Análise

ANÁLISE: O que os testes de Barcelona revelaram sobre os carros da F1 2022?

Máquinas do novo regulamento foram à pista na pré-temporada e apresentaram aspectos interessantes, incluindo o inesperado 'porpoising'

George Russell, Mercedes W13

Foto de: Erik Junius

Os três dias de testes em Barcelona forneceram aos pilotos e equipes de Fórmula 1 uma primeira visão adequada de como os carros de 2022 se comportam na pista. Foi uma sessão fascinante, principalmente pelo surgimento inesperado do fenômeno porpoising, algo que, apesar de todo o trabalho de modelagem realizado, aparentemente não estava previsto.

Isso foi um dos principais tópicos de conversa durante a semana, e é provável que continue assim enquanto a F1 se prepara para o começo da temporada.

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Agora, nós olharemos para algumas das lições aprendidas sobre esta nova geração de carros.

Os carros da F1 2022 são divertidos de dirigir?

Fernando Alonso, Alpine F1 A522

Fernando Alonso, Alpine F1 A522

Photo by: Erik Junius

Os pilotos não tinham certeza do que esperar antes de testarem seus novos carros e os pneus de 18 polegadas em Barcelona, ​​com o aumento do limite de peso sendo um motivo de preocupação.

No entanto, uma vez que eles experimentaram, deram feedback positivo sobre como se sentiram na pista. Além disso, também gostaram do desafio de tentar algo diferente e, assim, ter que ajustar sua abordagem no cockpit e, ao mesmo tempo, ajudar seus engenheiros a otimizar os novos pacotes.

"Devo dizer, eles são divertidos", disse Pierre Gasly. "No ano passado, me senti muito sortudo por termos conseguido experimentar o carro mais rápido da história da F1, então obviamente eles foram incríveis de pilotar."

"Acho que nosso ponto de partida em termos de desempenho não está tão longe do ano passado. Considerando todo o desenvolvimento que veremos no início da temporada e nos próximos meses, acho que teremos desempenhos muito semelhantes."

"Os carros são sempre divertidos de pilotar", comentou o tetracampeão Sebastian Vettel. "Lembro-me dos dias em que os carros eram significativamente mais leves. Essa é a única desvantagem: o peso. Acho que parecem muito pesados."

Os quilogramas eram tema em quase todas as respostas dos pilotos.

"Acho que com carros mais pesados ​​e menos downforce, eu provavelmente esperava um carro um pouco pior ou mais difícil de pilotar", disse Daniel Ricciardo. "No entanto, parece bem equilibrado até agora."

"Eu realmente gosto deste teste de pré-temporada", revelou Charles Leclerc. "O carro é completamente novo, então você precisa mudar seu estilo de pilotagem, e é muito interessante para nós, pilotos, tentarmos coisas diferentes."

Como o desempenho em uma volta se compara ao ano passado?

Sergio Perez, Red Bull Racing RB18

Sergio Perez, Red Bull Racing RB18

Photo by: Steven Tee / Motorsport Images

Ficou claro desde o início dos testes que os carros de 2022 são mais rápidos do que o esperado.

Exatamente o quão perto das voltas do ano passado eles estão no momento, é impossível julgar com o primeiro teste em Barcelona, ​​onde ninguém realmente forçou muito. Uma imagem mais precisa surgirá no Bahrein.

Então, de onde vem esse ritmo? Todos os pilotos elogiaram o desempenho de seus carros nas curvas de alta velocidade, onde o efeito solo realmente entra em ação.

"Acho que vimos todas as equipes serem muito mais rápidas do que os quatro segundos mais lentos esperados", disse o novo piloto da Mercedes, George Russell. "O desempenho em alta velocidade está definitivamente no mesmo nível do que vimos no ano passado. É bem impressionante."

O fato dos pilotos estarem entrando mais incisivamente em curvas rápidas foi um tema recorrente.

"Obviamente, em alta velocidade é super legal", disse Carlos Sainz. "Porque você está preso no chão e o carro está produzindo downforce, que parece consistente, é muito bom de guiar."

Os carros de 2022 serão melhores para ultrapassagens?

Guanyu Zhou, Alfa Romeo C42, Fernando Alonso, Alpine A522

Guanyu Zhou, Alfa Romeo C42, Fernando Alonso, Alpine A522

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

O consenso dos pilotos que conseguiram seguir os rivais em Barcelona foi que agora é mais fácil do que no passado, principal meta do regulamento de 2022.

O verdadeiro teste virá em condições de corrida, quando houver vários carros na fila e o DRS entrar em ação, mas os primeiros sinais são positivos.

"Tenho seguido alguns veículos e parece que é um pouco mais fácil se manter atrás", disse Max Verstappen. "Ao menos, você não tem essa estranha perda de downforce onde de repente surge oversteer ou understeer maciço."

"Claro, não espero que desapareça totalmente por causa das velocidades que ainda estamos alcançando em um carro de F1, mas tudo parece um pouco mais sob controle."

Leclerc fez a observação intrigante de que, à medida que se aproximava do carro da frente, a capacidade de seguir diminuía, antes de aumentar novamente quando estava logo atrás, colado.

"É bem interessante", disse o piloto monegasco. "Porque eu vou dizer que de três a um segundo atrás do carro da frente, você realmente pode seguir mais de perto. De um a cinco décimos, diria que é semelhante ao que víamos no ano passado."

"De cinco décimos a extremamente perto está muito melhor do que no ano passado. É interessante. Terei que fazer mais algumas voltas atrás de um carro, mas parece bom por enquanto."

No entanto, Russell observou que as novas máquinas não fornecem um vácuo tão poderoso quanto seus antecessores, sugerindo que pode não ser tão fácil configurar uma ultrapassagem.

"A capacidade de seguir foi melhorada", reiterou o britânico. "Mas o efeito do vácuo foi reduzido substancialmente, eu acho. Você obviamente precisa desse delta na reta para poder ultrapassar, porque só pode realmente tentar no final da reta, na curva."

"Eu fiquei bem atrás de Lando, estava um carro ou dois atrás dele, e mesmo assim não o alcancei nas retas. Então, isso foi um pouco preocupante."

As preocupações com a visibilidade se concretizaram?

Lando Norris, McLaren MCL36

Lando Norris, McLaren MCL36

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

No final da temporada passada, os pilotos que rodaram com os carros de 2022 em simuladores de equipe notaram que a visibilidade foi prejudicada por conta dos pneus dianteiros mais altos e dos defletores aerodinâmicos que ficam ao lado deles.

Essas preocupações foram percebidas assim que os carros definitivos começaram a entrar na pista para filmar dias antes do teste de Barcelona.

Os competidores, em geral, sentiram que se acostumariam com isso, enquanto alertavam que poderia ser particularmente complicado colocar o carro com precisão nas pistas mais apertadas.

"Os pneus são um pouco maiores, então a visibilidade é diferente", disse Verstappen. "Em um circuito, é um problema menor. Já em pistas de rua vai ser um pouco mais desafiador."

Ricciardo fez a observação interessante de que a postura mais baixa dos carros deste ano, sem a inclinação vista no passado, também afetou as linhas de visão do piloto.

"A visibilidade está um pouco mais complicada", comentou o australiano. "Basicamente, todos os carros deste ano são mais quadrados, mais planos."

"Isso muda nosso campo de visão. Basicamente, enxergamos menos ao nosso redor. É algo com o qual nos acostumaremos, mas não é tão bom no momento."

porpoising será um problema durante toda a temporada?

Charles Leclerc, Ferrari F1-75

Charles Leclerc, Ferrari F1-75

Photo by: Erik Junius

Em Barcelona, ​​todas as equipes sofreram, em maior ou menor grau, com o porpoising, condição que faz com os carros 'quiquem' em alta velocidade na reta dos boxes.

Para resolver isso, passaram grande parte do teste de três dias procurando maneiras de controlar o fenômeno através de modificações na altura do veículo ou ajustes aerodinâmicos.

O consenso entre os engenheiros parecia ser que a característica está embutida no conceito do carro de 2022.

Assim, pode levar algum tempo para resolver completamente o problema sem comprometer o desempenho geral, por exemplo, sendo obrigado a rodar os carros significativamente mais altos do que os valores ideais com os quais foram projetados para serem totalmente eficazes.

Controlar o porpoising em diferentes pistas com características não será necessariamente fácil, e o fato de as equipes não terem o antecipado após longos meses de trabalho em túneis e CFD indica que terão muito trabalho a fazer para modelá-lo com sucesso e assim abordá-lo.

"Ficamos um pouco surpresos, e acho que foi o caso de todas as equipes ou da maioria delas", disse o diretor técnico da Alfa Romeo, Jan Monchaux.

"Suspeito que vamos controlar isso com algumas modificações, principalmente no assoalho, que nos permitirão chegar um pouco mais perto do nosso ideal."

"Com o estado atual das regras, também creio que teremos que configurar [o carro] um pouco mais alto do que todos pensávamos no início. A questão será quanto: 3-5 mm ou 20mm? Espero que sejam cinco, porque então os ajustes serão menores."

O chefe técnico da McLaren, James Key, sugeriu que levaria algumas corridas para as equipes entenderem completamente os problemas.

"Tenho certeza de que é algo que todo mundo vai compreender. É muito visível, mas no final das contas, haverá soluções entre a configuração e o desenvolvimento aerodinâmico onde dará para descobrir como gerenciá-lo. Pensei que não seria um ponto de discussão antes das primeiras cinco ou seis corridas."

Quais são os desafios para os engenheiros?

Sebastian Vettel, Aston Martin AMR22

Sebastian Vettel, Aston Martin AMR22

Photo by: Motorsport Images

As equipes de F1 enfrentam muitos outros desafios enquanto tentam otimizar seus novos pacotes e tirar o máximo proveito dos pneus de 18 polegadas.

Os novos Pirellis não foram um tópico frequente de conversa em Barcelona, ​​mas provavelmente chamarão mais atenção à medida que a categoria se dirige para climas mais quentes e os pilotos começam a explorar adequadamente os limites de desempenho dos novos carros.

porpoising também pode ter contribubído para a falta de confiabilidade vista em todo o pelotão em Barcelona, ​​com vários carros sofrendo com problemas como escapamentos danificados e vazamentos. As equipes envolvidas terão que reforçar as coisas antes do Bahrein.

O fato de os carros andarem mais perto do solo do que seus antecessores cria outras preocupações, incluindo o risco de usar muito a prancha e, portanto, potencialmente sofrer uma penalidade, sem mencionar o risco óbvio de danos ao assoalho.

Otimizar a altura do carro em diferentes locais e em todas as circunstâncias é um dos principais desafios que as escuderias enfrentam.

Barcelona foi apenas o primeiro passo para o desconhecido. Agora, equipes e torcedores precisam esperar para descobrir como as coisas se desenrolarão no Bahrein.

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