Os diretores da GPDA (Associação dos Pilotos de Grand Prix), Romain Grosjean e Sebastian Vettel, representaram os pilotos da Fórmula 1 na reunião da última terça-feira em Genebra, depois que Lewis Hamilton, Nico Hulkenberg e o presidente da organização, Alex Wurz, compareceram ao encontro anterior em Paris no mês passado, juntamente com a FIA, a F1 e as equipes.
"Foi longo, mas foi muito importante pensar que os pilotos estavam envolvidos", disse Grosjean quando perguntado pelo Motorsport.com sobre o encontro de Genebra. "Nós temos quatro pontos realmente claros sobre onde queremos ir, e houve discussões de algumas coisas que pensamos ser completamente inúteis para nós em termos de tornar o show melhor”.
"Então nós só precisamos continuar com esses quatro pontos, e ter certeza de manter a pressão e ajudar a F1 a melhorar. Quatro pontos apresentados pelo GPDA, e quatro pontos que nós acordamos com cada piloto. É difícil ir até lá quando há uma questão do escopo das discussões com os outros, porque é sua opinião pessoal”.
"Então, é uma questão do GPDA, 51% dos pilotos dizerem que esta é a direção que queremos seguir, e esta é a direção que queremos seguir."
Elaborando sobre o que os pilotos concordaram, ele disse: "Dos quatro pontos do GPDA, o número um são os pneus. O número dois é a aerodinâmica. O número três é o peso, e o número quatro é o dinheiro entre as equipes. Então, acredito que se você resolver esses quatro pontos, acho que vai ser muito bom."
Grosjean diz que os pilotos estão dispostos a ter reabastecimento para criar um peso inicial menor.
"Nada está acordado. Nós queremos isso, não porque achamos que é ótimo para as corridas, mas precisamos ajudar a reduzir o peso do carro. Então, é apenas uma correção temporária para ajudar a tornar os carros 70kg ou 60 kg mais leves no início da corrida, e não superaquecer os pneus.”
"Quando eu comecei, em 2009, eram 605kg e agora estamos em algo como 740. São 140kg e você pode sentir que os carros são muito pesados nas curvas de baixa velocidade e no começo da corrida são até mais.”
"Nós apenas sentimos que é demais para um carro de Fórmula 1. Eu sei que estamos falando de um pneu de 18 polegadas, que são outros 25kg; um sistema de freio padrão, que são outros 8kg. Então você está realmente adicionando e adicionando, enquanto o que nós queremos é reduzir o peso".
Grosjean acrescentou que os pilotos até propuseram uma fórmula de motor diferente: "Isso nos foi dito não era uma opção! É a primeira coisa que levantamos, um V10 e você economiza 150kg".
EFEITO SOLO VOLTARÁ À F1
A F1 já anunciou que o efeito solo retornará à categoria em 2021. O recurso aerodinâmico foi um grande ponto de evolução no fim dos anos 70. Veja curiosidades sobre ele.
1970 - Chaparral 2J-Chevrolet
Foto de: LAT Images
A tecnologia foi primordialmente explorada pela equipe Chaparral, que utilizou o modelo 2J no campeonato norte americano de protótipos, o Can-Am. No entanto, mesmo sem ter conquistado nenhuma vitória, a novidade foi banida da categoria.
1978 - Lotus
Foto de: Rainer W. Schlegelmilch
A equipe chegou a experimentar o efeito solo em 1977, mas foi no ano seguinte que implementou a tecnologia em definitivo. O time venceu oito corridas naquele ano e conquistou o mundial de construtores e o mundial de pilotos com Mario Andretti.
1978 - Lotus
Foto de: LAT Images
Andretti venceu seis provas e somou 64 pontos, 13 a mais que seu companheiro de equipe, Ronnie Peterson. A Lotus só não venceu todas as etapas do mundial porque seu carro tinha problema de confiabilidade, algo comum na antiga F1.
Colin Chapman: o criador, mas nem tanto
Foto de: Sutton Motorsport Images
Colin Chapman, o projetista chefe e proprietário da Lotus, colhe até hoje os louros pelo sucesso do efeito solo na F1. No entanto, apesar de ser o idealizador do carro vencedor, os responsáveis por trazer o efeito solo para a equipe foram Tony Rudd e Peter Wright, que já tinham tentado algo similar na BRM no final dos anos 60.
1978 - Brabham BT46B Alfa Romeo
Foto de: LAT Images
Além da Lotus, outras equipes de várias categorias já estavam perseguindo ideias semelhantes desde o começo da década de 70. A Brabham foi quem mais se aproximou de bater a Lotus em 1978.
1978 - Brabham BT46B
Foto de: Sutton Motorsport Images
Niki Lauda venceu a etapa da Suécia da F1 com um carro que usava um ventilador para "chupar" o ar debaixo do carro e forçar o efeito solo. No entanto, a tecnologia do time foi banida antes do fim da temporada.
1978 - Jody Scheckter, Ferrari 312T4
Foto de: LAT Images
Apesar de não usar o efeito solo em 1978, a equipe italiana foi vice-campeã em 1978, graças à confiabilidade do carro que venceu todas as vezes que a Lotus teve problemas. Em 1979, a Ferrari reuniu o que tinha de melhor do carro do ano anterior com uma versão própria do efeito solo, e com isso dominou o campeonato. Jody Scheckter venceu e Gilles Villeneuve foi vice.
1980 - Williams FW07B Ford Cosworth
Foto de: LAT Images
A Williams resolveu dois problemas do efeito solo e faturou a temporada de 1980 com Alan Jones. A equipe conseguiu reduzir os custos da solução e fazer com que as peças se ajustassem às curvas, evitando a perda do efeito fora das retas.
1980 - Nelson Piquet, Brabham BT49-Ford Cosworth
Foto de: LAT Images
Nelson Piquet venceu suas primeiras corridas a bordo de uma Brabham naquele mesmo ano e fez frente à Alan Jones no campeonato mundial.
1980 - Brabham BT49
Foto de: Sutton Motorsport Images
O brasileiro triunfou três vezes na temporada e chegou a liderar o campeonato.
1980 - Nelson Piquet (Brabham) e Alan Jones (Williams)
Foto de: Jean-Philippe Legrand
No entanto, a falta de confiabilidade do carro acabou impedindo Piquet de pontuar nas duas últimas etapas, enquanto Jones vencia as provas e superava o brasileiro, sagrando-se campeão mundial.
1981 - Nelson Piquet, Brabham BT49C
Foto de: LAT Images
O ano foi um dos mais disputados da história da categoria, com sete pilotos de seis equipes diferentes vencendo corridas.
1981 - Nelson Piquet, Brabham
Foto de: Sutton Motorsport Images
Nelson Piquet brilhou no carro da Brabham, que era capaz de se ajustar às curvas para manter o efeito solo e vencer a concorrência. O brasileiro conquistava ali o primeiro título mundial de sua galeria.
1982 - Keke Rosberg, Williams FW08
Foto de: Sutton Motorsport Images
No último ano do efeito solo na categoria, Rosberg se valeu da regularidade para ser campeão mundial.
1982 - Keke Rosberg, Williams
Foto de: Williams F1
Naquele ano, 11 pilotos diferentes venceram corridas, mas o finlandês, que venceu apenas uma, chegou mais vezes nos pontos do que todos os rivais e levou o caneco.
1982 - Excesso de acidentes pôs fim ao efeito solo
Foto de: LAT Images
Os acidentes se tornaram frequentes com o avanço do efeito solo, pois bastava o carro tocar no chão para o efeito ser totalmente cancelado, fazendo com que os pilotos perdessem o controle do carro. Dois dos acidentes foram fatais. Na imagem acima, o acidente que tirou a vida de Gilles Villeneuve.
1982 - Excesso de acidentes pôs fim ao efeito solo
Foto de: LAT Images
O último acidente fatal daquele ano foi o de Riccardo Paletti, no Canadá. Logo em seguida, a FIA decidiu eliminar totalmente o efeito solo. Depois do acidente de Paletti, as próximas mortes durante em um fim de semana de GP foram as de Ratzenberger e Senna em Imola, 12 anos depois.
2021 - O retorno do efeito solo
Foto de: Giorgio Piola
Em 2019, a F1 está decidindo os rumos que tomará no futuro. Buscando aumentar as ultrapassagens e o espetáculo, a categoria decidiu reintroduzir a tecnologia a partir de 2021.
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