Ricciardo elogia jogos da F1 e diz que estão "cada vez mais próximos da realidade"

Australiano já "desprezou" qualquer comparação entre os eletrônicos e a vida real, mas mudou sua mentalidade com a evolução da tecnologia

Daniel Ricciardo, McLaren

Daniel Ricciardo, McLaren

Steven Tee / Motorsport Images

Daniel Ricciardo adora os jogos oficiais da Fórmula 1 desde que o primeiro do PlayStation estourou em cena em 1995. Nomes de pilotos da vida real, o comentário icônico de Murray Walker, mapeamento de pista sofisticado (para a época) e modelos de carros ajudaram a garantir que o jogo se tornasse um clássico best-seller.

Apesar dessas características, tudo mudou tremendamente ao longo dos anos, com o último game (F1 2021) atingindo novos picos. Por muito tempo, a opinião de Ricciardo sobre corrida simulada não mudou muito. Para ele, ainda eram apenas jogos.

Leia também:

A marcha da tecnologia e os novos níveis de realismo oferecidos pelos títulos de corrida de simulação serviram para mudar um pouco as percepções do australiano. Ele viu como os melhores pilotos de jogos usaram sua habilidade para as corridas do mundo real e também observou a geração mais jovem da F1, como Max Verstappen e Lando Norris, se beneficiando de suas experiências online.

Misture isso com o foco crescente da categoria em simuladores, aliado às restrições cada vez maiores nos testes da vida real para se manter afiado na corrida. Não é de se admirar que a mentalidade de Ricciardo tenha mudado.

Agora, ao considerar a compra de um simulador doméstico pela primeira vez, ele acredita que o jogo está em um nível em que também pode ganhar com isso.

"No início pensei que era apenas algo divertido para passar o tempo, mas definitivamente vejo que há um pouco mais do que isso", disse ao Motorsport.com. "Alguns dos pilotos 'eletrônicos' foram capazes de transferir suas habilidades para um carro real e isso foi surpreendente. Falamos sobre o F1 1995, isso era muito diferente do que temos agora."

“Então, por um tempo, minha mentalidade era: 'ah, é apenas um jogo'. Agora me indago o que posso aprender com ele", acrescentou.

O que o australiano imagina que pode especialmente ganhar com as corridas de simulação é se manter focado e mentalmente preparado para os momentos da vida real quando tem que entregar.

"O maior desafio para todos nós, pilotos da Fórmula 1, é que temos poucas chances a cada fim de semana de colocar um novo jogo de pneus e fazer a volta perfeita", reiterou Ricciardo. "Às vezes, há três semanas entre as corridas e, no final da temporada, dois ou três meses."

"É uma loucura para um esporte que é tão preciso e há tanta tecnologia envolvida. É difícil para qualquer um ser perfeito, porque simplesmente não obtemos a quilometragem."

"Aí é que eu definitivamente tenho a mente mais aberta. Eu sempre gostei dos simuladores de F1, mas nos últimos seis a 12 meses, foi sobre conseguir aquelas repetições de volta."

"Eu acho muito importante, ainda que o carro não seja o mesmo. Poderia até ser um GT, por exemplo, é sobre se colocar naquele ambiente do tipo: 'ok, agora é a volta, eu tenho que acertá-la.' É um pouco uma coisa mental, de colocar a pressão sobre si mesmo", completou.

Daniel Ricciardo's McLaren in F1 2021

Daniel Ricciardo's McLaren in F1 2021

Photo by: Codemasters

Comparações com a vida real

Como embaixador do F1 2021, Ricciardo teve a oportunidade de obter algumas experiências de perto com o jogo mais recente - e falar diretamente com os desenvolvedores da Codemasters. Isso o deixa perfeitamente posicionado para comparar como o game se compara com suas experiências do mundo real: seja em um GP ou um simulador moderno.

Ninguém tem a ilusão de que os eletrônicos são capazes de recriar as sensações físicas que os carros da vida real proporcionam aos seus pilotos. No entanto, o australiano acredita que, em áreas mais sutis, são capazes de imitar muito bem alguns aspectos.

"Se eu voltar um pouco no tempo, mesmo em lugares como zebras e grama, tudo era muito plano", disse ele. "Através do controle, você não levaria nenhum choque ou quicaria em um meio-fio. Todas as faixas pareciam iguais e não capturavam realmente as ondulações e coisas assim, então há muito mais sensação agora."

Os modelos físicos também melhoraram muito e agora estão muito mais alinhados na maneira como os pilotos são forçados a perseguir o tempo da volta.

"Há muito mais resposta através do carro com deslizamento", acrescentou Ricciardo. "Você pode pegar um pouco mais, enquanto antigamente se fosse o que eu chamaria de 'arcade', você iria de 100% a zero de aderência, então não havia percepção."

“Eu acho que, também na F1, muito tempo de descanso que encontramos na pista é na saída. Se você puder acelerar mais cedo, com a tração traseira, você terá tanta potência que seu tempo de volta se acumula em algo obviamente veloz."

"Com os videogames, muitas vezes você costumava conseguir frear tarde e usar algumas das assistências. Acho que agora o tempo da volta e como ir rápido se correlaciona com a pista. Estamos meio lentos na entrada, na saída rápida, acho que é assim que vou conseguir os melhores tempos. Então, mesmo desse ponto de vista, ficou mais realista."

No entanto, jogos como F1 2021 agora se comparam aos simuladores da vida real que as equipes usam? Ricciardo é claro: "Estão cada vez mais perto".

"Existem coisas como mapas de circuito que são subestimados em quão perto a pista pode parecer estar e senti-la. É aí que os simuladores são quase perfeitos porque as equipes podem fazer todas as medições e obter as elevações, curvas e assim por diante. Os jogos percorreram um longo caminho e acho que estão muito próximos, eu diria, da maioria dos traçados."

"Acho que, mesmo com coisas como travar roda, tração e todo esse tipo de coisa, é difícil colocar em termos percentuais, mas eu sempre disse que, se os simuladores são talvez 80% reais em comparação com o carro, os jogos em casa costumavam ser cerca de 30%. Agora, estão bem acima de 50%."

Simulação e vida real

Embora Ricciardo tenha se convertido aos benefícios (e à diversão) que podem ser obtidos nas corridas de simulação, há outras figuras do automobilismo que não compartilham de seu entusiasmo.

Recentemente, o produtor de cinema e engenheiro automotivo James Glickenhaus causou um rebuliço na comunidade quando um tweet que ele postou foi interpretado como uma cavada contra o mundo virtual das corridas.

 

"A bandeira tremula em pistas de corrida reais, onde carros de corrida reais competem com outros em corridas reais. Tudo além disso é besteira sem sentido."

Embora o engenheiro posteriormente tenha esclarecido que seus comentários eram em referência a um fabricante rival de hipercarros em vez de contra as corridas simuladas, isso já havia alimentado o debate sobre se qualquer coisa que não fosse real não importaria.

Questionado se compartilhava dessa opinião, Ricciardo disse que talvez tenha havido um tempo em que ele menosprezou a modalidade, mas agora as coisas são muito diferentes.

"Vou ser franco com você assim - no início, eu também era assim porque correr, digamos, as coisas reais, é o que eu fiz toda a minha vida", explicou. "Obviamente tenho meu orgulho nisso, e você sabe que se bater em uma parede, dói. Já o simulador não dói. Então eu acho que há orgulho ali ou algo assim."

“Agora que vimos alguns pilotos dos eletrônicos irem para carros e realmente mostrarem promessa, talento e habilidade me faz não os reduzir como se fossem apenas uma espécie de idiotas jogando em casa. Eu acho que definitivamente há alguma técnica e esforço colocados nisso. Portanto, eu certamente respeito isso e serei honesto, me surpreendeu como podem ser bons."

"Mesmo se não pularem em um veículo real, eu acho ficariam bem. A grande questão é o medo, eles podem colocá-lo de lado e saber que tal parede pode doer ou algo assim?"

"No entanto, acho que do ponto de vista da habilidade, é impressionante."

Há também um fator realmente importante que Ricciardo diz que não pode ser derrotado nos jogos modernos: a chance de jogar "com ele mesmo".

"Eu corro em meu nome na F1, mas também me seleciono no jogo", brincou. "Eu sei como era divertido quando pequeno. Acho que qualquer criança ao redor do mundo poderia ter esse jogo em sua casa e dizer: "ah, Daniel Ricciardo! Eu quero jogar com ele hoje. Por mais bobo que pareça, é muito legal!”

Daniel Ricciardo in F1 2021

Daniel Ricciardo in F1 2021

Photo by: Codemasters

Pietro Fittipaldi fala sobre reais chances na F1, além de Indy, Stock Car e estreia na Porsche Cup

Assine o canal do Motorsport.com no Youtube

Os melhores vídeos sobre esporte a motor estão no canal do Motorsport.com. Inscreva-se já, dê o like (joinha) nos vídeos e ative as notificações, para sempre ficar por dentro de tudo o que rola em duas ou quatro rodas.

PODCAST: Qual piloto merece uma segunda chance na F1?

 

SIGA NOSSO PODCAST GRATUITAMENTE:

Be part of Motorsport community

Join the conversation
Artigo anterior F1: AlphaTauri fala de alternativas a Gasly e Tsunoda para 2022
Próximo artigo F1: Ferrari avalia ano de Schumacher e fala sobre seu futuro

Top Comments

Ainda não há comentários. Seja o primeiro a comentar.

Sign up for free

  • Get quick access to your favorite articles

  • Manage alerts on breaking news and favorite drivers

  • Make your voice heard with article commenting.

Motorsport prime

Discover premium content
Assinar

Edição

Brasil