Após uma grande espera, o dia da estreia de Fernando Alonso no Dakar está prestes a chegar. Neste domingo, o espanhol começará a enfrentar um dos maiores desafios de sua vida.
À frente, mais de 7.500 quilômetros em um ambiente desconhecido, para alguém como ele, acostumado a autódromos. Apesar da pouca experiência, o espanhol é um dos principais focos da edição de 2020.
"Sempre há grandes expectativas no que quer que eu faça, seja uma corrida de kart, um rali ou uma prova de 24 horas", disse Alonso nesta sexta-feira. "Vamos tentar nos divertir, para que ninguém fique desapontado. As pessoas entenderão que nesta disciplina existem grandes pilotos, marcas e lendas."
O bicampeão da F1 diminuiu as expectativas na véspera de sua estreia.
"Você precisa ser realista, conhecer as limitações de cada um. As condições, as pistas, tudo muda muito. É preciso enfrentar tudo com seriedade máxima porque não há espaço para erros", disse ele.
A presença de Alonso gerou todos os tipos de reações, mas o piloto ressalta que ele leva essa aventura muito a sério e que não veio a passeio.
"Não faço nada para provar algo, faço por diversão. Se eu puder fazer um bom Dakar e ser rápido no cross country ou nos carros de rali, ainda tenho pouco a provar. Deixe outro vir e ganhar tudo o que ganhei e então que seja rápido no cross country", disse ele.
"Eu não venho para marketing, não preciso disso. Gostaria de me divertir mais em outra disciplina. Isso é algo totalmente novo e fora do que você controla. Não é um show. O semáforo se apaga e você compete contra os melhores de uma disciplina. Fico com os comentários que dizem que tenho bolas muito grandes", respondeu ele.
Se autodescartando da luta pela vitória, Alonso coloca um nome acima do resto como candidato à vitória.
"O meu favorito é Nasser [Al Attiyah]. Ele tem o carro muito na mão e conhece esta área do mundo, Yazeed [Al Rajhi] também vai muito rápido. Depois, há Carlos [Sainz] e [Stephane] Peterhansel. Eles são os mais rápidos. Mas eles também estavam no Marrocos e venceram [Giniel] De Villiers. Assim é essa disciplina."
No momento, Alonso não definiu um objetivo, além de terminar o rali e prefere deixar os dias passarem para ver como se sai.
"Vai depender da dureza do rali. Em condições de ritmo puro, pode ser lógico estar entre 10º e 15º. Se o Dakar for duro e eu passar por esses obstáculos, será mais fácil ganhar posições. Não vou saber até que várias etapas passem. A principal preocupação é tentar terminar”, completou.
Relembre como foi o 2019 de Fernando Alonso
O time do Cadillac #10, formado por Renger Van Der Zande, Jordan Taylor, Fernando Alonso e Kamui Kobayashi, se classificou na sexta posição para o grid de largada.
Em seu primeiro turno de pilotagem, Alonso assumiu o carro na quinta posição e superou um a um os adversários para assumir a liderança e ainda abrir 21s de vantagem para o Konica Minolta Cadillac #10
Sob forte chuva, o espanhol acelerou para retomar a liderança da prova em seu segundo turno ao volante do Cadillac #10. Ele ainda abriu 55s de vantagem para o segundo colocado.
Em seu terceiro e último turno, Alonso assumiu o volante na segunda posição e se aproveitou de um erro de Felipe Nasr para retomar a ponta e cruzar a bandeirada em primeiro.
Foi a primeira vitória do Príncipe das Astúrias em Daytona. Em 2018 ele havia abandonado a corrida com problemas mecânicos depois de largar na 13ª posição.
Em fevereiro a McLaren anunciou que o espanhol assumiria um cargo de embaixador da marca e que testaria o carro de 2019 em algum momento da temporada
Em abril, Alonso assumiu o volante do carro da equipe de Woking e apoiou o time nos testes de pneus da Pirelli
O espanhol deu 64 voltas no primeiro dia de treinos e mais 69 no segundo, acumulando quilometragem e ajudando a equipe a compreender melhor a próxima geração de pneus da marca italiana.
Como o objetivo da equipe avaliar os novos compostos, os tempos de volta foram considerados pouco relevantes.
Depois da experiência, o espanhol afirmou que se considerava o melhor piloto do mundo.
Em 2018 os pilotos do carro #8 da Toyota, Fernando Alonso, Kazuki Nakajima e Sebastien Buemi já haviam conquistado vitórias em Spa e Le Mans, além de dois segundos lugares, no Japão e na China. Em Sebring, largaram na pole.
E os pilotos do carro #8 não deram margem aos rivais e venceram a corrida em Sebring, em março.
Na corrida seguinte, o trio de Alonso, Buemi e Nakagima voltou a vencer, desta vez nas 6 Horas de Spa.
Foi a segunda vitória consecutiva de Alonso e seus companheiros no circuito Belga.
Poucos dias antes da vitória, Alonso e Toyota confirmaram que o piloto deixaria a equipe após o término da temporada.
Alonso e seus companheiros chegaram à etapa final do campeonato, em Le Mans, com situação confortável na briga pelo título.
Por já ter vencido a prova em 2018, Alonso afirmou que a prioridade seria garantir o título ao invés de brigar pela vitória.
Depois de partir da segunda posição, o trio formado por Alonso, Buemi e Nakajima conseguiu superar os rivais da Toyota nas últimas horas da prova para garantir a segunda vitória consecutiva na lendária prova.
Com a segunda vitória em La Sarhte, o espanhol se tornou o primeiro piloto na história a vencer duas vezes em Mônaco e em Le mans, superando Tazio Nuvolari, Bruce McLaren e Jochen Rindt e Maurice Trintignant.
Com duas vitórias em cada uma das provas lendárias da Eurpa, Alonso precisa 'apenas' de uma vitória na Indy500 para se tornar o segundo piloto na história a conquistar a tríplice coroa, feito alcançado apenas por Graham Hill entre 1963 e 1972.
Em 2017, Fernando Alonso chegou a liderar as 500 milhas de Indianápolis, mas su motor Honda falhou e ele abandonou a prova. Mesmo assim, ele foi premiado como melhor novato da corrida.
Em sua segunda tentativa, a McLaren fez uma parceria com a Carlin e construiu um carro exclusivamente para que Alonso competisse na prova.
No entanto, após um acidente nos treinos livres em Indianápolis, a equipe teve problemas de logística e não conseguiu entregar um novo volante a tempo para o espanhol e acumulou diversos problemas.
Somando-se às falhas da McLaren, Alonso não foi rápido o suficiente para se classificar entre os 30 melhores que garantiram acesso direto à corrida e precisou disputar uma espécie de repescagem, na qual também saiu derrotado, o que resultou na não participação do espanhol na corrida.
Após o fracasso de piloto e equipe, Gil de Ferran, diretor esportivo da McLaren, pediu desculpas ao espanhol pelas trapalhadas da equipe em Indianápolis.
Mas 2019 não se resumiu à corridas no asfalto. Alonso começou em março uma série de testes com a Toyota, de olho em uma participação no Rally Dakar de 2020.
Após a primeira experiência, Alonso disse ter gostado de pilotar um carro de rali.
Apoiado pela fabricante japonesa, Alonso afirmou que todas as experiências fora da F1 eram mais do que apenas diversão.
Depois das primeiras impressões positivas de Alonso, a Toyota elaborou um plano de testes e competições para o espanhol se preparar para Dakar.
Um momento de grande 'tensão' para o espanhol foi sua experiência com as dunas do Namíbia, onde disse ter ficado chocado com o tamanho do desafio.
Depois da experiência no Namíbia, o espanhol participou de sua primeira prova, a Lichtenberg 400, na África do Sul, onde completou a prova, mas não foi classificado por ter perdido muito tempo após capotar e danificar seu para-brisa.
Em Lichtenberg, Alonso formou dupla com Marc Coma, pentacampeão do Dakar como piloto de motos. Espanhol, Coma será co-piloto do asturiano.
Em seguida, a dupla Alonso-Coma participou do Rally do Marrocos. No primeiro dia, o Toyota dos espanhóis sofreu com furos nos pneus e ficou para trás. Na sequência, entraram no top-10, mas o terceiro dia foi o pior, com a dupla precisando abandonar.
No último evento de preparação antes do Dakar, na Arábia Saudita, Alonso e Comas chegaram ao pódio pela primeira vez, comum terceiro lugar no rally Al Ula-Neom. A evolução do espanhol surpreendeu o experiente time da Toyota, que ficou empolgada para a lendária prova.
Dias depois de chegar em terceiro na Arábia Saudita, Alonso participou de evento promocional da Toyota na Argentina, onde a marca japonesa oficializou sua participação na Stock Car 2020.
Alonso guiou o carro da Toyota do Super TC 2000, competição argentina similar à Stock Car. Uma das celebridades a dar voltas ao lado do espanhol, foi Matías Rossi, astro da categoria que estará na Stock Car em 2020.
Alonso deu várias voltas com o carro da Toyota no circuito argentino e impressionou por sua velocidade com o carro que havia acabado de conhecer.
Em entrevista ao Motorsport.com, Alonso disse que não descarta participar de corridas da Stock Car no futuro, apontando conhecer a categoria através de Rubens Barrichello e Nelsinho Piquet.
Na esteira da declaração de Alonso, o chefe da Stock Car, Carlos Col, afirmou que a categoria tem interesse em trazer o espanhol para a corrida de duplas, que voltará a fazer parte do calendário da categoria em 2020.