F1 - Mazepin: Sanções contra atletas russos são resultado da "cultura do cancelamento"

Em entrevista à BBC, piloto russo falou ainda sobre motivos para se manter calado sobre a guerra na Ucrânia

Nikita Mazepin, Haas F1 Team

Foto de: Carl Bingham / Motorsport Images

O agora ex-piloto de Fórmula 1, Nikita Mazepin, disse não concordar com as sanções introduzidas contra atletas russos no mundo esportivo. O ex-nome da Haas defende que existe uma verdadeira cultura de cancelamento contra os melhores atletas da Rússia.

Mazepin estava a caminho de sua segunda temporada na F1 com a Haas, mas a invasão russa à Ucrânia mudou tudo da noite para o dia. Após participar dos testes em Barcelona, seu contrato com a Haas foi dissolvido, junto do acordo da equipe com a Uralkali, empresa de seu pai que era a patrocinadora máster do time americano.

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Mesmo que a Haas optasse por manter Mazepin na equipe, o piloto enfrentaria diversos problemas para disputar a temporada, com algumas Confederações locais proibindo a participação de pilotos russos e belarussos. Nikita e seu pai, Dmitry, ainda foram colocados em uma lista de sanções para oligarcas russos pela União Europeia e o Reino Unido.

Pilotos russos ainda podem participar de vários campeonatos de automobilismo, mas sob uma bandeira neutra e apenas depois de assinar um documento concordando com valores da FIA sobre paz e neutralidade política.

Mas isso não se restringe ao automobilismo, e Mazepin diz que só consegue rotular isso como uma consequência da cultura do cancelamento.

"Não concordo que estou sujeito a sanções", disse o russo em entrevista ao BBC Hardtalk. "Eu disse antes que pretendo desafiar isso, mas agora provavelmente não é a hora certa. Se você olhar para toda a situação que está acontecendo em torno dos atletas em geral, é uma cultura de cancelamento contra o meu país".

No mês passado, logo após a rescisão da Haas, Mazepin anunciou a criação de uma fundação, chamada We Race as One, em alusão ao slogan de igualdade da F1, com o objetivo de ajudar os atletas russos impedidos de competir devido às restrições por conta da guerra, com financiamento que viria do dinheiro de patrocínio originalmente destinado à equipe.

"Todos sabemos que atletas têm carreiras curtas e que é necessário anos de sacrifício intenso para entregar o nível mais alto de performance", disse em coletiva no mês passado. "Quando a recompensa final é retirada, é devastador. E ninguém está pensando no que acontecerá a seguir com esses atletas. Eu vou lidar com isso".

"Um atleta não tem o direito de não apenas ter uma opinião, mas também de mantê-la fora do espaço público? Um atleta deveria ser punido por isso? E queremos que o esporte se torne apenas mais uma praça pública para o debate político".

Atualmente, o exército russo parece se concentrar especialmente na conquista da região leste de Donabass. Ao mesmo tempo, surgiram recentemente mais imagens de atrocidades cometidas pelos soldados.

Mazepin diz que não gosta de olhar para essas imagens mas, ao mesmo tempo, se recusa a expressar seus próprios sentimentos sobre a guerra, porque isso poderia colocá-lo em perigo.

"Eu vivo no mesmo mundo que você, talvez a apenas três ou quatro horas de voo de você", disse Mazepin à BBC. "É doloroso em muitos níveis ver essas imagens".

"Meu sentimento como ser humano e como alguém que quer viver em um mundo pacífico mudou. Mas, para ser honesto, vejo enormes riscos em falar sobre esse assunto, porque nunca consigo agradar a todos. É por isso que estou me mantendo calado em público".

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