Análise

Por que a Honda deixará a F1 e qual motor a Red Bull vai usar?

Motorsport.com faz uma análise do contexto atual de equipe e montadora após o anúncio que chocou o esporte a motor

Pierre Gasly AlphaTauri AT01 Honda engine cover detail

Foto de: Andy Hone / Motorsport Images

Nesta sexta-feira, a Honda surpreendeu o mundo do automobilismo ao anunciar que "concluirá" seu envolvimento na Fórmula 1 no final da temporada de 2021.

O editor recomenda:

A notícia deixa a Red Bull em busca de um novo fornecedor de motores para suas duas equipes, Red Bull Racing e AlphaTauri.

Quem usa os motores Honda?

Depois de deixar o esporte no final de 2008, a Honda retornou à F1 em 2015, o segundo ano dos atuais regulamentos da era V6 turbo híbrida.

A montadora inicialmente tinha um acordo exclusivo com a McLaren, mas o relacionamento começou mal e nunca se recuperou. Após três temporadas de reclamações de Fernando Alonso entre 2015 e 2017, a equipe britânica passou a ser cliente da Renault em 2018.

Neste ano, a Honda ‘se mudou’ para a então equipe Toro Rosso. O plano claro da Red Bull era avaliar a unidade de potência japonesa com seu time júnior e, se fosse considerada uma opção melhor do que a Renault, a Honda impulsionaria também a equipe principal a partir de 2019.

Em junho de 2018, a Honda e a Red Bull anunciaram que realmente fariam uma parceria, inicialmente apenas para as temporadas de 2019 e 2020.

Em novembro de 2019, foi confirmado que a Honda permaneceria com a Red Bull e a renomeada equipe AlphaTauri também para 2021.

Por que a Honda está deixando a F1?

O contrato atual da Honda com a Red Bull ‘obriga’ a montadora a ficar na F1 até o final da temporada 2021. A alta administração japonesa, portanto, teve que tomar uma decisão sobre estender ou não seu envolvimento na categoria, ao mesmo tempo que deu às suas duas equipes tempo suficiente para procurar um parceiro alternativo a partir de 2022.

Em essência, a Honda justificou sua decisão de interromper seu programa de F1 não por motivos econômicos, mas para concentrar seus recursos no desenvolvimento de formas alternativas de energia e, especificamente, em uma mudança para a neutralidade de carbono até 2050.

O envolvimento da Honda na F1 sempre fez parte de sua estratégia geral de P&D e, após sua saída da categoria, os recursos atualmente comprometidos com as corridas serão empregados em outro lugar. Além disso, os engenheiros que trabalharam no projeto da F1 podem aproveitar a experiência que adquiriram na elite do esporte a motor.

O que a Red Bull fará quando a Honda for embora?

A Red Bull deixou claro que ainda não tem um contrato de unidade de potência para nenhuma de suas equipes para 2022 e além, o que não é uma surpresa, já que a decisão da Honda acaba de ser tomada - com a notícia chegando apenas algumas semanas depois que todas as equipes atuais assinaram o novo Pacto de Concórdia, acordo comercial segundo o qual os times ficam na F1 até 2025.

As opções óbvias para Red Bull e AlphaTauri são as três fabricantes atuais de unidades de potência. No entanto, a partir do próximo ano, a Mercedes estará fornecendo motores para três equipes (McLaren, Aston Martin e Williams). Já Ferrari continuará fornecendo para duas equipes (Alfa Romeo e Haas) e a Renault apenas para si mesma.

O regulamento da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) tem uma cláusula destinada a ajudar as equipes que ficam sem um parceiro de motores, obrigando o fabricante com o menor número de parceiros a intervir, o que coloca os holofotes na Renault.

A Red Bull usou a potência da Renault por 12 temporadas entre 2007 e 2018, vencendo quatro campeonatos mundiais de pilotos e construtores entre 2010 e 2013. No entanto, o relacionamento se deteriorou na era dos motores híbridos. No final da colaboração, foram parceiros ‘relutantes’, com as unidades da Red Bull rebatizadas com o nome da patrocinadora TAG Heuer.

Um reencontro seria estranho para ambos os lados, especialmente se for imposto pelas regras.

As únicas outras opções da Red Bull são atrair um novo fornecedor ou financiar seu próprio projeto, ideia que ela mesma rejeitou no passado.

A empresa austríaca tem uma longa relação com o Grupo Volkswagen. A gigante alemã, que possui as marcas Audi, Porsche e Lamborghini, observa a F1 de perto há muitos anos. No entanto, sua alta administração nunca se comprometeu com um envolvimento na categoria na história recente.

Com menos de 18 meses para a primeira corrida de 2022, seria quase impossível ter um novo projeto em um nível totalmente competitivo.

Qual é a história da Honda na Fórmula 1?

A Honda teve quatro épocas distintas de envolvimento na F1, sendo a atual a segunda mais bem-sucedida.

O primeiro capítulo foi com uma equipe de fábrica japonesa que competiu de 1964 a 1968, com duas vitórias.

Após uma ausência de 15 anos, a Honda voltou à F1 na era turbo em 1983, inicialmente com a pequena equipe Spirit, antes de se juntar à Williams e depois à Lotus. Nelson Piquet venceu o campeonato pela Williams em 1987.

Uma parceria famosa com a McLaren começou em 1988. Mais quatro títulos se seguiram com Ayrton Senna (1988, 90 e 91) e Alain Prost (1989) antes que a Honda se retirasse da F1 pela segunda vez no final de 1992.

A Honda voltou à F1 em uma posição oficial com a equipe British American Racing em 2000, enquanto também desfrutava de uma breve aliança com a Jordan.

A BAR foi rebatizada como uma equipe de fábrica da Honda em 2006. Naquele ano, Jenson Button venceu o GP da Hungria - o único sucesso da terceira era da Honda. Mas, no final de uma difícil temporada 2008, a montadora saiu da F1, citando razões econômicas.

A estrutura da equipe sobreviveu com o advento da Brawn GP e venceu a temporada 2009 com motores Mercedes, sendo posteriormente comprada pela marca alemã, que hoje domina o esporte a motor.

A Honda foi atraída de volta à F1 pelas novas regras do motor turbo híbrido V6. No entanto, o retorno com a McLaren em 2015 foi tenso e três difíceis temporadas de baixa confiabilidade e um desempenho medíocre resultaram apenas em um quinto lugar como melhor colocação em uma corrida.

Mas, em 2018, a Toro Rosso conquistou a quarta posição apenas em sua segunda corrida com a nova parceira, provando que a Honda começava a fazer progressos reais. No ano seguinte, começou a parceria também com a Red Bull.

Max Verstappen garantiu o primeiro pódio da Honda na era V6 para a RBR ao terminar em terceiro na abertura da temporada na Austrália em 2019. Ele então obteve a primeira vitória na Áustria, somando mais dois sucessos na Alemanha e no Brasil.

Em 2020, Verstappen venceu a corrida de 70 anos da F1 em Silverstone e, tendo registrado uma série de pódios, a RBR atualmente está em segundo lugar no campeonato de construtores.

Além disso, no mês passado, Pierre Gasly obteve um sucesso surpreendente com a renomeada equipe AlphaTauri no GP da Itália. Foi a 77ª vitória da Honda em um Grand Prix da F1.

A Honda enfatizou que, até sua saída da F1, continua totalmente comprometida com a categoria e com mais sucessos na temporada de 2021.

Red Bull RB16

(Temporada 2020)

Red Bull Racing-Honda RB16
Motor: Honda
Combustível: ExxonMobil
Pneus: Pirelli

Pilotos:

33 - Max Verstappen

23 - Alexander Albon

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