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Da perda da visão após acidente a um dos nomes mais influentes da F1: conheça a história de Helmut Marko

Nesta segunda-feira, o consultor da Red Bull Helmut Marko completa 77 anos; conheça sua trajetória pelo mundo do automobilismo

Helmut Marko, Consultant, Red Bull Racing

Foto de: Sam Bloxham / Motorsport Images

Helmut Marko é, sem dúvidas, um dos nomes mais respeitados no grid da Fórmula 1 e do automobilismo. Mas, para quem vê de fora, Marko, que completa 77 anos nesta segunda-feira, pode parecer uma pessoa que coordena a Academia da Red Bull com mãos de ferro, devido à suas constantes trocas de pilotos na Fórmula 1 durante a temporada.

Já para o mundo do automobilismo, ele não é apenas essa pessoa responsável pela dança das cadeiras. Ele também teve uma grande carreira em sua trajetória como piloto, que muitos podem desconhecer.

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Desde sua infância, Marko teve como um de seus melhores amigos outro nome do mundo do automobilismo: Jochen Rindt, morto em um acidente em Monza em 1970. De acordo com o biógrafo oficial de Rindt, David Tremayne, os dois garotos apostavam corridas de motoneta nas ruas, eram suspensos da escola juntos e viram também seu primeiro GP juntos, em Nurburgring em 1961. E, para ele, Rindt é o responsável por sua guinada rumo ao automobilismo.

"Jochen me infectou com a febre das corridas", disse Marko em entrevista ao site oficial da F1. "Nós sempre tivemos interesse nas corridas, mas eu não tinha a confiança em mim. Quando Jochen foi para a Inglaterra e obteve sucesso, eu pensei 'se ele pode, por que eu não?'. Eu e todos os austríacos que seguimos temos que agradecer a ele, porque ele abriu as portas".

Antes de se jogar de vez no automobilismo, Marko passou pela Universidade de Graz na Áustria, onde se formou em direito em 1967. Mas sua paixão real estava nas pistas.

Em 1970, Marko competiu pela primeira vez nas 24 Horas de Le Mans com um Porsche 908 e, de cara, venceu em sua classe. No ano seguinte, o austríaco voltou a competir em Le Mans e não apenas venceu, como foi o primeiro colocado geral da prova.

Marko também competiu em uma das provas clássicas do automobilismo: a Targa Florio, que era disputada na Sicília, na Itália. Na penúltima edição do evento, em 1972, Helmut obteve o recorde de volta da Targa, que nunca foi superado.

A bordo de um Alfa Romeu com motor V12, ele percorreu os 72 quilômetros do circuito, composto por trechos de montanha e ruas estreitas cortando pequenas cidades, com um tempo de 33min41s, tendo uma média de velocidade próxima de 128 km/h.

Seis semanas depois de seu feito na Targa, em julho de 72, Marko participou do GP da França de F1, em Clermont-Ferrand. Enquanto estava na pista, uma pedra atirada pela Lotus de Emerson Fittipaldi atingiu seu capacete e atravessou sua viseira. O incidente custou ao austríaco seu olho esquerdo, encerrando sua carreira como piloto que, na F1, durou apenas nove provas entre 1971 e 1972.

GALERIA: Relembre todos os carros da história da Red Bull na Fórmula 1

2005 : Red Bull Racing RB1, motor Cosworth
Pilotos : David Coulthard, Christian Klien e Vitantonio Liuzzi
2006 : Red Bull RB2, motor Ferrari
Pilotos : David Coulthard, Robert Doornbos e Christian Klien
2007 : Red Bull RB3, motor Renault
Pilotos : David Coulthard e Mark Webber
2008 : Red Bull RB4, motor Renault
Pilotos : David Coulthard e Mark Webber
2009 : Red Bull RB5, motor Renault
Pilotos : Sebastian Vettel e Mark Webber
2010 : Red Bull RB6, motor Renault
Pilotos : Sebastian Vettel e Mark Webber
2011 : Red Bull RB7, motor Renault
Pilotos : Sebastian Vettel e Mark Webber
2012 : Red Bull RB8, motor Renault
Pilotos : Sebastian Vettel e Mark Webber
2013 : Red Bull RB9, motor Renault
Pilotos : Sebastian Vettel e Mark Webber
2014 : Red Bull RB10, motor Renault
Pilotos : Daniel Ricciardo e Sebastian Vettel
2015 : Red Bull RB11, motor Renault
Pilotos : Daniil Kvyat e Daniel Ricciardo
2016 : Red Bull RB12, motor TAG-Heuer (Renault)
Pilotos : Daniil Kvyat, Daniel Ricciardo e Max Verstappen
2017 : Red Bull RB13, motor TAG-Heuer (Renault)
Pilotos : Daniel Ricciardo e Max Verstappen
2018 : Red Bull RB14, motor TAG-Heuer (Renault)
Pilotos : Daniel Ricciardo e Max Verstappen
2019 : Red Bull RB15, motor Honda
Pilotos : Alexander Albon, Pierre Gasly e Max Verstappen
2020 : Red Bull RB16, motor Honda
Pilotos : Alexander Albon e Max Verstappen
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Marko passou algum tempo afastado do automobilismo, se dedicando a outras atividades, mas a paixão pelo automobilismo se provou muito forte. Voltou a se envolver com esse mundo, como dono de equipes em diversas categorias, como as Fórmulas 2, 3 e 3000.

Nesse período, iniciou seu relacionamento com Dietrich Mateschitz. "Quando nos conhecemos pela primeira vez, ele não tinha orçamento para participar de nada, mas a Red Bull foi crescendo cada vez mais e a união parecia algo natural", disse Marko, em entrevista ao jornal britânico The Guardian.

"O primeiro passo foi a criação da Academia, que era uma grande chance para jovens pilotos. Aí tínhamos que colocá-los em algum lugar, e o passo natural foi comprar uma equipe de Fórmula 1. Logo percebemos que estar na F1 era uma coisa, mas ganhar era outra totalmente diferente, então mudamos nossa abordagem".

A Academia surgiu oficialmente em 2001 mas, dois anos antes, a dupla Red Bull - Marko já começava a dar seus primeiros passos no esporte a motor. Marko era dono de uma equipe, a RSM Marko, competindo em campeonatos de F3 e F3000, que passou a se chamar Red Bull Junior, tendo como pilotos os brasileiros Enrique Bernoldi e Ricardo Maurício.

O maior sucesso de Marko em seus anos como consultor da Red Bull certamente é Sebastian Vettel. O alemão foi notado pela Red Bull quando ainda tinha 12 anos e logo se tornou pupilo do austríaco, fazendo parte da Academia desde o seu início, em 2001.

"Era inacreditável - um menino de 15 anos falando para uma equipe estabelecida que vencer todas as corridas não era suficiente".

O trio Vettel - Marko - Red Bull produziu um dos maiores domínios da F1 das últimas décadas, vencendo quatro campeonatos consecutivos, tanto de pilotos quanto de construtores.

Além de Vettel, diversos outros pilotos passaram pela Academia da Red Bull, que é chefiada até hoje por Marko. Entre eles, os brasileiros Sérgio Sette Câmara, Igor Fraga, Pedro Bianchini e Ricardo Maurício. Entre os pilotos da F1, Vitantonio Liuzzi, Sebastien Buemi, Daniel Ricciardo, Jean-Éric Vergne, Alexander Albon e outros passaram pela mentoria de Helmut Marko.

Por mais que Marko diga que tenha se divertido bastante em sua época como piloto, ele afirmou que abordagem da Academia da Red Bull é bastante diferente, criando uma competição entre os integrantes, podendo ser o responsável pela imagem que o austríaco tem hoje no mundo da F1.

"Quanto mais você cuida deles, pior é. Eles precisam sobreviver", concluiu.

GALERIA: Relembre a histórica dança das cadeiras de Red Bull e Toro Rosso na F1

Pierre Gasly estreou na Red Bull em 2019, após boa temporada com a Toro Rosso.
Campeão da GP2 em 2016, o francês ficou a meio ponto de conquistar a Super Fórmula em 2017. Naquele ano, estreou pela Toro Rosso, substituindo Daniil Kvyat no GP da Malásia.
Depois de um bom 2018 com a Toro Rosso, Gasly foi promovido. Entretanto, o francês não convenceu na Red Bull e foi rebaixado para dar lugar a Alexander Albon a partir do GP da Bélgica. A troca é a última de uma histórica dança das cadeiras entre equipe principal e júnior na F1.
A primeira 'troca' do grupo aconteceu antes mesmo da criação da Toro Rosso. Foi em 2005, na primeira temporada da Red Bull. Companheiro do escocês David Coulthard, o austríaco Christian Klien foi substituído pelo italiano Vitantonio Liuzzi em quatro GPs na metade do ano.
Em 2006, na primeira temporada da Toro Rosso na F1, Liuzzi fez dupla com o norte-americano Scott Speed (direita). Na Red Bull, Coulthard seguiu tendo Klien como parceiro, mas o austríaco foi substituído pelo holandês Robert Doornbos a quatro provas do fim do ano.
No ano seguinte, o australiano Mark Webber foi contratado para correr ao lado de Coulthard na Red Bull.
2007 foi um ano cheio de mudanças na Toro Rosso. Speed deixou a equipe depois de um ano e meio, após discutir com o chefe da escuderia, Franz Tost, no GP da Europa.
Com a saída de Speed, um jovem chamado Sebastian Vettel assumiu a vaga. A então promessa alemã havia estreado pontuando com a BMW nos Estados Unidos. Vettel disputou as últimas sete corridas de 2007 com a STR, chegando em quarto na China, enquanto Liuzzi foi o sexto.
Na temporada seguinte, Coulthard e Webber seguiram como pilotos titulares da Red Bull.
Liuzzi deu lugar ao francês Sebastien Bourdais na Toro Rosso em 2008. Já Vettel conquistou sua primeira vitória, e a única da equipe, ao triunfar no GP da Itália.
Em 2009, Coulthard se aposentou e Vettel foi promovido.
Quem assumiu a vaga do alemão na Toro Rosso foi o suíço Sebastien Buemi, novo companheiro de Bourdais.
O francês, porém, não rendeu como o esperado e acabou substituído no meio da temporada. Quem assumiu foi o espanhol Jaime Alguersuari.
Alguersuari e Buemi foram companheiros por duas temporadas e meia, entre os anos de 2009 e 2011.
Para 2012, entretanto, a Toro Rosso dispensou a dupla. Os substitutos foram Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne. Buemi seguiu como piloto de testes na Red Bull e mais tarde rumaria para a Fórmula E, na qual tem um título. Alguersuari largou o automobilismo e hoje se dedica à carreira de DJ.
Em 2014, Webber se aposentou e foi substituído por Ricciardo na Red Bull.
Com isso, Kvyat assumiu o posto de piloto da Toro Rosso ao lado de Vergne.
Em 2015, Vettel foi para a Ferrari e foi substituído por Kvyat. Já Vergne foi dispensado e também foi para a F-E, na qual é o atual bicampeão.
Com as saídas de Kvyat e Vergne, Max Verstappen e Carlos Sainz assumiram as vagas da Toro Rosso. Eles foram companheiros durante um ano e meio.
Em maio de 2016, Verstappen foi promovido para a Red Bull e venceu logo em sua primeira corrida, na Espanha. Kvyat, em má fase, foi rebaixado para a Toro Rosso.
Em 2017, Ricciardo e Verstappen seguiram na Red Bull. Eles foram companheiros até o fim de 2018.
Kvyat conseguiu manter sua vaga na Toro Rosso em 2017, mas foi amplamente batido por Sainz. Gasly, então, assumiu a vaga do russo. Sainz se transferiu para a Renault antes do fim do ano, sendo substituído pelo neozelandês Brendon Hartley.
Hartley e Gasly se mantiveram na equipe em 2018. No fim do ano passado, porém, o anúncio da ida de Ricciardo para a Renault provocou novas mudanças.
Gasly foi o escolhido para a vaga do australiano, enquanto Hartley foi dispensado e foi para a Ferrari como piloto de simulador, antes de assinar pela Dragon na F-E e correr no WEC. Em seus lugares, a Toro Rosso contratou Albon e Kvyat, que recebeu nova chance na F1.
Na terceira passagem pela Toro Rosso, o russo conquistou o segundo pódio da história da equipe. Ele terminou em terceiro no GP da Alemanha. Não foi o suficiente, porém, para se credenciar a um retorno para a Red Bull.
A contratação de Albon pela Toro Rosso também teve suas complicações. Ele tinha acabado de assinar com a Nissan na F-E, mas voltou atrás para aceitar a proposta da STR.
O novato tailandês tomou o posto de Gasly na Red Bull a partir do GP da Bélgica, ao passo que o francês retornou para sua ex-equipe após 12 provas fracas pelo time principal.
Para 2020, a Red Bull manteve suas duplas de pilotos da temporada passada: Max Verstappen e Alexander Albon continuam com a Red Bull...
... enquanto Pierre Gasly e Daniil Kvyat continuam como uma dupla, só que agora na AlphaTauri, novo nome da Toro Rosso.
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VÍDEO: Os 5 pilotos da F1 que mereciam ter sido campeões e ficaram sem título

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