Análise

ANÁLISE: Nurburgring tornou os GPs de dois dias algo inevitável para o futuro da F1?

Apesar de muito criticado quando Ímola foi anunciado, boa parte do grid aprovou a mudança após o cancelamento da sexta em Nurburgring

Cars line up on the grid before the start of the race

Cars line up on the grid before the start of the race

Steven Tee / Motorsport Images

Em meio a conversas sobre uma possível mudança no formato dos finais de semana de GPs na Fórmula 1, o GP de Eifel da semana passada em Nurburgring ofereceu um "teste acidental" sobre como o futuro pode parecer.

As condições climáticas prometidas pela região de Eifel, conhecida como a "Sibéria alemã", chegaram na sexta, com a chuva e a neblina afetando fortemente Nurburgring.

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As condições eram tão ruins que o helicóptero médico não tinha condições de decolar, forçando o cancelamento dos dois treinos livres da sexta, resultando em um dia de muita espera para equipes, pilotos e fãs.

A melhora nas condições e um novo plano de ação da FIA garantiu que o terceiro treino livre fosse realizado, deixando os pilotos com apenas uma hora para se adaptarem a uma pista onde a F1 não corria desde 2013, condensando o fim de semana em apenas dois dias.

Um final de semana de dois dias já seria realizado em 2020, no GP da Emilia Romagna em Ímola, no final do mês, e seria o primeiro passo para o que pode se tornar a nova forma da F1. Os pilotos terão apenas uma sessão de 90 minutos no sábado para se acostumar com a pista e fazer os ajustes para classificação e corrida.

A mudança de formato dividiu opiniões no paddock da F1 inicialmente. Max Verstappen disse que agosto que era estúpido fazer apenas uma sessão de treino livre para o que seria, essencialmente, uma pista nova para a categoria, e questionou porque isso não foi adotado nas segundas provas das pistas que receberam duas corridas, como Áustria e Silverstone.

Mas com cada vez mais nomes da F1 passando a apoiar a ideia, esse formato de dois dias se torna inevitável para o futuro?

Ter apenas uma sessão de treinos em Nurburgring não fez muita diferença na ordem do grid. Na classificação, a Mercedes conseguiu fazer a primeira fila, com Verstappen em terceiro. Mesmo assim, a falta de oportunidade de analisar todos os dados tirados das sessões de sexta significou que a equipe alemã não foi tão "perfeita" como vemos normalmente.

"Sem dúvidas, quanto mais treinos você tem, mais acerta os detalhes", disse Bottas. "Especialmente na sexta, você tem toda a noite para olhar tudo e aprender sobre o carro e o piloto. Com mais treino, seríamos mais rápidos".

"Mas, honestamente, em um final de semana tradicional, acho que treinamos demais. Todos encontram seus ajustes, mas com um pouco menos de treinos, talvez algumas equipes acertem os ajustes e outros pilotos não".

Esse tipo de imprevisibilidade e perigo acrescido para pilotos é algo que muitos verão como um bônus. Um piloto que perdeu com o pouco treino na Alemanha foi Alex Albon, que se classificou em quinto no grid, perdendo para a lenta Ferrari de Charles Leclerc no Q3.

"Não fiquei tão feliz com minha volta em comparação a quando fazemos TL1 e TL2", reconheceu, mas explicou como que os pilotos mais jovens, que acabaram de chegar na categoria, estão acostumados à falta de quilometragem.

"Se você parar para pensar, especialmente para pilotos da F2 e da F3, é mais ou menos o que fazemos. Não é tão diferente. Apenas significa que você precisa ser mais rápido na sessão, não pode perder tempo".

"Eu me senti bem, gostei. Mal posso esperar para fazer o mesmo em Ímola".

Já o vencedor Lewis Hamilton disse que a falta de treinos na sexta fez sua busca pela vitória "mais desafiadora", mas disse que "ficou feliz por não ter que correr na sexta".

"Seriam 22 dias a menos de 20 carros correndo pela pista poluindo o ar, o planeta, então é positivo. Mas acho que isso torna tudo mais difícil para nós. Normalmente, temos duas sessões na sexta, com tempo para fazer vários ajustes, e você tem tempo de resolver problemas".

"Quando você começa no sábado, não tem tempo. É apenas uma sessão para acertar tudo. Tornou tudo mais desafiador".

O piloto da Haas, Kevin Magnussen, sentiu que um dia a menos também tira vantagem das equipes maiores, que tem recursos para se debruçar sobre todos os dados da sexta.

"As equipes da ponta teriam um carro mais próximo das demais. Mas, como piloto, acho que nós podemos fazer a diferença. Se você é bom em adaptação, pode ter uma vantagem".

Com a F1 buscando reduzir a grande diferença de performance entre as equipes através do teto e do novo regulamento, cortar os finais de semana para dois dias pode ser um modo efetivo de ajudar a obter o desejado.

O chefe da Mercedes, Toto Wolff, ecoou a crença de Magnussen de que isso pode ajudar a nivelar mais o grid, premiando "a equipe mais adaptável e inovadora", e disse que apoiaria caso isso chegasse a ele para votar.

"Obviamente envolve também os promotores, já que eles vendem ingressos para a sexta, já que muitas pessoas não conseguem bancar o pacote do fim de semana, podendo ver os carros na sexta. É algo que precisa ser considerado".

Um corte para dois dias resultaria em mudanças aos acordos existentes entre circuitos e a F1, com a redução das taxas por ser um evento menor.

Por outro lado, a compensação para isso seria a possível expansão do calendário, algo desejado pela Liberty Media desde que assumiu a F1. 25 provas seria o objetivo ideal para eles, e isso cria medo no paddock pelo esforço que seria às pessoas.

A versão revisada de 2020 tem sido particularmente brutal, com três rodadas triplas, nove corridas em 11 semanas no início da temporada, e foi aceita para este ano pela situação excepcional, mas não como uma base para o futuro.

Agora, se a F1 quer tornar os finais de semana de dois dias como algo credível e possível para o futuro, precisa vender isso como uma redução no fardo para o paddock. Apesar de não poder ser levado a extremos, já que cada fim de semana ainda envolve viagens e dias de ajuste, pode tornar um calendário de 25 corridas mais factível.

Mais corridas resultariam em mais taxas de eventos, podendo compensar a perda das taxas referentes à perda das sextas.

"Pode ser uma oportunidade", disse Daniel Ricciardo. "Seja mais corridas ou apenas mais tempo de preparação fora da pista com treinamento ou outros compromissos. Alguns finais de semana são arrastados, então com dois dias pode ser legal. Mas em lugares legais como Austin, precisamos de finais de semana de cinco dias!".

Se o formato de Ímola era visto como um teste para o futuro da F1 agora, por acidente, acabará sendo uma contraprova graças à sexta de neblina em Nurburgring. Pelo menos uma vez, o tempo ruim pode acabar trabalhando a favor da F1, ajudando a definir a cara da categoria no futuro.

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