Kvyat fala sobre relacionamento com Marko: "Me ligava falando que se não melhorasse estava fora"
Em entrevista ao podcast oficial da F1, o piloto da AlphaTauri comentou como que é seu relacionamento com o consultor da Red Bull desde o período da Academia
Helmut Marko é uma das pessoas mais emblemáticas do paddock da Fórmula 1. O ex-piloto austríaco gerencia hoje a Academia da Red Bull e é consultor do programa de F1. Conhecido por suas decisões polêmicas, como as trocas de pilotos no meio da temporada, nem todos veem o trabalho de Marko como "ditatorial" e, entre eles, está o piloto da AlphaTauri, Daniil Kvyat.
O russo é notoriamente um dos mais impactados pelo modo como Marko lida com os pilotos da Red Bull. O russo perdeu sua vaga na equipe principal para Max Verstappen após três provas em 2016 e, no ano seguinte, perdeu o lugar na Toro Rosso no meio do campeonato.
Em entrevista ao podcast oficial da F1, Kvyat falou sobre seu relacionamento com Marko e como ele analisa o gerenciamento que o austríaco faz na Red Bull.
"Ele sempre conversou conosco", disse Kvyat. "Mesmo quando éramos adolescentes e, mesmo naquela época, ele sempre pedia minha opinião: 'Você tem essas escolhas para o próximo ano. O que acha? Se sente pronto para ir onde?'. Eu sempre negociava com ele e a Red Bull desde que eu tinha 15 anos".
Uma das grandes dificuldades, segundo Kvyat, é de entender o que está passando na cabeça de Marko, mas deixando livre para decidir seu futuro.
"É muito difícil entender o que passa em sua cabeça. Ele é um personagem interessante, único, difícil. Ele me deixava correr em campeonatos mais fáceis, mas ele esperava que eu vencesse, sem ter competição. E se não ganhasse, estava fora. Então sempre quis ir para o mais difícil".
"Eu lembro de uma vez que ele me disse que eu teria que fazer mais um ano de Fórmula Renault. Fiquei bravo, porque queria ir para a Fórmula 3. Mas ele disse que seria melhor para minha confiança ganhar mais corridas. E ele estava certo. De vez em quando precisamos consolidar nossa experiência".
A pressão de Marko não é algo restrito às categorias principais como a F1. Kvyat conta que desde a sua adolescência ele recebia ligações do chefe cobrando resultados.
"De vez em quando ele me ligava pra falar 'se você não ganhar a próxima corrida, não melhorar, você está fora'. Esse era o tipo de ligação que eu recebia quando tinha 15 anos".
"Tinha que me adaptar a isso, e foi isso que me tornou melhor do que era antes. Eu me lembro dessas ligações, claramente. 'Olha, isso não é bom. Você precisa melhorar', e desligava o telefone. Quando eu melhorava, ele me dizia pra continuar assim. Esse é um resumo da minha carreira, se torna algo normal depois de algum tempo".
Mas, quando perguntado se ele agradece à Marko por tudo conquistado em sua carreira mesmo com isso, Kvyat rapidamente disse que sim.
"Certamente. Quando falo dessa pressão, não estou falando de modo negativo, e sim positivo. O que ele me deu, foi resistência mental, uma das melhores possíveis, e isso é importante, principalmente nas categorias de base. Hoje vejo isso como algo normal".
O russo ainda disse que, apesar de ser um piloto, Marko nunca foi muito de dar dicas de pilotagem.
"Ele sempre fala com os engenheiros antes. E se existe um problema óbvio, como aquecimento de pneus, ele sempre vinha falar: 'Esse é o seu maior problema, vamos trabalhar nisso nos próximos testes'. Mas ele nunca foi de dizer faça isso ou faça aquilo. Ele sabe exatamente qual é o seu trabalho e o dos engenheiros. Esse é outro ponto positivo dele".
GALERIA: Relembre a histórica dança das cadeiras de Red Bull e Toro Rosso na F1
Pierre Gasly estreou na Red Bull em 2019, após boa temporada com a Toro Rosso.
Foto de: Sutton Motorsport Images
Campeão da GP2 em 2016, o francês ficou a meio ponto de conquistar a Super Fórmula em 2017. Naquele ano, estreou pela Toro Rosso, substituindo Daniil Kvyat no GP da Malásia.
Depois de um bom 2018 com a Toro Rosso, Gasly foi promovido. Entretanto, o francês não convenceu na Red Bull e foi rebaixado para dar lugar a Alexander Albon a partir do GP da Bélgica. A troca é a última de uma histórica dança das cadeiras entre equipe principal e júnior na F1.
Foto de: XPB Images
A primeira 'troca' do grupo aconteceu antes mesmo da criação da Toro Rosso. Foi em 2005, na primeira temporada da Red Bull. Companheiro do escocês David Coulthard, o austríaco Christian Klien foi substituído pelo italiano Vitantonio Liuzzi em quatro GPs na metade do ano.
Foto de: Red Bull Racing
Em 2006, na primeira temporada da Toro Rosso na F1, Liuzzi fez dupla com o norte-americano Scott Speed (direita). Na Red Bull, Coulthard seguiu tendo Klien como parceiro, mas o austríaco foi substituído pelo holandês Robert Doornbos a quatro provas do fim do ano.
Foto de: XPB Images
No ano seguinte, o australiano Mark Webber foi contratado para correr ao lado de Coulthard na Red Bull.
Foto de: XPB Images
2007 foi um ano cheio de mudanças na Toro Rosso. Speed deixou a equipe depois de um ano e meio, após discutir com o chefe da escuderia, Franz Tost, no GP da Europa.
Foto de: XPB Images
Com a saída de Speed, um jovem chamado Sebastian Vettel assumiu a vaga. A então promessa alemã havia estreado pontuando com a BMW nos Estados Unidos. Vettel disputou as últimas sete corridas de 2007 com a STR, chegando em quarto na China, enquanto Liuzzi foi o sexto.
Foto de: XPB Images
Na temporada seguinte, Coulthard e Webber seguiram como pilotos titulares da Red Bull.
Foto de: XPB Images
Liuzzi deu lugar ao francês Sebastien Bourdais na Toro Rosso em 2008. Já Vettel conquistou sua primeira vitória, e a única da equipe, ao triunfar no GP da Itália.
Foto de: XPB Images
Em 2009, Coulthard se aposentou e Vettel foi promovido.
Foto de: James Moy
Quem assumiu a vaga do alemão na Toro Rosso foi o suíço Sebastien Buemi, novo companheiro de Bourdais.
Foto de: XPB Images
O francês, porém, não rendeu como o esperado e acabou substituído no meio da temporada. Quem assumiu foi o espanhol Jaime Alguersuari.
Foto de: XPB Images
Alguersuari e Buemi foram companheiros por duas temporadas e meia, entre os anos de 2009 e 2011.
Foto de: XPB Images
Para 2012, entretanto, a Toro Rosso dispensou a dupla. Os substitutos foram Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne. Buemi seguiu como piloto de testes na Red Bull e mais tarde rumaria para a Fórmula E, na qual tem um título. Alguersuari largou o automobilismo e hoje se dedica à carreira de DJ.
Foto de: XPB Images
Em 2014, Webber se aposentou e foi substituído por Ricciardo na Red Bull.
Foto de: XPB Images
Com isso, Kvyat assumiu o posto de piloto da Toro Rosso ao lado de Vergne.
Foto de: XPB Images
Em 2015, Vettel foi para a Ferrari e foi substituído por Kvyat. Já Vergne foi dispensado e também foi para a F-E, na qual é o atual bicampeão.
Foto de: XPB Images
Com as saídas de Kvyat e Vergne, Max Verstappen e Carlos Sainz assumiram as vagas da Toro Rosso. Eles foram companheiros durante um ano e meio.
Foto de: XPB Images
Em maio de 2016, Verstappen foi promovido para a Red Bull e venceu logo em sua primeira corrida, na Espanha. Kvyat, em má fase, foi rebaixado para a Toro Rosso.
Foto de: XPB Images
Em 2017, Ricciardo e Verstappen seguiram na Red Bull. Eles foram companheiros até o fim de 2018.
Kvyat conseguiu manter sua vaga na Toro Rosso em 2017, mas foi amplamente batido por Sainz. Gasly, então, assumiu a vaga do russo. Sainz se transferiu para a Renault antes do fim do ano, sendo substituído pelo neozelandês Brendon Hartley.
Foto de: Andrew Hone / Motorsport Images
Hartley e Gasly se mantiveram na equipe em 2018. No fim do ano passado, porém, o anúncio da ida de Ricciardo para a Renault provocou novas mudanças.
Foto de: Andy Hone / Motorsport Images
Gasly foi o escolhido para a vaga do australiano, enquanto Hartley foi dispensado e foi para a Ferrari como piloto de simulador, antes de assinar pela Dragon na F-E e correr no WEC. Em seus lugares, a Toro Rosso contratou Albon e Kvyat, que recebeu nova chance na F1.
Foto de: Simon Galloway / Motorsport Images
Na terceira passagem pela Toro Rosso, o russo conquistou o segundo pódio da história da equipe. Ele terminou em terceiro no GP da Alemanha. Não foi o suficiente, porém, para se credenciar a um retorno para a Red Bull.
Foto de: Mark Sutton / Motorsport Images
A contratação de Albon pela Toro Rosso também teve suas complicações. Ele tinha acabado de assinar com a Nissan na F-E, mas voltou atrás para aceitar a proposta da STR.
Foto de: Mark Sutton / Motorsport Images
O novato tailandês tomou o posto de Gasly na Red Bull a partir do GP da Bélgica, ao passo que o francês retornou para sua ex-equipe após 12 provas fracas pelo time principal.
Foto de: Dom Romney / Motorsport Images
Para 2020, a Red Bull manteve suas duplas de pilotos da temporada passada: Max Verstappen e Alexander Albon continuam com a Red Bull...
Foto de: John Toscano / Motorsport Images
... enquanto Pierre Gasly e Daniil Kvyat continuam como uma dupla, só que agora na AlphaTauri, novo nome da Toro Rosso.
Foto de: Zak Mauger / Motorsport Images
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VÍDEO: Os 5 pilotos da F1 que mereciam ter sido campeões e ficaram sem título
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