Análise

Análise: a F1 ainda é categoria ideal para montadoras?

Com a concorrência de categorias como a Fórmula E e o mundial de Endurance cada vez mais fortes, Kate Walker questiona se a Fórmula 1 ainda é atrativa para as montadoras

Fernando Alonso, McLaren MP4-30

XPB Images

Scuderia Toro Rosso STR10
Rain drops on a Ferrari logo
Jenson Button, McLaren MP4-30
Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W06
#8 Audi Sport Team Joest Audi R18 e-tron quattro: Lucas di Grassi, Loic Duval, Oliver Jarvis
Renault e.Dams
Fernando Alonso, McLaren Honda
Jaguar Formula E livery
Lucas di Grassi, ABT Schaeffler Audi Sport and Daniel Abt, ABT Schaeffler Audi Sport
Jaguar Formula E livery
Race winner Sébastien Buemi, Renault e.Dams
#7 Audi Sport Team Joest Audi R18 e-tron quattro: Marcel Fässler, Andre Lotterer, Benoit Tréluyer
Jaguar Formula E livery
2016 Audi R18
Vitaly Petrov, Renault F1 Team, lollipop
#1 Toyota Racing Toyota TS040 Hybrid: Sébastien Buemi, Anthony Davidson, Kazuki Nakajima, #2 Toyota Racing Toyota TS040 Hybrid: Alexander Wurz, Stéphane Sarrazin, Mike Conway

O esporte a motor é um negócio. Costumamos dizer que é um esporte – o nome diz isso, como se vê – mas desde a concepção, o motivo principal sempre foi o lucro, com a competição em um distante segundo plano.

Mesmo lá nos tempos em que o mundo era preto e branco, as fabricantes já tinham a noção de que os desafios de uma competição entre carros era uma maneira de impulsionar os negócios.

Afinal, com poucas opções para veicular anúncios das mercadorias produzidas além da mídia impressa, criar uma competição esportiva entre marcas era uma forma de atrair publicidade e cobertura jornalista sem muito esforço.

O velho ditado “vencer no domingo, vender na segunda-feira” nada mais é do que o resumo do conceito de utilizar o esporte a motor para desenvolver e anunciar um produto para o mercado consumidor.

F1 sob ameaça

Ao longo dos anos, a Fórmula 1 consolidou-se como a categoria em que o público vê o que há de mais moderno, tecnologicamente falando, no esporte a motor. Recentemente, no entanto, a soberania da F1 tem visto a aproximação da Fórmula E e do Mundial de Endurance.

Agora que a F1 não está mais sozinha quando se trata de tecnologia de ponta no esporte a motor, será que ainda faz sentido para as fabricantes estar na categoria?

A introdução das unidades de potência na F1 em 2014 deveria levar mais fabricantes para a categoria. Entretanto, exceto pela Honda – cujas dificuldades em 2015 dificilmente tornaram a categoria mais atraente – ninguém mais se juntou ao grid.

A Jaguar, que esteve na F1 entre 2000 e 2004, anunciou no mês passado o retorno ao automobilismo. Mas a fabricante escolheu a F-E, citando a tecnologia empregada na categoria como a razão para a escolha.

"Estamos na vanguarda da tecnologia. Ao longo dos próximos cinco anos, veremos mais mudanças no mundo do automóvel do que vimos nas últimas décadas. O futuro será baseado em estruturas leves, estar conectado o tempo todo e eletricidade. A F-E nos permite projetar e testar tecnologias em condições extremas", disse Nick Rogers, diretor de engenharia do Grupo Jaguar Land Rover. 

Competição acirrada

Atualmente, a F1 vive uma era dependente dos motores, enquanto vê o outrora desenvolvimento aerodinâmico cada vez mais reduzido a pequenos detalhes que pouco interessam à indústria automotiva.

As unidades de potência – com foco na economia de combustível e recuperação de energia – são relevantes para a indústria, mas a F1 agora compete com inovações oferecidas tanto no WEC quanto na F-E.

Se as três categorias oferecem retorno similar quando investido dinheiro em cada uma delas, mas duas são mais baratas para ingressar, a outra terá que oferecer mais benefícios do ponto de vista do marketing para seguir atrativa.  

Um campo em que a F1 ainda leva vantagem é o alcance de audiência, mas a F1 passou para a TV fechada em alguns países, o que certamente reduzirá os números da categoria.

Ainda assim, nem o WEC e nem a F-E possuem o mesmo alcance da F1 durante a temporada. A F-E é um Campeonato recém-nascido com uma audiência em crescimento, enquanto o WEC consegue audiência significativa com as 24 Horas de Le Mans, mas nenhuma das duas recebe a cobertura em tempo integral que a F1 possui nas páginas de esportes e de negócios.

Mas este aspecto também pode ser visto pelo lado positivo. As fabricantes que entram no WEC têm tempo para “esconder” as dificuldades técnicas enfrentadas nos primeiros passos no campeonato, já que o mundo além da mídia especializada só vira os olhos para o campeonato a partir de Le Mans.

A F-E ainda permanece como uma categoria de nicho, então o campo para desenvolvimento é bastante tranquilo, pois qualquer fracasso estará distante dos holofotes do público geral. 

Faca de dois gumes

Quando se trata de atrair o interesse das fabricantes, a F1 acaba sendo vítima do próprio sucesso. O esporte ainda atria as manchetes ao redor do mundo, o que pode ser ótimo se a marca vai bem, mas extremamente prejudicial se as coisas acabam dando errado – os problemas da Honda na temporada passada são prova disso.

Mas os problemas na pista não necessariamente influem fora dela, como bem prova a McLaren. Apesar das dificuldades na pista nos últimos tempos, a fabricante vai bem nas ruas, produzindo carros premiados e desejados. A Ferrari está próxima de ficar dez anos sem um título mundial, mas as vendas só crescem.

Tanto Ferrari quanto McLaren são marcas esportivas, que possuem as corridas no DNA. Qualquer pista de corrida sempre será um laboratório para desenvolvimento de novas tecnologias.

Para as fabricantes de carros mais acessíveis ao grande público, entretanto, tanto F-E quanto o WEC têm se provado mais viáveis e com o mesmo potencial para desenvolvimento de tecnologia para as ruas, ameaçando, portanto, a hegemonia da F1.

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