A corrida de cidadãos com passaporte italiano da Fórmula 1 é incessante. O primeiro a chegar em Melbourne, uma vez desembarcado, informou os demais que ainda estavam viajando sobre os procedimentos adotados no aeroporto da cidade australiana com os que chegavam de áreas de risco.
No momento, é reservado um procedimento especial para quem chega da Itália, que consiste em verificar a temperatura e, no caso de estar abaixo de 37,5 graus, a entrega de um manual com as instruções a se seguir se sintomas de gripe aparecerem.
Para os que não passam no teste por estar com a temperatura acima, há uma análise de uma amostra colhida pela inspeção da faringe, que prolonga a estadia no aeroporto por pelo menos algumas horas.
Mas, obviamente, não apenas os italianos estão preocupados com os dias que antecedem o início desta temporada. Com a notícia da realização do GP do Bahrein com portões fechados, surge a pergunta sobre qual será o futuro do mundial. Os organizadores da prova do Bahrein podem se dar ao luxo de dispensar a venda de ingressos, mas outros grandes prêmios dependem muito do dinheiro vindo dos espectadores.
No Bahrein, haverá um canal de entrada específico para os trabalhadores da F1 com passaporte de áreas classificadas como "em risco", que serão testados na chegada à capital Manama e depois transportados para o Circuito de Sakhir, onde esperarão os resultados antes de poderem ir para os hotéis.
No momento, as duas primeiras corridas parecem garantidas. Mas há dúvidas quanto a terceira. Os procedimentos de concessão de vistos para os italianos estão se movendo lentamente, e os casos de coronavírus já surgiram em Hanói, capital do Vietnã e sede da etapa.
Muitos dos pilotos de F1 chegaram à Austrália no fim de semana para se adaptar ao fuso horário do país e descansar após um longo voo. Alguns viajaram com todas as precauções necessárias e, curiosamente, muitos deles usaram o mesmo modelo de máscara, um tipo francês que cobre grande parte do rosto (esta que Giovinazzi está usando na foto do artigo).
No final, para eles, a adrenalina da primeira corrida do campeonato é maior que a incerteza e o medo gerados pelo vírus.
Hoje, espera-se a chegada do pessoal da Ferrari e da AlphaTauri a Melbourne, sendo que parte das equipes já chegou à Austrália na semana passada para montagem dos boxes. A partir de terça-feira a preparação para o GP começara como o planejado.
Everything Starts Here. "Tudo começa aqui", diz o poster promocional do Grande Prêmio da Austrália no aeroporto de Melbourne. Sim, a temporada começa aqui, mas a questão é saber onde ou como um campeonato continuará com um adversário difícil pela frente: o COVID-19.
GALERIA: Como o coronavírus está impactando o automobilismo mundial?
O primeiro evento oficial a cair foi o ePrix de Sanya da Fórmula E. Originalmente marcado para 21 de março, ele foi adiado pela categoria, mas até o momento não foi anunciado uma nova data.
Foto de: FIA Formula E
Dias depois, a F1 adiou o GP da China. No momento, então buscando uma data alternativa mais próximo do fim da temporada, mas o calendário já apertado torna essa uma busca difícil
Foto de: Sutton Motorsport Images
A Ferrari precisou fechar seus museus em Modena e Maranello após pedido do governo da região
Foto de: Jose Carlos de Celis
A DTM mudou a sede de sua pré-temporada. Ao invés de Monza, na Itália, as sessões serão realizadas em Hockenheim
Foto de: Mario Bartkowiak
O piloto da equipe ART na Fórmula 2, Christian Lundgaard, perdeu a pré-temporada da categoria no Bahrein porque estava em quarentena em um hotel na ilha espanhola de Tenerife após surgirem casos do coronavírus no local
Foto de: Carl Bingham / Motorsport Images
Lundgaard não é o único piloto preso no hotel. O brasileiro Caio Collet e outros pilotos da Academia da Renault também estavam no local e se encontram retidos no hotel em Tenerife, mas todos testaram negativo para o coronavírus e foram liberados
Foto de: DPPI
O Salão do Automóvel de Genebra também foi cancelado devido ao coronavírus. Foi colocado a possibilidade de realizá-lo em setembro, mas nada foi confirmado até o momento
Foto de: Motor1
A maior parte dos envolvidos com o mundial de MotoGP que são de nacionalidade japonesa tiveram que ficar no Catar desde o fim do teste, para poderem estar presentes no primeiro GP do ano, que seria realizado em 08 de março
Foto de: Gold and Goose / Motorsport Images
Mas a MotoGP acabou cancelando essa data, que seria a primeira do Mundial de 2020. O Catar adotou regras mais rígidas quanto a entrada e saída de cidadãos de países afetados e as equipes não tinham garantias de que poderiam disputar a prova
Foto de: Gold and Goose / Motorsport Images
Por outro lado, a Dorna Sports, dona da MotoGP, manteve as provas da Moto2 e Moto3 no Catar. O motivo? Os pilotos e as equipes já estavam no Catar antes das novas normas para a realização de suas pré-temporadas
Foto de: Gold and Goose / Motorsport Images
O GP da Tailândia foi oficialmente adiado pelo motivo do cancelamento do Catar, sendo remarcado para o primeiro final de semana de outubro
Foto de: Gold and Goose / Motorsport Images
Durante o final de semana do GP do Catar, o CEO da Dorna, Carmelo Ezpeleta, afirmou que não seria possível remarcar a etapa do Catar para a MotoGP, como foi feito com a Tailândia, porque a pista de Losail passará por reformas
Foto de: Gold and Goose / Motorsport Images
A Super Fórmula, principal categoria do automobilismo japonês, cancelou a rodada de abertura da temporada de 2020, que seria realizada em 05 de abril devido ao COVID-19
Foto de: Jun Goto
Depois de Sanya, a Fórmula E teve mais um impacto em seu calendário, com o adiamento do eP de Roma. A Itália é um dos países mais afetados pelo coronavírus e outras provas já foram canceladas no país como as 12 Horas de Monza, da 24h Series
Foto de: Andrew Ferraro / Motorsport Images
A MotoGP também enfrenta dúvidas sobre o GP das Américas, que deveria ser a etapa inaugural da temporada. A cidade de Austin declarou estado de emergência pelo coronavírus, o que pode levar a uma proibição de eventos de grande porte, como a MotoGP
Foto de: Gold and Goose / Motorsport Images
No dia seguinte à notícia de Austin, o GP do Bahrein, que anunciou que vai realizar a etapa com portões fechados, para evitar a disseminação do COVID-19 pelo país. A decisão foi tomada para inibir a vinda de estrangeiros ao Bahrein
Foto de: Mark Sutton / Motorsport Images
Na Fórmula E, há duas equipes chinesas, a NIO 333 e a Techeetah, além de um piloto chinês, Ma Qinghua. Para poder participar do ePrix da Cidade do México, em fevereiro, o piloto optou por fazer uma quarentena de 14 dias na cidade por segurança
Foto de: Alastair Staley / Motorsport Images
"Não podemos parar, mas não tomaremos riscos desnecessários". Essa é a visão de Ross Brawn, diretor de esporte a motor da F1 quando perguntado sobre o destino das três primeiras etapas do campeonato: Austrália, Bahrein e Vietnã
Foto de: Mark Sutton / Motorsport Images
O GP da Austrália está confirmado e com a presença do público garantida, mas o governo do país anunciou medidas de checagem mais rígidas para pessoas entrando no país via Itália ou que tenham passado recentemente pelo país
Foto de: Zak Mauger / Motorsport Images
No momento, o GP do Vietnã também está confirmado, mas as dúvidas quanto a realização de sua etapa inaugural crescem a cada dia, junto com o aumento no número de casos no país, localizados principalmente na região de Hanoi, capital do país e cidade que receberá o GP
Foto de: Vietnam Grand Prix Corporation
"Estamos considerando todas as opções", é o que afirma o CEO da Dorna Sports, Carmelo Ezpeleta, sobre o futuro da temporada da MotoGP. O contrato da Dorna obriga a empresa a fazer um mínimo de 13 provas no ano, por isso, há entre as opções, a realização de corridas com portões fechados, similar à proposta do GP do Bahrein da F1
Foto de: Gold and Goose / Motorsport Images
Enquanto isso, o Automóvel Clube do Oeste, organizador das 24 Horas de Le Mans, principal prova do automobilismo mundial, tem uma visão muito diferente das outras categorias. Em comunicado divulgado na semana passada, afirmaram estar monitorando a situação, mas acreditam que a epidemia não deve afetar a organização e a realização da edição de 2020 das 24 Horas
Foto de: JEP / Motorsport Images
A Federação Internacional de Automobilismo anunciou na última sexta-feira a criação de um Comitê de Crise para lidar com o impacto do coronavírus no automobilismo, afirmando que tem como objetivo principal proteger os envolvidos com o esporte, e não descarta adiar eventos para isso
Foto de: FIA
A notícia mais recente a impactar o mundo do esporte a motor vem da Itália. Na noite deste sábado (07), o governo do país anunciou um plano radical para tentar conter o avanço do coronavírus: colocar diversas regiões do norte da Itália sob quarentena, impedindo pessoas de entrar ou sair das regiões
Foto de: Zak Mauger / Motorsport Images
Entre as regiões afetadas estão Modena, onde fica a sede da Ferrari, Milão, sede da Pirelli, Lombardia, local da sede da equipe da Yamaha na MotoGP e Pesaro e Urbino, onde mora o multicampeão Valentino Rossi. Isso pode ter grandes implicações para os dois campeonatos. A Fórmula 1 já anunciou que caso algum piloto ou equipe não puder chegar a um país, a categoria não fará uma corrida que seja válida para o mundial
Foto de: Mark Sutton / Motorsport Images
Com a epidemia do coronavírus ainda crescendo ao redor do mundo, é possível que essas não sejam as únicas corridas e campeonatos impactados pelos efeitos do COVID-19. Mas, por enquanto, resta esperar para ver como os acontecimentos desenrolarão
Foto de: Steve Etherington / Motorsport Images
Top Comments