Embora as regras de 2021 da Fórmula 1 ainda não tenham sido finalizadas, as ideias avançaram o suficiente para o editor técnico do Motorsport.com, o mago do design Giorgio Piola, esboçar como a nova geração de carros vai se parecer.
Aqui, Piola oferece mais detalhes a respeito das mudanças que aparecerão daqui a dois anos em uma aposta da F1 para fazer carros que possam seguir uns aos outros mais de perto, suscitando mais emoção. Veja abaixo:
1) A ideia é ter um bico bem baixo. A versão é presa ao corpo principal, como era nos anos 90.
2) O corpo principal é levemente inclinado para melhorar o fluxo de ar ao longo do carro e ajudar a alimentar os túneis do efeito solo (veja abaixo uma galeria que conta a história do efeito solo).
3) As extremidades são arredondadas para ajudar a minimizar o risco de furos em caso de contato entre dois carros, o que poderá ser mais frequente por conta da largura da nova asa.
4) O nariz baixo sem aletas mostra a simplificação aerodinâmica
5) As rodas poderão ter capas para ajudar a direcionar melhor o fluxo de ar e torná-lo mais homogêneo, evitando que se espalhe em várias direções.
6) Os dutos de resfriamento dos freios serão mais simples e terão menos influência na aerodinâmica.
2021 F1 concept, captioned
Photo by: Giorgio Piola
7) As rodas dianteiras serão cobertas com dois defletores, que vão ajudar a limpar o ar e direcioná-lo para o chão, ao invés de jogá-lo para os lados e para trás, o que hoje causa turbulência para os carros de trás.
8) Este será o ponto de início do canal que criará o efeito de Venturi, responsável por reduzir a pressão na parte de baixo do carro e que junto com a passagem do fluxo de ar e a pressão criada pelas asas formam o efeito solo.
9) O halo terá uma integração melhor com o restante do carro.
10) A área superior do assoalho não será totalmente plana porque existe a possibilidade de ser usada para criar mais canais de Venturi nesta área.
11) O difusor mais alto será muito mais poderoso do que o usado atualmente, o que significa que mais força aerodinâmica será criada.
12) A asa traseira possuirá um acabamento que reduzirá a turbulência e desviará o fluxo de ar para cima, criando um espiral duplo.
A VOLTA DO EFEITO SOLO
A F1 terá em 2021 o retorno do efeito solo, que marcou época na categoria no fim dos anos 70 e começo dos 80. O período foi marcado pelo aumento da velocidade dos carros, maior número de ultrapassagens e muitos acidentes, motivo pelo qual foi banido da categoria a partir de 1983.
Confira as curiosidades sobre o efeito solo:
1970 - Chaparral 2J-Chevrolet
Foto de: LAT Images
A tecnologia foi primordialmente explorada pela equipe Chaparral, que utilizou o modelo 2J no campeonato norte americano de protótipos, o Can-Am. No entanto, mesmo sem ter conquistado nenhuma vitória, a novidade foi banida da categoria.
1978 - Lotus
Foto de: Rainer W. Schlegelmilch
A equipe chegou a experimentar o efeito solo em 1977, mas foi no ano seguinte que implementou a tecnologia em definitivo. O time venceu oito corridas naquele ano e conquistou o mundial de construtores e o mundial de pilotos com Mario Andretti.
1978 - Lotus
Foto de: LAT Images
Andretti venceu seis provas e somou 64 pontos, 13 a mais que seu companheiro de equipe, Ronnie Peterson. A Lotus só não venceu todas as etapas do mundial porque seu carro tinha problema de confiabilidade, algo comum na antiga F1.
Colin Chapman: o criador, mas nem tanto
Foto de: Sutton Motorsport Images
Colin Chapman, o projetista chefe e proprietário da Lotus, colhe até hoje os louros pelo sucesso do efeito solo na F1. No entanto, apesar de ser o idealizador do carro vencedor, os responsáveis por trazer o efeito solo para a equipe foram Tony Rudd e Peter Wright, que já tinham tentado algo similar na BRM no final dos anos 60.
1978 - Brabham BT46B Alfa Romeo
Foto de: LAT Images
Além da Lotus, outras equipes de várias categorias já estavam perseguindo ideias semelhantes desde o começo da década de 70. A Brabham foi quem mais se aproximou de bater a Lotus em 1978.
1978 - Brabham BT46B
Foto de: Sutton Motorsport Images
Niki Lauda venceu a etapa da Suécia da F1 com um carro que usava um ventilador para "chupar" o ar debaixo do carro e forçar o efeito solo. No entanto, a tecnologia do time foi banida antes do fim da temporada.
1978 - Jody Scheckter, Ferrari 312T4
Foto de: LAT Images
Apesar de não usar o efeito solo em 1978, a equipe italiana foi vice-campeã em 1978, graças à confiabilidade do carro que venceu todas as vezes que a Lotus teve problemas. Em 1979, a Ferrari reuniu o que tinha de melhor do carro do ano anterior com uma versão própria do efeito solo, e com isso dominou o campeonato. Jody Scheckter venceu e Gilles Villeneuve foi vice.
1980 - Williams FW07B Ford Cosworth
Foto de: LAT Images
A Williams resolveu dois problemas do efeito solo e faturou a temporada de 1980 com Alan Jones. A equipe conseguiu reduzir os custos da solução e fazer com que as peças se ajustassem às curvas, evitando a perda do efeito fora das retas.
1980 - Nelson Piquet, Brabham BT49-Ford Cosworth
Foto de: LAT Images
Nelson Piquet venceu suas primeiras corridas a bordo de uma Brabham naquele mesmo ano e fez frente à Alan Jones no campeonato mundial.
1980 - Brabham BT49
Foto de: Sutton Motorsport Images
O brasileiro triunfou três vezes na temporada e chegou a liderar o campeonato.
1980 - Nelson Piquet (Brabham) e Alan Jones (Williams)
Foto de: Jean-Philippe Legrand
No entanto, a falta de confiabilidade do carro acabou impedindo Piquet de pontuar nas duas últimas etapas, enquanto Jones vencia as provas e superava o brasileiro, sagrando-se campeão mundial.
1981 - Nelson Piquet, Brabham BT49C
Foto de: LAT Images
O ano foi um dos mais disputados da história da categoria, com sete pilotos de seis equipes diferentes vencendo corridas.
1981 - Nelson Piquet, Brabham
Foto de: Sutton Motorsport Images
Nelson Piquet brilhou no carro da Brabham, que era capaz de se ajustar às curvas para manter o efeito solo e vencer a concorrência. O brasileiro conquistava ali o primeiro título mundial de sua galeria.
1982 - Keke Rosberg, Williams FW08
Foto de: Sutton Motorsport Images
No último ano do efeito solo na categoria, Rosberg se valeu da regularidade para ser campeão mundial.
1982 - Keke Rosberg, Williams
Foto de: Williams F1
Naquele ano, 11 pilotos diferentes venceram corridas, mas o finlandês, que venceu apenas uma, chegou mais vezes nos pontos do que todos os rivais e levou o caneco.
1982 - Excesso de acidentes pôs fim ao efeito solo
Foto de: LAT Images
Os acidentes se tornaram frequentes com o avanço do efeito solo, pois bastava o carro tocar no chão para o efeito ser totalmente cancelado, fazendo com que os pilotos perdessem o controle do carro. Dois dos acidentes foram fatais. Na imagem acima, o acidente que tirou a vida de Gilles Villeneuve.
1982 - Excesso de acidentes pôs fim ao efeito solo
Foto de: LAT Images
O último acidente fatal daquele ano foi o de Riccardo Paletti, no Canadá. Logo em seguida, a FIA decidiu eliminar totalmente o efeito solo. Depois do acidente de Paletti, as próximas mortes durante em um fim de semana de GP foram as de Ratzenberger e Senna em Imola, 12 anos depois.
2021 - O retorno do efeito solo
Foto de: Giorgio Piola
Em 2019, a F1 está decidindo os rumos que tomará no futuro. Buscando aumentar as ultrapassagens e o espetáculo, a categoria decidiu reintroduzir a tecnologia a partir de 2021.
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