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Após “dias mais difíceis” de sua vida, Bruno Baptista faz alerta sobre coronavírus: “Não é uma gripezinha”

Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com, piloto da Stock Car de 23 anos relata drama vivido durante tratamento do coronavírus em São Paulo e reitera pedido para as pessoas ficarem em casa

Bruno Baptista

Foto de: Duda Bairros

O automobilismo brasileiro tomou um grande susto nesta quinta-feira, com a volta para casa do piloto da Stock Car, Bruno Baptista, após tratamento do coronavírus no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O piloto de 23 anos ficou internado na unidade de terapia semi-intensiva, após apresentar os primeiros sintomas ainda no interior de São Paulo.

Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com, Bruno, ainda com a voz fraca e ofegante, relatou como tudo aconteceu.

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“Foi há mais ou menos 13 dias, quando comecei a ter os primeiros sintomas”, disse Bruno. “Começou com febre, muitas dores nas costas, como se fosse uma gripe normal. Eu estava no interior de São Paulo e tive que voltar, porque se eu precisasse de hospital, já estaria aqui.”

“E aí passaram mais dois dias e o meu quadro começou a piorar. Comecei a ficar mais ofegante e muito cansado. Meu peito começou a doer também e acabei indo ao hospital. Chamei meu médico de confiança, fizemos o exame da Covid-19, além de algumas tomografias de tórax para ver se poderia ser mais algo mais grave, e aí a gente descobriu que eu estava com coronavírus com uma broncopneumonia.”

Parte do pulmão de Baptista foi afetado. Apesar de ter um quadro em que não precisasse de respiradores, a situação beirava o desespero.

“O médico disse que aproximadamente 30 a 40% do meu pulmão foi atingido pela pneumonia. Fiquei oito dias no hospital internado na semi-UTI, não precisei de respirador, eu conseguia controlar minha respiração.”

“Foi muito duro. Acho que foram os oito dias mais difíceis da minha vida. Começou como uma gripe e, do nada, eu estava na semi-UTI, ofegante, com medo da situação, vendo as notícias na internet, na TV, de tudo que estava acontecendo, e em isolamento. Quando eu cheguei ao hospital, dei tchau para minha mãe e fiquei sem vê-la por oito dias, já que quem está com a Covid-19 fica totalmente em isolamento.“

Bruno Baptista

Bruno Baptista

Photo by: Duda Bairros

E relatou o dia-a-dia no hospital: “E aí começou a minha luta. Remédios na veia, vários exames de sangue, todo dia sendo monitorado. Eu tenho muita sorte por não fazer parte do grupo de risco, não estou acima dos 60 anos, não tenho nenhuma doença respiratória que poderia me afetar ainda mais. A cada dia, eu melhorava um pouquinho.”

“O problema desse vírus é que não há nenhum remédio que mata ele, então é o tempo que faz você melhorar e as medicações que ajudam seu sistema imunológico.”

“Hoje eu fiz o teste de novo, para ver se o Covid-19 havia saído do meu corpo, e não saiu, eu estou positivo. Devo estar no final da incubação dele. O médico falou que eu preciso ficar afastado, no meu quarto durante sete dias e meu pulmão ainda também não está 100%. Preciso ficar quieto, e vou ficar tomando antibiótico por mais cinco dias por causa da pneumonia.”

“Não é uma gripezinha”

A mensagem mais ouvida e lida na mídia nos últimos dias, o “Fique em casa” é reiterado amplamente por Baptista, que admitiu que não deu bola para o vírus antes de tê-lo.

“Eu só peço uma coisa: todo mundo precisa ficar em casa. As pessoas não têm percebido o que é esse vírus. Eu mesmo, Bruno Baptista, antes de acontecer isso, não tinha noção. Eu mesmo falava para mim que isso seria uma gripe normal, uma gripezinha. Não é uma gripezinha.”

“Eu passei na pele pelo que é isso. Com certeza terão pessoas que vão pegar e não vão aparecer os sintomas, mas também terão pessoas que vão pegar e terão sintomas igual ao meu. Graças a Deus eu não precisei de intubação.”

“Acho que as pessoas precisam ter consciência, porque a gente vive num momento delicado aqui no Brasil. A doença ainda não atingiu seu pico nas classes mais pobres, que, infelizmente, vão ser atingidas, e quando isso acontecer, não vai haver leitos nos hospitais.”

“A gente só está no começo da batalha contra coronavírus e eu só peço que todo mundo tenha a consciência. Isso não é férias, não é brincadeira. É difícil ficar em casa? É difícil fazer home-office? É, mas não podemos sair de casa. A maioria do povo brasileiro não sabe o que é essa doença, só sabe quem pegou. Eu espero, do fundo do meu coração, que todo mundo respeite isso.”

Confira os carros da Stock Car para temporada 2020

Nelsinho Piquet - Equipe Full Time
Rubens Barrichello - Equipe Full Time
Julio Campos - Equipe Crown Racing
Bruno Baptista - Equipe RCM
Guilherme Salas - Equipe KTF Sports
Sergio Jimenez - Equipe KTF Sports
Thiago Camilo - Equipe Ipiranga Racing
Cesar Ramos - Equipe Ipiranga Racing
Gabriel Casagrande - Equipe R Mattheis
Gaetano di Mauro - Equipe Vogel
Galid Osman - Equipe Crown Racing
Átila Abreu - Equipe Crown Racing
Ricardo Zonta - Equipe RCM
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Confira como o coronavírus tem afetado o calendário do esporte a motor pelo mundo

Uma das primeiras aparições do coronavírus no esporte a motor veio com o adiamento da etapa de Sanya, da Fórmula E.
A Fórmula 1 adiou o GP da China pelo mesmo motivo.
Com o crescente aumento de casos do Covid-19, o GP do Bahrein chegou a ser confirmado, mas sem presença de público.
A MotoGP, a maior categoria das duas rodas do mundo, chegou a realizar a primeira etapa no Catar, mas apenas com a Moto2 e Moto3.
Mais tarde, as etapas da Tailândia, Estados Unidos, Argentina, Espanha e França também foram suspensas, com adiamento
No início de abril, a MotoGP confirmou também o adiamento dos GPs da Itália e da Catalunha, dois dos países mais afetados pela pandemia. Neste momento, o GP da Alemanha, em 21 de junho, está marcado para abrir a temporada.
A Fórmula E anunciou a suspensão da temporada por dois meses: os ePrix de Paris e Seul foram adiados.
O GP da Austrália de F1 estava previsto para acontecer, com presença de público e tudo.
Um funcionário da McLaren testou positivo para o Covid-19 e a equipe decidiu não participar do evento.
Lewis Hamilton criticou a decisão da categoria, dizendo que era chocante todos estarem ali para fazer uma corrida em meio à crise do coronavírus.
Após braço de ferro político entre equipes e categoria, a decisão de cancelar o GP da Austrália veio faltando cerca de três horas para a entrada do primeiro carro na pista para o primeiro treino livre.
Pouco tempo depois, os GPs do Bahrein e Vietnã também foram adiados.
Os GPs da Holanda e Espanha também foram postergados.
Uma das jóias da Tríplice Coroa, o GP de Mônaco, foi cancelado. Poucos dias depois, o GP do Azerbaijão também foi adiado
O GP do Canadá também teve seu adiamento confirmado no início de abril. Agora, o GP da França é o primeiro do calendário, e está marcado para 28 de junho
Para atenuar os efeitos de tantas mudanças no calendário, a F1 decidiu antecipar as férias de verão.
Além disso, FIA e F1 concordaram em introduzir o novo pacote de regulamentos que entrariam no próximo ano, a partir de 2022. Mas, segundo Christian Horner, há um movimento para adiar em mais um ano, para 2023, em preparação ao impacto que o Covid-19 terá na economia mundial
Acompanhando a F1, a F2 e F3 também anunciaram suas primeiras provas como adiadas.
Outras categorias e provas nobres do calendário do automobilismo mundial também foram prejudicadas pelo coronavírus.
As 24 Horas de Le Mans foi adiada para 19 de setembro.
A etapa conjunta entre WEC e IMSA em Sebring foi cancelada e o WEC revisou seu calendário, jogando o final da temporada para novembro de 2020, com a próxima temporada iniciando apenas a partir de março de 2021
O tradicional TT da Ilha de Man foi cancelado.
A Indy suspendeu as primeiras corridas em St Pete, Alabama, Long Beach e Austin.
Na teoria, o campeonato começa no dia 6 de junho, no Texas. O circuito misto do Indianápolis Motor Speedway abrigará duas corridas, a primeira no dia 4 de julho e a segunda em 3 de outubro. Laguna Seca também ganhou uma rodada dupla e St. Pete deve fechar a temporada, ainda sem data
As 500 Milhas de Indianápolis será no dia 23 de agosto.
Na NASCAR, a maior categoria do automobilismo dos EUA, foram realizadas as primeiras quatro provas, mas as atividades só voltarão a partir de 3 de maio, com a etapa de Martinsville no dia 9.
No Brasil, a CBA suspendeu as atividades no país por tempo indeterminado.
A Stock teve que adiar a abertura do campeonato, com a Corrida de Duplas. Etapas do Velopark e Londrina também foram adiadas.
A Porsche Cup realizou apenas sua primeira etapa em Interlagos e aguarda novas diretrizes para retomar o campeonato.
Endurance Brasil, Copa Truck, entre outras competições, também estão paralisadas.
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