Análise

F1 ficou dividida com oferta de vacinação do Bahrein; entenda

Intervalo de 21 dias entre as duas doses era um requisito crucial para se vacinar

The drivers stand in front of their cars on the grid

The drivers stand in front of their cars on the grid

Mark Sutton / Motorsport Images

Quando o Bahrein anunciou que iria oferecer vacinas contra a Covid-19 aos membros do paddock da Fórmula 1 durante os testes de pré-temporada e a corrida de abertura, sem querer criou um dilema que deixou a categoria com uma pergunta difícil no ar- deveria aceitar ou não?

No final, as opiniões foram divididas, essencialmente em linhas nacionais. As organizações baseadas na Grã-Bretanha deixavam a escolha para cada indivíduo, enquanto as outras eram geralmente mais proativas. 

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A chegada dessas vacinas obviamente seria um assunto complicado para a F1. Por outro lado, dadas as viagens envolvidas, é lógico que seria importante que o pessoal fosse vacinado o mais rápido possível - tanto por razões óbvias de saúde pessoal quanto para lidar com as restrições de viagens ao redor do mundo.

No entanto, haveria um problema caso os membros da categoria máxima do automobilismo fossem vistos como pessoas com um status especial e, portanto, estivessem pulando a fila.

No início de fevereiro, o novo chefe da F1, Stefano Domenicali, deixou claro a sua posição em relação à própria equipe da organização.

“Este é um ponto muito importante”, disse. 

“Você pode tirar isso de ambos os lados. Com certeza, pelo que posso dizer, os mais vulneráveis são prioridades. Do nosso lado, não queremos entrar na fila de vacinação."

“A vacinação é muito, muito importante, e eu diria que estou ansioso para ser vacinado e todos deveriam estar neste momento."

“Estamos pensando qual poderia ser a discussão, então se fosse possível, discutiríamos internamente e compartilharíamos com as equipes, mas precisamos ser prudentes, ver e respeitar a situação com todas as pessoas vulneráveis.

“Tenho muito respeito por tudo o que os governos estão dizendo e o que as pessoas fazem, mas, nesse aspecto, precisamos ser prudentes, e a única coisa que posso dizer é que realmente espero ser vacinado em breve. ”

Os chefes de equipe tiveram opiniões semelhantes - vamos esperar a nossa vez.

A situação mudou para a F1 no dia 28 de fevereiro quando o governo do Bahrein comunicou formalmente uma oferta para vacinar todos os visitantes estrangeiros.

“Como parte da extensa campanha de vacinação do Bahrein, que alcançou uma das maiores taxas de vacinação globalmente e agora está oferecendo cinco vacinas diferentes para a população, Bahrein está estendendo o programa aos principais eventos no Reino fornecendo benefícios para os participantes e para a população nacional", dizia o comunicado.

Um requisito crucial era um intervalo de 21 dias entre as duas doses - um número que membros da F1 poderiam alcançar chegando antes do teste e saindo após a corrida.

Guests and dignitaries on the grid with Stefano Domenicali, Chief Executive FOM

Guests and dignitaries on the grid with Stefano Domenicali, Chief Executive FOM

Photo by: Zak Mauger / Motorsport Images

A vacina da Pfizer/BioNTech foi especificada, o que também significava que um visitante não poderia receber uma primeira dose no Bahrein e outro produto diferente na volta para casa.

Assim que se tornou público, a organização da F1 foi rápida em confirmar que - de acordo com a declaração anterior de Domenicali - não aceitaria oficialmente a oferta em nome de sua equipe de viagem.

Um porta-voz declarou que a categoria não tinha “planos de ser vacinada antes do lançamento já estabelecido de vacinas pelo sistema de saúde do Reino Unido”, enquanto as discussões continuaram entre as equipes, F1 e a FIA. 

As preocupações em enviar uma mensagem errada continuavam em questão, mesmo depois do governo do Catar ter oferecido algo semelhante à MotoGP, que deu origem a uma explicação do por que a oferta teria sido aceita.

A promotora da categoria rainha de motovelocidade, Dorna Sports, classificou tal oferta como uma “oportunidade incrível” e declarou que “o programa de vacinação visa aumentar a segurança pessoal de todos os presentes."

“Vai oferecer maior proteção para quem está no paddock da MotoGP e para todos aqueles que entrarem em contato com eles enquanto a categoria viaja pelo mundo nesta temporada”.

Além dos problemas de relações públicas, havia vários problemas complexos na F1, incluindo aqueles de escolha pessoal e privacidade médica.

Em essência, as equipes não podiam exigir a vacinação do Bahrein para os membros do time, mas também não podiam os impedir formalmente de aceitar a oferta. Se alguém quisesse se proteger sendo vacinado naquele momento ou mais tarde, tinha a liberdade de fazer sua escolha.

Uma consideração importante era que as escuderias britânicas sabiam que a vacina do Sistema Nacional de Saúde (NHS) estaria disponível para todo o seu pessoal, mesmo que isso significasse esperar semanas ou meses.

Além disso, o requisito de 21 dias tornou impraticável para algumas pessoas cujos horários envolviam chegar atrasado para o teste e sair logo após a corrida, sendo mais útil para mecânicos e equipe de montagem de garagem que provavelmente estariam em Bahrein no período completo.

Fernando Alonso, Alpine F1, chats with Carlos Sainz Sr. in the paddock

Fernando Alonso, Alpine F1, chats with Carlos Sainz Sr. in the paddock

Photo by: Glenn Dunbar / Motorsport Images

Quando questionados no Bahrein, chefes de equipes do Reino Unido disseram a mesma coisa - não temos uma política e deixamos isso para escolha individual.

“Nós olhamos para isso, foi uma oferta muito gentil”, disse Simon Roberts, chefe da Williams. 

“Mas, obviamente, a situação no Reino Unido é bastante diferente de outras partes da Europa e, como uma equipe, decidimos que não teríamos nenhuma política de fiscalização e nem definiríamos nada."

“Se os membros do time quiserem fazer algo diferente, isso é inteiramente com eles. Mas, como equipe, vamos continuar com a política de vacinação do Reino Unido.”

“Não definimos nenhuma política”, confirmou Marcin Budkowski da Alpine. 

“Nós, como equipe, apenas deixamos para eles decidir o que querem fazer.”

“Decidimos deixar isso para cada um decidir", disse o chefe da Aston Martin, Otmar Szafnauer. 

“Foi uma oferta muito gentil do Bahrein."

“Posso dizer com alegria que estou muito velho, fui vacinado no Reino Unido", acrescentou.

Wear Face Mask reminder on start finish straight

Wear Face Mask reminder on start finish straight

Photo by: Glenn Dunbar / Motorsport Images

Dada a lenta implantação em toda a União Europeia, a AlphaTauri tornou o uso da vacina uma política oficial, organizando seus preparativos de viagem em torno do cronograma de 21 dias.

“Todos os membros da AlphaTauri foram vacinados na terça-feira”, disse o chefe da equipe, Franz Tost, quando questionado pelo Motorsport.com.

“Vamos ficar mais um ou dois dias após a corrida para a segunda vacinação, porque a saúde, como vocês sabem, é o fator mais importante."

“Eu como chefe de equipe, sou responsável pela saúde das pessoas, por isso fizemos essa vacinação, e agradeço muito ao Bahrein por nos oferecer essa possibilidade."

“Na Europa, não sei quanto tempo vamos esperar para sermos vacinados, especialmente na Áustria e Itália. Por isso, estamos mais do que felizes. ”

Mattia Binotto, da Ferrari, que confirmou que a Scuderia havia primeiro esclarecido sua posição com as autoridades italianas, sugeriu que a situação não era tão clara.

“Acho que (foi) uma oferta muito gentil, uma grande oportunidade para nós”, disse.

“Foi uma escolha individual, mas a maioria da equipe entendeu e aceitou. Devo dizer que a organização também foi fantástica, a forma como eles organizaram."

“Verificamos com as autoridades italianas, para ter certeza de que não havia indicações ruins ou erradas.

“Mas acho que todos ficaram felizes com a oportunidade e, como eu disse, foi uma escolha individual, mas quase toda a equipe aceitou.”

A decisão da Ferrari foi auxiliada pelo fato de que a equipe vai ficar depois da corrida do Bahrein para um teste com os pneus de 18 polegadas da Pirelli, tornando mais fácil cumprir a exigência de 21 dias.

A Pirelli, uma empresa internacional que tem rígidas diretrizes corporativas de cuidados para seus 31.000 funcionários em todo o mundo, agarrou a chance de proteger seu pessoal na F1. Eles voltarão para a Itália na quinta-feira após a corrida.

“Todos os funcionários que viajaram para os testes e para a corrida foram vacinados”, confirmou um porta-voz da empresa.

“Ninguém era avesso a isso. A Pirelli é muito, muito cuidadosa com a Covid-19. Até em casa somos muito acompanhados pela empresa, que faz com que todos sejam testados regularmente."

A Alfa Romeo não fez nenhuma declaração oficial - ironicamente o chefe do time Fred Vasseur ficou preso em casa após testar positivo. No entanto, a equipa também seguiu a política de escolha individual.

Os pilotos também ficaram livres para fazer suas próprias escolhas.

“Eu tomei a decisão de fazer isso”, disse Sergio Perez

“Porque para mim, no México, não sei quando poderei tomar a vacina, então acho que foi muito legal o Bahrein oferecer isso para nós.”

“Sim, o mesmo que o Checo”, disse Carlos Sainz.

“Eu aceitei. E acho que foi uma grande oportunidade e, obviamente, sou grato ao governo do Bahrein por oferecer (a vacina) a tantas pessoas que viajam ao redor do mundo.”

O tema, no entanto, continua sendo um assunto polêmico e há argumentos em ambas as direções. Mas uma coisa é certa - é uma questão de escolha pessoal, a FIA e a F1 não têm planos de tornar as vacinas obrigatórias para a entrada no paddock.

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