F1: Sete perguntas sobre a temporada 2022 que ainda estão no ar após testes de Barcelona e Sakhir

GP do Bahrein abre nova era da categoria - com a volta do efeito solo - e há dúvidas a serem respondidas na primeira corrida e ao longo do ano

George Russell, Mercedes W13

Foto de: Erik Junius

Após os testes de pré-temporada da Fórmula 1 em Barcelona e Sakhir, o começo do campeonato de 2022 finalmente está chegando. No próximo domingo (20), pilotos e equipes vão à pista para o GP do Bahrein, que abrirá a nova era técnica da categoria - com a volta do efeito solo e a chegada dos pneus de 18 polegadas.

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Apesar de termos uma ideia inicial de onde estão as escuderias após os testes, ainda há algumas perguntas no ar que só poderão ser respondidas depois das primeiras corridas, incluindo a principal: a mudança de regulamento atingiu o objetivo pela qual foi proposta? Nesta matéria, selecionamos tópicos de curiosidade que ainda rondam o grid.

Como chegarão Red Bull e Mercedes - protagonistas de 2021 - após suas atualizações?

Max Verstappen, Red Bull Racing RB18

Max Verstappen, Red Bull Racing RB18

Photo by: Erik Junius

Espera-se que algumas escuderias possam trazer atualizações no GP do Bahrein, a McLaren já confirmou que será uma delas. A diferença entre a pré-temporada em Sakhir e o início oficial do campeonato é de apenas uma semana, um período não tão significativo nos termos de desenvolvimento da F1.

Além disso, qualquer escuderia que tenha algo realmente novo deve ter escondido o maior tempo possível e não revelado tanto nos últimos testes quanto nos de Barcelona. Era óbvio desde a Espanha que haveria mais por vir das grandes, e o foco está nos passos que Mercedes e Red Bull tomaram.

A equipe alemã chegou com um design inovador de sidepod, no qual o componente praticamente 'inexistiu', e que não foi antecipado nem mesmo pela F1. Apesar disso, seu desempenho não foi dos melhores em relação a tempo e número de voltas, o que gerou dúvidas sobre como estará na abertura da temporada.

Já o time austríaco também chegou com atualizações na área e mostrou bom ritmo. Na última sessão, Max Verstappen estabeleceu o melhor tempo de toda a pré-temporada e manteve, junto a Sergio Pérez, a boa quilometragem que a escuderia apresentou em Barcelona.

A grande questão agora é quanto desempenho as protagonistas de 2021 estavam retendo para o GP do Bahrein e com que rapidez e eficácia elas podem fazer com que novas peças funcionem.

O ritmo da Ferrari realmente a coloca como favorita ao título?

Charles Leclerc, Ferrari F1-75

Charles Leclerc, Ferrari F1-75

Photo by: Zak Mauger / Motorsport Images

A Ferrari F1-75 parecia rápida desde o início dos testes de Barcelona, ​​e Charles Leclerc e Carlos Sainz se mostraram capazes de marcar tempos rápidos sem esforço e em todas as condições.

O monegasco foi quinto na tabela da Espanha, mas sua melhor volta foi alcançada com os pneus C3 – e os que estavam à sua frente no ranking estavam rodando com os C5 ou C4 mais macios. Resultado importante: o carro fez muitas voltas e, portanto, muitos dados foram coletados.

"Acho que foi essencial porque esses carros são muito diferentes", disse o chefe da Scuderia, Mattia Binotto. "E o primeiro objetivo é tentar aprendê-los. Pelo menos nesta sessão [Barcelona], era importante tentar mapear o veículo em todas as condições e entender as correlações com o túnel de vento e o simulador."

Já no Bahrein, mesmo que o número de voltas não tenha sido significativo como na Espanha, os pilotos mais uma vez alcançaram bons tempos, com Sainz terminando em segundo nos dias 1 e 2 e Leclerc alcançando o terceiro lugar nos dias 1 e 3.

O consenso dos que analisaram os números é que o ritmo da equipe foi genuíno. A questão agora é como o F1-75 se comporta no primeiro GP da temporada em relação a Mercedes e da Red Bull. Prometendo um 'super motor' desde a temporada passada e desenvolvendo o monoposto de 2022 com antecedência, a Ferrari trouxe a esperança de título de volta aos tifosi.

Como estarão Alpine - após reformulação - e Alonso?

Fernando Alonso, Alpine F1 A522

Fernando Alonso, Alpine F1 A522

Photo by: Erik Junius

Muito se espera da Alpine este ano, mas o teste de Barcelona não foi um grande começo. Em uma das manhãs, Fernando Alonso parou na pista depois que um vazamento hidráulico provocou um incêndio. Depois de inspecionar os danos, a equipe anunciou que terminaria a sessão mais cedo e voltaria para casa.

Isso a deixou em oitavo na tabela de voltas completadas na semana e também fez com que os pilotos perdessem a oportunidade de usar menos combustível e pneus mais macios no último dia. Um tempo estabelecido muito cedo na sexta-feira por Alonso com os compostos C3 a levou ao oitavo lugar, à frente apenas de Haas e Alfa Romeo.

Semanas depois, no Bahrein, um desempenho mais animador: Esteban Ocon e Fernando estiveram entre os pilotos com a maior quilometragem dos dias 2 e 3, com direito a um quarto lugar do espanhol no encerramento, a menos de um segundo de Verstappen - que marcou o melhor tempo da pré-temporada.

O grande ponto da Alpine é como o motor se comportará. Para 2022, a Renault fabricou uma unidade que foca mais no desempenho do que na confiabilidade a pedido do CEO, Laurent Rossi. O componente recebeu a adição do turbo split e compressor utilizados pela Mercedes e foi completamente redesenhado.

Será interessante ver como a escuderia lidará com essa nova condição, visto que trocar peças após estourar o limite antes de punições pode ter influência crucial no mundial de construtores.

Além disso, será o primeiro ano de Otmar Szafnauer, ex-Aston Martin, como chefe da Alpine, que também teve grande reformulação interna. Bruno Famin, ex-FIA e Peugeot, chegou para ser o novo diretor-técnico da fábrica e o 'triunvirato' que comandava a equipe - formado por Rossi, Marcin Budkowski e Davide Brivio - foi desfeito.

A Alfa Romeo - liderada por Bottas - superou os problemas da pré-temporada?

Valtteri Bottas, Alfa Romeo C42

Valtteri Bottas, Alfa Romeo C42

Photo by: Zak Mauger / Motorsport Images

O teste de Barcelona foi difícil para a Alfa Romeo, que executou seu novo C42 com pintura camuflada antes do lançamento oficial. O carro sofreu de uma série de problemas mecânicos, com o reserva Robert Kubica conseguindo apenas nove voltas em sua única sessão na manhã do primeiro dia, e Valtteri Bottas registrou apenas 23 naquela tarde.

No final do teste, o carro deu 175 voltas - apenas a Haas completou menos. Não foi uma boa notícia para o estreante Guanyu Zhou, que obviamente precisava de alguma quilometragem.

No Bahrein, o número total de giros percorrido pela dupla titular melhorou e saltou para 343, mas os tempos ainda ficaram longe de serem significativos, com o melhor resultado sendo um sexto lugar do finlandês no último dia e o chinês chegando a ficar a quase sete segundos do líder do segundo - Kevin Magnussen.

"Parece que ainda estamos em estágios muito iniciais de descobrir o carro", disse Bottas após Barcelona. "Para mim, foi uma corrida limitada que tivemos (no dia que ele falou isso), apenas com dois compostos de pneus diferentes e poucas mudanças de afinação."

"Então, ainda há muito mais para descobrir. É por isso que estamos realmente com o objetivo de trabalhar duro entre os testes e esperamos obter uma melhor compreensão. Há trabalho a fazer. Sinto que há potencial neste pacote."

Com mais 'liberdade' em relação à Ferrari - que antes usava a equipe para lançar os pilotos de sua academia - e um Valtteri exercendo pela primeira vez a função de liderança com contrato de longo-prazo, a Alfa Romeo chega ao GP do Bahrein como uma incógnita.

Como os novos pneus se comportarão em situação 'real' de corrida?

A mechanic washes some tyres

A mechanic washes some tyres

Photo by: Carl Bingham / Motorsport Images

A pré-temporada foi a primeira vez que equipes e pilotos puderam experimentar os pneus de corrida de 18 polegadas acoplados aos monopostos de 2022, tendo sido testados anteriormente em carros 'mula' no ano passado.

Dados os desafios de engenharia envolvidos na mudança, talvez tenha sido surpreendente que os novos Pirellis fossem pouco comentados, já que as conversas foram dominadas pelas enormes mudanças nos pacotes aerodinâmicos e pelo efeito porpoising.

Poucos pilotos ofereceram feedback público sobre os compostos, mas um dos comentários mais interessantes veio de Sainz.

"Em comparação aos outros anos, talvez tenha um pouco menos de superaquecimento, mas ainda há 'graus', eles são pneus que se degradam, que superaquecem", disse o piloto da Ferrari. "Pessoalmente, sinto que está um pouco melhor. O trabalho feito pela Pirelli no ano passado e o desenvolvimento parecem começar a valer a pena."

Os pneus voltarão a ser ponto de discussão no GP de Bahrein? As informações do fim de semana serão relevantes não apenas para a corrida de Sakhir em si, mas também para as que seguem em climas mais quentes. E mais: a pista destaca-se por estar entre as mais abrasivas.

A Pirelli seguiu um caminho conservador e escolheu seus três compostos mais duros, o C1, C2, C3, tendo usado o C2, C3 e C4 com sua geração anterior em 2021.

Vale lembrar que não existe mais a regra de utilizar os pneus do Q2 da classificação na largada da corrida, o que pode trazer novas estratégias de pit stop.

porpoising será um problema no GP do Bahrein e seguirá ao longo do ano?

Charles Leclerc, Ferrari F1-75

Charles Leclerc, Ferrari F1-75

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

porpoising - fenômeno que fez os carros 'quicarem' nas retas - visto na pré-temporada foi um dos, se não o principal ponto de discussão dos testes, e provavelmente continuará a ser no início do campeonato.

As equipes tiveram tempo para estudá-lo, embora, mesmo com todo o trabalho em túnel de vento e CFD, não tenham previsto totalmente o problema. Resta ver o resultado de como o abordaram.

Os novos carros foram projetados para rodar perto do solo e, se aumentar as alturas for parte da solução, ainda terão muito para se adaptar no GP do Bahrein. Como ainda não foi experimentado em uma corrida 'real', o porpoising pode trazer problemas tanto nas classificações quanto nas provas.

"Ficamos um pouco surpresos, e acho que foi o caso de todas as equipes ou da maioria delas", disse o diretor técnico da Alfa Romeo, Jan Monchaux, em Barcelona. "Suspeito que vamos controlar isso com algumas modificações, principalmente no assoalho, que nos permitirão chegar um pouco mais perto do nosso ideal."

"No entanto, com o estado atual das regras, também espero que tenhamos que configurar o carro um pouco mais alto do que todos pensávamos no início. A questão será quanto, de 3 a 5 mm ou 20 mm? Espero que sejam cinco, porque então o retrabalho será menor."

A McLaren foi a equipe menos 'atingida' pelo porpoising na pré-temporada, o que pode lhe dar uma boa posição na corrida de abertura do campeonato, mesmo sem saber por que 'escapou'. Apesar disso, o diretor James Key não acredita que será uma vantagem duradoura.

"Acho que há vários fatores envolvidos nisso e provavelmente é uma combinação dos dois [configuração e aerodinâmica]", disse ele. "Certamente, o que descobrimos é que você pode ter uma série de coisas que o causam."

"Tenho certeza de que é algo que todo mundo vai conseguir [resolver]. Foi relevante por ser muito visível, mas em última análise, haverá soluções entre a configuração e o desenvolvimento aerodinâmico onde você descobrirá como gerenciá-lo."

Afinal, haverão mais ultrapassagens e será possível os carros seguirem uns aos outros sem turbulência?

Lewis Hamilton, Mercedes W13, Max Verstappen, Red Bull Racing RB18

Lewis Hamilton, Mercedes W13, Max Verstappen, Red Bull Racing RB18

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

Esse é o ponto principal do novo regulamento da F1: corridas mais próximas e os carros podendo seguir uns aos outros mais de perto sem perder aderência e controle.

A mudança de regras para 2022 foi a maior da categoria nos últimos anos, com a volta do efeito solo e a criação de um veículo mais 'limpo', sem a grande quantidade de itens aerodinâmicos das gerações anteriores, incluindo o bargeboard.

Apesar do 'medo' de alguns de que surgiriam monopostos muito parecidos ou idênticos, com pouca variação, vimos máquinas bem diferentes, cada uma com características próprias, seja nas asas - simples, multielemento ou com bico 'modular', caso da Ferrari - com os sidepods 'nulos' da Mercedes ou a presença ou não de guelras de resfriamento.

A pergunta que fica agora é se tudo isso servirá ao propósito principal do regulamento revisado. Tanto a escuderia alemã quanto a equipe italiana se mantiveram céticas antes da pré-temporada, acreditando que só será possível notar na pista.

O atual campeão, Verstappen, 'encerrou' os testes no Bahrein com boas notícias: segundo ele, os carros não estão mais 'incontroláveis' ao seguir. O holandês conseguiu 'testar' a situação durante as sessões e disse que ainda há perda de downforce, mas de forma equilibrada e sem momentos de understeer ou oversteer. Além disso, ressaltou que as máquinas serão 'divertidas' em pistas de alta.

Max Verstappen, Red Bull Racing RB18

Max Verstappen, Red Bull Racing RB18

Photo by: Motorsport Images

"Eu acho que está melhor ao menos que o ano passado, quando de repente, atrás de alguém, sofria com understeer ou oversteer. Era incontrolável", disse ele em Sakhir. "Agora, quando estou atrás de alguém, percebo que perco downforce, mas isso acontece na frente e atrás. Então torna mais previsível e controlável."

"Esses carros são muito mais lentos nas curvas de baixa porque são mais pesados. Em uma pista com muitas viradas desse tipo, será menos divertido de pilotar para nós. No entanto, quando formos a circuitos com muitas curvas rápidas, será realmente divertido de guiar."

O GP do Bahrein está marcado para 20 de março e todas nossas perguntas - incluindo a 'de um milhão de reais' sobre corridas mais próximas - serão respondidas de forma completa ou parcial. Resta esperar para ver.

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