EXCLUSIVO: Rico Penteado explica por que Mercedes não 'abandonou' carro de 2021

Engenheiro brasileiro falou sobre o atual estágio das equipes na F1 em 2021 e que uma nova dinastia pode surgir a partir de 2022

Lewis Hamilton, Mercedes W12

Foto de: Zak Mauger / Motorsport Images

O chefe da Mercedes, Toto Wolff, causou grande surpresa após o GP da Estíria de Fórmula 1, quando anunciou que o atual carro da equipe, o W12, não receberia mais atualizações até o final do ano e que o foco estaria voltado ao modelo de 2022.

"É uma decisão muito complicada, porque estamos tendo novas diretrizes, não apenas para o próximo ano, mas para os seguintes, um conceito de carro completamente diferente. Você tem que escolher o equilíbrio certo”, disse Wolff.

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Principal rival do campeonato de 2021, Christian Horner, da Red Bull, rejeitou o discurso de Wolff: "Todos sabemos que Toto gosta de desviar a atenção. Não acredito que vão passar o resto do ano sem colocar um único componente no carro. Tudo o que podemos fazer é focar em nosso próprio trabalho. É um ato de equilíbrio entre este ano e o próximo.”

Já o diretor técnico da Mercedes, James Allison disse que a equipe ainda tem atualizações que já estavam em desenvolvimento, enquanto a montadora busca mexer na unidade de potência dentro do permitido pelo regulamento: "Temos um número razoável de coisas que tornarão nosso carro mais rápido nas próximas corridas, e esperamos que sejam suficientes".  

Mas, o que pode ter de verdade no discurso de Wolff após a corrida na Áustria? Como a mudança de foco em uma equipe de um ano para o outro acontece? A equipe do Motorsport.com acionou Rico Penteado, acostumado com esse tipo de transição após quase duas décadas como engenheiro de motor da Renault na F1.

Falando com exclusividade (assista o vídeo), ele comentou sobre o discurso de Wolff, acreditando que a intenção do mandatário da Mercedes seja outra.

“Sobre o que o Toto Wolff falou, acho que foi mais uma alfinetada no Christian Horner, é mais uma briguinha política, ao anunciar que parou, para ver se a Red Bull tira o pé também, mas acho que ninguém cai nessa não.”

“O James (Alisson) acabou contradizendo esse comentário do Wolff. Na parte de motores eles podem mexer na parte dos mapas e dar mais potência em relação ao que eles já aprenderam desde o início da temporada. Já as peças são um pouco difíceis de trazer novas, acredito que só a Honda possa trazer uma evolução para o terceiro bloco para tentar ganhar o campeonato e fazer uma boa corrida em Suzuka, mas as outras montadoras, acho difícil.”

Não há abandono

No geral, Rico acredita que dentro das equipes há um equilíbrio entre as pretensões no campeonato atual de cada uma, relacionada ao planejamento desde o início do ano, além de acreditar que o termo utilizado pela imprensa em geral um pouco exagerado.

“Abandonar é uma palavra meio forte”, disse Rico. “Cada equipe tem um planejamento certinho de asa dianteira, de assoalho, de todas as peças. Tem o diretor técnico e o engenheiro-chefe de cada setor que estipulam quais são os itens de performance que são prioridades. Você não pode chegar para o cara, de repente, e falar para ele trabalhar no projeto de 2022. Há o planejamento de peças para 2021 e esse engenheiro, quando ele termina uma peça, ele sabe o que virá na sequência.”

Mas pontuou algumas exceções: “O que pode acontecer é o engenheiro de cálculo chegar e dizer que consegue fazer mais uma ou duas asas, por exemplo, mas a direção técnica vai decidir o que fazer, dependendo de como estiver o campeonato. Não há abandono, é saber exatamente no programa onde que você coloca exatamente a data limite de quando alguém vai fazer um item para 2021 ou se ele parte para 2022.”

E deu um panorama geral sobre o atual momento das equipes.

“Não é fácil prever a quantidade de trabalho que está sendo feito para 2022. Com certeza, na parte de motores o trabalho é animal, devem estar fazendo em três turnos, para terem certeza de que o motor será homologado, e fazerem os seis, sete mil quilômetros no banco de provas antes de terminar o ano. Cerca de 95% das pessoas já devem estar totalmente focadas no motor do ano que vem e tem uns 5% que ficam ali para gerenciar a produção das peças, logística dos motores na pista.”

“Na parte de chassi, a diferença é maior. Agora devem estar 50/50 ou a balança deve pender um pouco mais para 2022, ainda mais para as equipes como a Haas. Red Bull, Mercedes e McLaren é mais complicado, elas devem estar em 75/25 para 2022, mas só até o GP da Hungria, quando devem ter as atenções para o próximo ano em 95%.”

Uma nova dinastia?

Rico também alertou a importância do projeto do carro de 2022 ter um bom nascimento, acreditando que o campeão do ano que vem pode fincar uma nova dinastia na F1.

“Eu entendo essa vontade de não errar. Esse ano de 2022 será muito importante para definir o campeonato dos próximos três. Quem ganhar em 2022 provavelmente vai ganhar 2023, 2024 e talvez 2025, então realmente é muito importante se concentrar bem no desenvolvimento. A parte de motores não tem mais nenhum desenvolvimento para esse ano, fora os Hondas, que podem melhorar um pouquinho, que já é o motor de 2022, mas a parte de chassi ainda tem alguma coisa que pode chegar na pista, pelo menos até Budapeste, no GP da Hungria, antes das férias de verão da F1.”

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