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EXCLUSIVO: Empresário revela que manobra de Briatore na hora H impediu Barrichello de substituir Schumacher na Benetton

Empresário do piloto revelou que dirigente italiano 'melou' ida do brasileiro para a equipe. Berger acabou contratado

Podium: Gerhard Berger, Ferrari second; Michael Schumacher, Benetton winner; Rubens Barrichello, Jordan third

Foto de: Sutton Motorsport Images

Piloto com mais GPs disputados na história da Fórmula 1 (322 largadas), Rubens Barrichello marcou época na categoria máxima do automobilismo e passou por equipes tradicionais, como Ferrari e Williams. O que poucos sabem, porém, é que o brasileiro esteve muito perto de substituir seu futuro companheiro Michael Schumacher na Benetton em 1996, no ano seguinte ao bicampeonato do alemão com o time comandado pelo italiano Flavio Briatore.

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A revelação foi feita com exclusividade ao Motorsport.com pelo empresário Geraldo Rodrigues, que era o agente de 'Rubinho' naquela época e rompeu o silêncio somente agora. As negociações ocorreram em 1995 e estavam encaminhadas, mas Briatore 'melou' o acerto.

"O Michael tinha saído da Benetton e [a dupla] ia ser (Jean) Alesi e Rubinho. Aí o Flavio me liga um dia às 5 da manhã e fala assim: 'Olha, a Renault (fornecedora de motores da Benetton) quer um piloto que fale alemão e a gente vai ter que botar o [Gerhard] Berger. Desculpa'. E eu assim: 'Que?'...", relatou Rodrigues, que acabou encaminhando a permanência de Rubinho na Jordan. O relato imperdível do empresário você confere na íntegra no vídeo abaixo:

'Naquela época, na fase inicial do Rubinho, a gente teve um pouco de sorte porque eram poucos empresários de piloto. As equipes não tinham junior teams (academias de pilotos). Tinha o Flavio Briatore, era a única pessoa que tinha relação com uma equipe e, em paralelo, fazia gerenciamento. Que foi uma pessoa que inclusive me convidou mais de cinco vezes para ser sócio dele e trabalhar com gerenciamento."

"Eu nunca gostei porque eu achava que tinha conflito de interesse nessa história. E o Flavio, apesar de ser um cara muito bacana, é um caráter meio complicado. Nós sofremos isso depois. O Rubinho era para ter andado de Benetton junto com o Jean Alesi."

"Com o layout pronto e aprovado, o Flavio me ligou um dia, 5 da manhã no Brasil. Ele estava na Europa, sabia que era 5 da manhã. Toca o telefone e ele falou: 'Oi, Geraldo, estou te incomodando?'. Eu falei: 'Não, é 5 da manhã, você só me acordou'."

"O Michael tinha saído da Benetton e ia ser Alesi e Rubinho. Aí o Flavio fala assim: 'Olha, a Renault (fornecedora de motores da Benetton) quer um piloto que fale alemão e a gente vai ter que botar o [Gerhard] Berger. Desculpa'. E eu assim: 'Que?'."

"Isso era quarta, e quinta a gente ia estar embarcando para assinar o contrato na sexta-feira. Em setembro. Tudo acontece, na F1, de agosto até outubro. [A Benetton bicampeã com o Schumacher era] um puta carro. E assim, quando você faz isso, já começa a fazer todo o trabalho em volta, com os patrocinadores. Foi uma frustração de um tamanho... E aí você vai aprendendo, você vai começando a ficar com a casca mais grossa."

O jogo político da F1

"Nós eramos alguns empresários e nós tínhamos um respeito, apesar de cada um ter o seu objetivo e lutar por si próprio. Mas era assim: o Keke Rosberg cuidava da carreira do Mika Hakkinen; o Didier Coton que trabalhava com o Jarno Trulli; o Martin Brundle cuidava do David Coulthard... Sabe, eram cinco ou seis... A gente tomava café da manhã juntos em algum motorhome", relembra Rodrigues.

"A gente não contava tudo, mas falava: 'Meu, estou indo lá na Sauber'. 'Putz, então eu vou tirar o pé, porque lá é a minha terceira opção. Vai lá e faz o seu'. Então existia um respeito entre a gente. Depois, isso tudo mudou, porque as equipes acabaram tendo os junior teams, as montadoras começaram a mandar, então não tinha muito aquela história de apertar as mãos do Frank Williams ou com o Ron Dennis, o que valia...".

"Não, você tinha que entrar num sistema e aí há uma politicagem, e aí só o Bernie [Ecclestone] mesmo que conseguia ajudar. Você tinha que ir lá pedir a bênção para o Bernie dar uma força, às vezes, porque, senão, sozinho, você não conseguia."

"Com o Flavio, tinha que ter cuidado. Tanto que aconteceu o que aconteceu e nunca quis trabalhar com ele. Várias vezes me convidou. É um cara que te manda minuta de contrato, contato do patrocinador, tudo certo, marca sessão de foto, e liga às 5 da manhã e [cancela]."

A 'rachadinha' de Briatore e Berger

"O Gerhard Berger é um cara por quem tenho muito respeito e amizade. Eu tenho amizade com o Berger, posso falar que ele é um cara com o qual eu sentava para comer, etc. Mas o Gerhard é um cara que sempre dividiu o salário dele. Ele sempre fez 'rachadinha'. Na F1 também tem 'rachadinha' (contratar um piloto pegando parte do salário).

"No caso do Flavio, ele tinha esse conflito de interesse. Ele o chefe de equipe e ao mesmo tempo tinha uma pessoa que fazia o gerenciamento dos pilotos dele. Fisichella, Trulli, Alonso... Então ele chega para o piloto e fala: 'Olha, eu vou te contratar, vou te dar prioridade e vou te pagar um bom salário, mas parte do seu salário eu quero de volta para mim'. Acontecia isso. Nesse momento do Berger, foi o que aconteceu. E a gente perdeu a chance na Benetton."

GALERIA: Relembre os carros e a carreira de Rubens Barrichello no automobilismo

1993: Jordan, 18º no campeonato (2 pts). Barrichello esteve na F1 entre 1993 e 2011, com 326 participações e 322 largadas. É o recordista absoluto na história da categoria.
1994: Jordan, 6º no campeonato (19 pts). Com passagens por Jordan, Stewart, Ferrari, Honda, Brawn e Williams, Barrichello conquistou 11 vitórias na carreira - é o 27º na história, empatado com Felipe Massa e Jacques Villeneuve.
1995: Jordan, 11º no campeonato (11 pts).
1996: Jordan, 8º no campeonato (14 pts)
1997: Stewart, 13º no campeonato (6 pts)
1998: Stewart, 12º no campeonato (4 pts)
1999: Stewart, 7º no campeonato (21 pts)
2000: Ferrari, 4º no campeonato (62 pts). A primeira vitória na F1 veio na Alemanha, em 2000. Largando de 18º, Barrichello conseguiu a terceira maior recuperação da história da categoria, ficando atrás apenas de John Watson (22º - EUA, 1983) e Bill Vukovich (19º - Indy 500, 1954).
2001: Ferrari, 3º no campeonato (56 pts)
2002: Ferrari, vice-campeão (77 pts)
2003: Ferrari, 4º no campeonato (65 pts)
2004: Ferrari, vice-campeão (114 pts)
2005: Ferrari, 8º no campeonato (38 pts). O brasileiro foi 68 vezes ao pódio.
2006: Honda, 7º no campeonato (30 pts)
2007: Honda, 20º no campeonato (0 pts)
2008: Honda, 14º no campeonato (11 pts)
2009: Brawn, 3º no campeonato (77 pts). Foram 21 poles na F1.
A última vitória de Barrichello na F1 foi no GP da Itália de 2009.
Desde então, o Brasil não esteve mais no topo do pódio.
2010: Williams, 10º no campeonato (47 pts)
2011: Williams, 17º no campeonato (4 pts)
2012 (Indy): KV, 12º no campeonato (289 pts)
2013 (Stock Car): Full Time, 8º no campeonato (120 pts)
2014 (Stock Car): Full Time, campeão (234 pts)
2015 (Stock Car): Full Time, 4º no campeonato (188 pts)
2016 (Stock Car): Full Time, vice-campeão (295 pts)
2017 (Stock Car): Full Time, 5º no campeonato (251 pts)
2018 (Stock Car): Full Time, 4º no campeonato (242 pts)
2019 (Stock Car): Full Time, 5º no campeonato (310 pts)
2020 (Stock Car): Layout do Toyota Corolla que Barrichello usará em 2020
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VÍDEO - Barrichello relembra única briga na F1: "Chama um maior que você não vai dar"

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