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Ao TotalRace, Karun Chandhok traça um quadro do automobilismo indiano

Piloto fala sobre a situação no país que sediará o GP de domingo. Sem tradição na F1, Índia já conta com pilotos e equipe

Karun em 2011, no GP de Buddh

Ano passado Karun Chandhok pode ver dentro da pista a estreia de seu país como sede de um GP da Fórmula 1. Ele era piloto reserva da Caterham e pode guiar o carro em um dos treinos livres. Esse ano ele participará apenas como comentarista. Sem vaga na F-1, Karun está participando do Mundial de Endurance (WEC) e conversou com o TotalRace sobre o atual momento de seu país no automobilismo. Além de sediar um GP da categoria mais importante do mundo, a Índia conta com um piloto, Narain Karthikeyan e uma equipe, a Force India, no grid.

“Definitivamente existe uma certa empolgação na Índia em relação à F-1 e ao automobilismo. Temos mais crianças começando a correr de kart, mas ainda temos uma infraestrutura muito pequena, então precisamos construir para que as crianças possam cada vez mais tomar parte”, contou Chandhok. “Mas alguma coisa já está acontecendo. A Volkswagen começou um campeonato, a Toyota começou um campeonato. Renault também está começando. Falam também em Suzuki e Ford. As coisas estão melhorando e as crianças estão ficando animadas com o automobilismo”, explica o piloto da JRM Racing.

Para Karun, um dos principais problemas que afetam o automobilismo indiano é a pequena quantidade de pistas para um país tão grande. “Temos três circuitos apenas e um é muito pequeno. Então, temos mais dois: um, claro, é o que sedia a F1, em Nova Déli. O outro é no sul, em Chennai. É o mesmo problema que ocorre no Brasil são muito distantes um do outro. É um problema geográfico. De Chennai a Nova Déli, que fica no norte do país, são três horas de vôo. Então é muito complicado para as crianças. Elas precisam deixar a escola, fazer uma viagem longa e não podem ir sozinhas, então é preciso que os pais acompanhem. É um problema, acaba ficando muito caro”, analisa o ex-companheiro de Bruno Senna.

Para Chandhok, uma maneira de solucionar esse problema passa pelas montadoras que estão investindo no automobilismo do país.  “Não é fácil sair construindo pistas. São muito caras. O jeito de arrumar é ter mais montadoras cuidando da base, com programas de categoria-escola. O campeonato da Renault na Índia pode dar uma vaga para a Fórmula Renault Europeia, por exemplo. Porque este é o caminho. É como no Brasil. Um piloto para chegar à F-1, seja do Brasil, do Japão ou da Índia, precisa ir pra Europa. Foi assim comigo, com o Narain, com Nelsinho (Piquet), Bruno (Senna), Lucas (Di Grassi)...E sempre foi assim, desde Emerson”, argumenta.

Force India e GP de Buddh
De qualquer maneira, ainda com as dificuldades a Índia tem hoje um GP que teve muito sucesso em seu primeiro ano, uma equipe, coisa que países tradicionais, como o próprio Brasil, não vislumbram e dois pilotos que estiveram no grid nos últimos três anos. É muito para um país que não tinha nenhuma tradição neste esporte. Para Chandhok, ainda falta os próprios indianos acreditarem em seu potencial. A Force India, por exemplo, nunca contou com pilotos da casa.

“Não sabemos como será o futuro. De repente no ano que vem ou no outro, eu posso correr pra ele, vai saber? Mas até hoje nunca investiram em piloto da casa. Ninguém sabe bem a razão. O que eu vejo é que é o time do Vijay (Mallya), o dinheiro é do Vijay e ele faz o que quiser. Você não vai até a casa do outro dizer o que ele tem que fazer lá. É a mesma coisa, ele toma suas decisões. Seria legal se ele nos desse uma chance para testar. Se tivesse uma chance e fosse mal, eu diria adeus. Mas nunca tivemos nem uma chance para provar”, lamenta Karun.

Segundo o piloto, apesar da Force India ser uma equipe que soma pontos e já conquistou pódio e até uma pole, a relação com o público não é similar a dos italianos com a Ferrari. Pelo contrário, no país asiático, são os pilotos que chamam mais atenção. “Ano passado fizeram uma pesquisa sobre a cobertura da imprensa. E o resultado foi que Narain e eu ficamos iguais menções, enquanto a Force India teve a metade apenas de cobertura. Como se fosse 25% do total. É simples: a Ferrari é especial. Mas pensemos no resto do mundo: existem mais fãs do Jenson e do Lewis do que da McLaren. Ferrari é Ferrari, nada irá mudar isso. Mas nos outros países os pilotos têm mais torcida que os times. Porque os pilotos tem um rosto e um time não”, reflete.

Sobre o GP de Buddh, Chandhok espera que a segunda edição tenha tanto sucesso quanto a primeira, quando todos os ingressos foram vendidos e mais de 100 mil pessoas lotaram as arquibancadas. Ele não acha que ocorrerá o mesmo que houve com a Turquia, que perdeu seu GP após sete anos. “Espero que não. Uma diferença é que na Turquia não tinha público, desde as primeiras corridas. Lembro que estava na GP2 e cheguei a contar 30 pessoas na arquibancada na prova de domingo de manhã. Na Índia esteve sempre lotado, todos ingressos vendidos. Esse ano talvez seja diferente, no ano que vem também, quem sabe? Mas espero que não”, comparou. O piloto, no entanto, lembrou que, por ser um GP de investimento privado, é preciso que dê retorno para continuar.

“Vai depender do dinheiro. Na Índia o investimento vem do setor privado e não do governo, como acontece em quase todas as outras corridas. Então não dá pra saber até quando eles vão conseguir fazer isso ou se daqui um tempo vão decidir construir casas. Acho até que faz sentido o governo investir na F1, porque há muito retorno financeiro. Hotéis ficam lotados, restaurantes. Muita gente que não viajaria para lá, acaba indo só por causa do GP. Quem pensaria, por exemplo, em viajar de férias para Abu Dhabi ou Hungria? Mas na Índia o investimento foi do setor privado, então é preciso que dê  lucro”, enfatizou.

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