Análise

Novas regras de largada complicam ainda mais vida de pilotos

Pilotos vão enfrentar um desafio ainda maior nas largadas em 2017 com mudanças impostas pela Federação Internacional de Automobilismo; entenda quais são as novidades

Carlos Sainz Jr., Scuderia Toro Rosso STR12, Pascal Wehrlein, Sauber C36

Carlos Sainz Jr., Scuderia Toro Rosso STR12, Pascal Wehrlein, Sauber C36

Circuit de Barcelona-Catalunya

Parte dos esforços da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) para reduzir a ajuda aos pilotos foca na diminuição da influência dos engenheiros nas largadas. 

O que se iniciou com limitações na comunicação de rádio se expandiu, no ano passado, para a imposição de apenas uma borboleta para acionamento da embreagem. Neste ano, entretanto, a situação deve se complicar para os pilotos, com novos limites de controle da embreagem e do movimento e localidade das borboletas.

Torque linear

Tais mudanças foram encaminhadas para as equipes através das diretivas técnicas da FIA durante o inverno europeu, esclarecendo o que a federação entende como ajuda ilegal.

A maior mudança está em como a borboleta no volante controla a embreagem, pois agora é obrigatório que o torque seja linear. Antes, os engenheiros conseguiam mapear a configuração de forma a permitir que a maior parte do movimento da borboleta se encaixasse com o ponto ideal da embreagem.

"Você só precisava soltar a embreagem entre 10% e 80%. Neste espaço, havia um mapa que configurava a aderência, pneus e carga de combustível. Então a largada ficava 100% a cargo dos engenheiros antes. Agora, está completamente em nossas mãos", disse Kevin Magnussen, piloto da Haas.

Ponto ideal

No formato antigo, se os engenheiros mapeassem a situação corretamente, as largadas eram bastante tranquilas para os pilotos. Com as novas regras, para acertar o ponto ideal da embreagem o piloto precisará encontrar tal ponto na borboleta.

Uma pequena diferença na medida pode gerar falta de força ou a patinagem das rodas traseiras.

"Agora, temos uma situação como em um carro de rua. Precisamos encontrar o ponto ideal totalmente sozinhos. Antes, você podia discutir isso com os engenheiros", afirmou Pascal Wehrlein, da Sauber.

"Dependia mais do engenheiro configurar tudo corretamente. Agora, não há mais ajustes prévios e você precisa usar a mão para encontrar o ponto ideal", acrescentou.

Espaço entre borboletas

 

Mercedes W07 steering wheel paddles distance
Espaço entre as borboletas no volante do Mercedes W07

Foto: Giorgio Piola

As borboletas também sofreram alterações no design, o que também pode complicar a vida dos pilotos. Para impedir as equipes de colocar qualquer dispositivo atrás do volante que ajude o piloto a encontrar o ponto ideal da embreagem, a FIA implantou zonas de exclusão.

Neste ano, há a obrigatoriedade de um espaço de 50mm entre a borboleta de embreagem e qualquer outro controle no volante. A única exceção é um mecanismo de parada que restrinja a mão do piloto de contato com qualquer outra parte, algo que entende-se que Mercedes e Force India tenham feito.

Além disso, o limite máximo de movimento da borboleta está limitado em 80mm. Sem tal limitação, as equipes poderiam permitir um movimento excessivo da borboleta para facilitar o encontro do ponto ideal por parte dos pilotos.

 

Ferrari SF16-H steering wheel clutch movement
Movimento da borboleta de embreagem no volante da Ferrari SF16-H

Foto: Giorgio Piola

Mudança significativa

As primeiras sensações após os testes de largada em Barcelona dão a entender que os pilotos terão muito mais responsabilidade e dificuldade para fazer uma largada eficiente em 2017.

"As largadas serão bastante complicadas para os pilotos. Você pode ter um pouco de sorte e conseguir uma boa largada, mas também pode ter azar e largar mal", disse Wehrlein.

Questionado sobre o quanto será difícil largar em 2017, Magnussen respondeu: "Muito. No ano passado era fácil, a janela do ponto ideal era muito grande."

 

"Você até poderia largar mal no ano passado, mas isso seria culpa do engenheiro que não configurou corretamente a embreagem. Além disso, reagir rapidamente ao apagar das luzes vermelhas fazia a diferença. Fora isso, não havia muito o que fazer", afirmou.

"Agora cabe a nós encontrar o ponto ideal da embreagem, para ficar no limite da patinagem. Mas é muito difícil", acrescentou.

Por fim, o dinamarquês acredita que largadas perfeitas se tornarão raras e prevê muitas mudanças de posição ao apagar das luzes vermelhas.

"Creio que veremos alguns rapazes ganhando muitas posições e outros perdendo vários lugares. Veremos muitas mudanças", completou.

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