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Leclerc começa na Ferrari sofrendo mesmo 'pesadelo' de Rubinho e Massa

Novo chefe da equipe italiana, Mattia Binotto proibiu Leclerc de atacar Vettel pelo quarto lugar no GP da Austrália. Relembre outros casos

Charles Leclerc, Ferrari SF90 runs wide

Foto de: Andy Hone / Motorsport Images

Os brasileiros sabem que a Ferrari não tem pudores para fazer o famoso jogo de equipe e beneficiar o piloto favorito da escuderia. Para o azar, principalmente, de Rubens Barrichello, Felipe Massa e Kimi Raikkonen em anos recentes, foi assim com Michael Schumacher, Fernando Alonso e Sebastian Vettel. Pelo visto, continuará assim com o alemão em 2019: logo na primeira corrida da temporada, neste domingo, na Austrália, o tetracampeão foi favorecido antes mesmo de ter que disputar posição com o novo piloto ferrarista, Charles Leclerc.

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Aparentemente, a conduta será padrão sob a batuta do novo chefe do time de Maranello, Mattia Binotto, que antes da temporada chegou a afirmar que Leclerc e Vettel poderiam disputar posição. O Motorsport.com Brasil relembra casos clássicos de favorecimento ao piloto nº1 da Ferrari. Selecionamos situações em que não havia uma disputa óbvia ou direcionada de título, como foi por exemplo com Raikkonen em 2007, quando Massa ajudou o companheiro no Grande Prêmio do Brasil. Na ocasião, a única chance de título da Ferrari seria com vitória do finlandês e aquela era a última prova do ano:

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Felipe Massa

O brasileiro é um caso bastante ilustrativo da forma com a qual a Ferrari enxerga o segundo piloto da escuderia. E seu exemplo é mais emblemático pelo fato de Massa ter sido preterido por dois companheiros diferentes: Michael Schumacher e Fernando Alonso.

O favorecimento ao alemão até foi justificável: 2006 era a primeira temporada do brasileiro no time italiano, enquanto Schumacher estava em seu (primeiro) último ano na F1, tentando voltar a ser campeão. Não deu certo, mas Massa teria tempo muito pela frente para brilhar com o carro vermelho.

O plano quase deu certo em 2008, quando Massa perdeu o campeonato para Hamilton na última curva em Interlagos. Mas o problema maior chegaria dois anos depois: o próprio Fernando Alonso. Nas sucessivas brigas com Sebastian Vettel pelo título, o espanhol seria favorecido durante quase todo seu período na Ferrari. Um episódio marcante ocorreu logo em 2010, no GP da Alemanha, quando o brasileiro recebeu a seguinte mensagem de rádio: "Fernando está mais rápido do que você. Pode confirmar que entendeu a mensagem?". 

Naquela ocasião, era a 11ª de 19 etapas do campeonato. E Alonso ficou em quinto na classificação depois da prova em Hockenheim, 34 pontos atrás do então líder Lewis Hamilton. No fim daquele campeonato, Alonso perdeu o título por 4 pontos para Vettel, mesmo tendo chegado à última corrida 15 pontos à frente do rival. Mais do que isso, a corrida na Alemanha marcava a data de exatamente um ano depois do grave acidente sofrido pelo brasileiro na Hungria em 2009.

Rubinho Barrichello

O antecessor de Massa na Ferrari foi um dos que mais sofreu na mão de Michael Schumacher. Em seis temporadas como companheiro do heptacampeão mundial, Rubinho passou por situações complicadas.

A mais marcante delas aconteceu no GP da Áustria de 2002, quando Barrichello foi vice-campeão mundial. O brasileiro vinha tranquilo para conquistar a vitória, quando, por ordem da equipe, permitiu a passagem do alemão nos últimos metros. Empolgado com o iminente triunfo do paulista, Cléber Machado ficou famoso pela forma como narrou o incidente: "Hoje não, hoje não! Hoje sim...". No ano anterior, Rubinho já tinha deixado Schumacher assumir a segunda posição em Spielberg. Em ambas as ocasiões, restavam mais 11 provas para o fim do campeonato.

O episódio foi polêmico para a Ferrari e até para Schumacher. No pódio, o heptacampeão ficou constrangido e pediu para Barrichello ocupar seu lugar no primeiro posto, o que rendeu multa à equipe. Completamente abatido, o brasileiro até aceitou, mas isso não revertou o vexame, e vaias foram ouvidas no autódromo. Claramente para Jean Todt e Ross Brawn, então chefes da escuderia de Maranello.

Kimi Raikkonen

O popular piloto finlandês é o último campeão pela Ferrari, mas o vencedor da temporada 2007 não escapou dos jogos da equipe italiana. Raikkonen, que retornou ao time de Maranello em 2014, foi preterido por Vettel em mais de uma ocasião.

Uma delas foi no GP de Mônaco de 2017, sexta etapa do Mundial. Com volta irretocável, o finlandês fez a pole position no Principado e se manteve à frente na largada. Até que a Ferrari decidiu usar a estratégia de pit stops para demovê-lo da liderança na 39ª volta, em prol de Vettel. O alemão liderava o campeonato e venceu a prova, mas foi Hamilton quem levantou a taça no final do ano.

Em 2018, outro episódio marcante aconteceu no GP da Alemanha. E também na 39ª volta: Vettel estava atrás de Raikkonen, mas com ritmo melhor e desgastando os pneus. O alemão reclamou com a equipe, que de pronto acionou o finlandês para abrir passagem. A comunicação entre o piloto e a escuderia foi até engraçada.

 - Kimi, você sabe que temos que cuidar dos pneus. Suas estratégias são diferentes e gostaríamos que você não segurasse o Seb.

 - Desculpe, mas você pode ser mais direto? Não sei o que você quer que eu faça.

 - Perder o menor tempo possível, obviamente. Seb pode ir mais rápido mas está desgastando os pneus e você também, temos que cuidar deles.

 - Você quer que eu o deixe passar? Só me diga!

 

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