simplesmente não corresponde às especificações. Todos os guard rails estão mal instalados, mal colocados", disse Emerson Fittipaldi à televisão espanhola à época.
Durante a madrugada do sábado foram realizados os trabalhos para deixar o circuito pronto, mas o tempo era menor que o necessário. Isso obrigou as equipes a emprestar pessoal para ajudar na montagem da pista, deixando tudo pronto para a classificação.
Os pilotos se negavam a competir, mas a possibilidade de ações legais os levaram à pista. Emerson, que foi um dos mais vocais contra o trabalho feito, fez apenas três voltas sob baixa velocidade e anunciou que não participaria da prova.
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Para a prova, as Ferraris de Niki Lauda e Clay Regazzoni ocupavam a primeira fila, seguidos pela Hesketh de James Hunt e a Parnelli de Mario Andretti. Lella largaria em 24º, de 26 vagas no grid.
No início da prova, houve uma série de acidentes entre Brambilla, Andretti, Parnelli, Lauda e Regazzoni. Além deles, Patrick Depailler também abandonou por um problema na suspensão, enquanto outros pilotos como Wilson Fittipaldi e Arturo Merzario abandonaram a prova ao final da primeira volta, mantendo seus protestos à falta de segurança.
Hunt assumiu a liderança, mas os abandonos não acabaram, começando pelo próprio britânico. Jody Scheckter teve um problema no motor e, por deixar óleo na pista, provocou uma batida entre Alan Jones e Mark Donohue.
John Watson, que estava em segundo, foi para os boxes com problemas em sua Surtees-Ford, enquanto Andretti acabou batendo em um guard rail. Toda essa situação levou Ronnie Peterson à terceira posição, atrás de Rolf Stommelen e José Carlos Pace.
A volta 25 mudou a história da corrida. Stommelen perdeu a asa traseira e, com isso, sua estabilidade, voando sobre a pista para depois bater contra os guard rails. O incidente deixou cinco mortos, sendo três espectadores, um socorrista e um fotógrafo, de acordo com informações do jornal espanhol ABC. Já o piloto alemão ficou gravemente ferido, mas sobreviveu.
A prova foi mantida por mais quatro voltas antes da direção de prova tomar uma atitude, encerrando o GP na volta 29.
Jochen Mass, com sua McLaren, estava na liderança, seguido por Ickx e Carlos Reutemann, completando o pódio. Mas, três posições atrás deles e a duas voltas de diferença estava o nome de Lella Lombardi que, com um modo de pilotar mais cuidadoso e conservador, sobreviveu ao caos e subiu 21 posições.
Pelo fato da prova ter sido encerrada antes da metade, a pontuação dada aos pilotos foi reduzida pela metade. Por isso Lella, que terminou em sexto, receber apenas 0,5 ponto.
Muitos dizem que seu resultado foi uma "questão de sorte", mas, em uma época em que terminar uma prova no chamado "inferno verde" já era um triunfo, ela conseguiu calar algumas bocas ao terminar em sétimo no GP da Alemanha, no exigente circuito de Nürburgring, apesar de um furo em um de seus pneus durante a prova.
Suas performances nos GPs da Espanha e da Alemanha de 1975 são os melhores resultados de uma mulher, até o momento, dentro da F1. Lella também detém o recorde de mulher com mais GPs disputados, com 12, sendo 10 deles em 1975, todos correndo pela equipe March. Maria Teresa de Filippis é a única outra mulher a conseguir esse feito, com 3 GPs disputados.
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