Entrevista

Galvão Bueno relata emoção ao voltar à Stock após 15 anos e faz mistério sobre narrar outras corridas

Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com, narrador também fala de sua história na categoria e das diferentes gerações nas pistas

Galvão Bueno na Corrida do Milhão da Stock Car

Foto de: Duda Bairros

Depois de quase 15 anos, Galvão Bueno voltou a narrar uma prova da Stock Car. E foi justamente na Corrida do Milhão, disputada em Interlagos (SP), no último domingo. Cheia de polêmicas, a etapa vencida por Ricardo Maurício foi ainda mais emocionante na transmissão oficial, em que o icônico narrador pôde brindar os telespectadores com seu carisma incomparável e os inesquecíveis bordões de todos os domingos.

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Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com, Galvão falou da sensação de voltar aos microfones em uma prova da categoria máxima do automobilismo brasileiro. "Fiquei muito feliz, é uma comprovação de que, quando a gente faz o trabalho com amor, o destino nos permite esse tipo de emoção. Voltar a narrar a Stock, o que eu não fazia desde 2004, ainda mais sendo a Corrida do Milhão, foi muito bacana. Foi uma emoção muito grande", disse Galvão, sempre sorridente.

Galvão Bueno na Corrida do Milhão da Stock Car
Galvão Bueno na Corrida do Milhão da Stock Car
Galvão Bueno na Corrida do Milhão da Stock Car
Galvão Bueno na Corrida do Milhão da Stock Car
Galvão Bueno na Corrida do Milhão da Stock Car
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Galvão, porém, não deu pistas sobre a continuidade na narração da Stock Car no restante da temporada: "Foi uma coisa pontual, então vamos ver. Vamos dar tempo ao tempo e deixar a emoção passar".

Apesar de despistar quanto à participação em outras corridas, Galvão fez questão de destacar seu vínculo com a categoria: "Eu nunca me afastei da Stock Car. Participei ativamente da primeira ida da Stock para a televisão lá nos anos de 1980 e da ida da categoria para a Globo em 2000".

"Conversava isso com o Chico Serra. Quando ele foi tricampeão em sequência, eu era sócio do Washington Bezerra e nós éramos donos da equipe, então o Chico corria para mim e foi tricampeão", relembrou. O narrador e o criador da Stock Car foram parceiros na WB Motorsports, que levou Serra ao tricampeonato entre 1999 e 2001.

Galvão Bueno e Chico Serra na Corrida do Milhão da Stock Car
Galvão Bueno e Chico Serra na Corrida do Milhão da Stock Car
Galvão Bueno e Chico Serra na Corrida do Milhão da Stock Car
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Gerações

"E agora o filho do Chico [Daniel] está aí batendo na porta de ser tricampeão igualzinho ao pai. Então isso é muito legal, poder narrar corridas do filho do Paulão Gomes [Marcos], do filho do Chico, do filho do Bel Camilo [Thiago], do filho do Nelson Piquet [Nelsinho]. E também com o meu filho correndo [Cacá]. Faltou o Popó, mas o Cacá estava aí... Foi muito gostoso, muito bacana, então fiquei muito feliz", relatou Galvão.

O narrador também se emocionou com o lado família da Stock Car: "Vem essa geração e você vê o filho do Daniel no pódio com ele. Quando Cacá vai ao pódio, o Cadu, filho dele [e neto de Galvão], vai com ele também. É muito bacana, é uma vida inteira".

Galvão Bueno, Cacá e família na Corrida do Milhão da Stock Car
Galvão Bueno, Cacá e família na Corrida do Milhão da Stock Car
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Rubens Barrichello

"E ainda temos o Rubinho ativo, com 47 anos. Eu vi as lágrimas nos olhos do Rubinho quando o carro começou a falhar. Ele persegue uma nova vitória em Interlagos desde 1990, quando ganhou na Fórmula 3 Sul-Americana. Deu para ver os olhos do Rubinho cheios de lágrimas debaixo do capacete. Apesar de triste, isso é muito bacana, porque mostra que é um esporte que se faz com muito amor, muita entrega e muito sacrifício", destacou Galvão.

Como 'contraponto' à longevidade de Barrichello, o narrador também destacou a juventude de Marcel Coletta. Com apenas 17 anos, o jovem nem tem carteira de motorista e já é piloto da Stock Car. "O Rubinho poderia ser avô do Coletta. Não, não dava... São só 30 anos de diferença, seria demais. Mas pai, poderia ser fácil, né? Pai do Coletta poderia ser o Rubinho, o Cacá, o Max Wilson, o Ricardinho Maurício, o Ricardo Zonta...", brincou.

Confira os principais bordões dos narradores de automobilismo da TV brasileira

Galvão Bueno:
Clássico bordão do icônico narrador em referência ao tricampeão da Fórmula 1
Galvão Bueno:
No GP do Japão de 1991, em que conquistou seu terceiro título, o brasileiro entregou a vitória para seu companheiro austríaco Gerhard Berger, para loucura de Galvão
Galvão Bueno:
No GP da Hungria de 1986, a memorável ultrapassagem de Piquet sobre Senna, por fora, foi narrada de forma eufórica por Galvão
Galvão Bueno:
Verbalizada no GP da Europa de 1993, a cornetada foi para Michael Andretti, então companheiro de Senna. Enquanto o brasileiro brilhou, o norte-americano abandonou outra vez, dando sequência à má fase na F1. Andretti nem terminou a temporada
Galvão Bueno:
Narração épica da primeira vitória de Rubens Barrichello na F1, a primeira do Brasil em sete anos. Foi no GP da Alemanha de 2000. "Isso, Rubinho! Solta o cinto e levanta do carro! Ergue o seu punho, viva seu momento! Faça rolar suas lágrimas, porque elas são de alegria, mas são também de uma carreira muito sofrida, de muita gente que não acredita, de gente que tem o mau hábito de não respeitar o talento dos outros. Chega o momento de Rubens Barrichello. A vitória é sua, Rubinho!"
Cléber Machado:
"É inacreditável. Olha, é inacreditável. Não há nenhuma necessidade de a Ferrari fazer isso". Foi assim que Cléber Machado definiu o fim do GP da Áustria de 2002. Um ano depois de a escuderia pedir para Barrichello entregar uma vitória ao alemão Michael Schumacher, que brigava pelo título em 2001, nova ordem obrigou o brasileiro a abdicar do triunfo de forma lamentável em 2002, quando Schumacher liderava com folga. Triste e inesquecível
Galvão Bueno:
O ocorrido na Áustria não apagou a marca registrada em homenagem a Rubinho, responsável pela última vitória brasileira na F1, na Itália, em 2009
Galvão Bueno:
No GP da Hungria de 2010, Schumacher tentou evitar ultrapassagem do brasileiro espremendo-o no muro. Mas Rubinho levou a melhor na batalha entre ex-companheiros de Ferrari. "O muro acabou na hora certa, gente, ele ia bater no muro. E olha que o Schumacher jogou ele na parede, amigo", definiu Galvão
Galvão Bueno:
Schumacher quebrou no GP do Japão de 1991. Galvão narrou: "Schumacher ficou para trás. Olha lá o Schumacher, a corrida acabando para ele. Fizeram [Benetton] a opção deles. Não quiseram mais o Piquet e o Moreno. Olha, com Schumacher e com Brundle, eles vão gastar dinheiro, viu? Eles vão gastar dinheiro na próxima temporada, porque o que eles [pilotos] batem não é fácil, e o que eles estouram de motor..."
Galvão Bueno:
Mais um clássico de Galvão, desta vez para Massa, último piloto brasileiro na F1
Galvão Bueno:
"Hamilton é campeão mundial. Na última curva". Triste e memorável narração no GP do Brasil de 2008, no qual Massa foi campeão por alguns segundos, até que o britânico ultrapassou Timo Glock para conquistar seu 1º título, ainda com a McLaren
Galvão Bueno:
Mesmo quem não gosta de F1 já deve ter ouvido este clássico
Galvão Bueno:
Bordão do narrador para situações de chuva forte
Galvão Bueno:
Mais um bordão de Galvão para situações de chuva na F1
Luis Roberto:
Max Verstappen venceu o GP da Áustria de forma impressionante neste ano. Depois ultrapassar a Ferrari do alemão Sebastian Vettel, o holandês fez um "gol da Holanda", como definiu Luis Roberto
Sérgio Maurício:
Bordão elogioso de Sérgio Maurício (à direita), mais um narrador de automobilismo do Grupo Globo
Téo José:
Marca registrada do narrador da Fox Sports, que sempre emprega o bordão para decretar o vencedor das corridas
Téo José:
"Passa Tony, passa Tony, passa Tony, passa Tony, passa Tony. Não perde mais, Tony Kanaan!" Na versão feliz do 'hoje não, hoje sim', Téo José viu Max Papis ter pane seca para delegar ao brasileiro Tony Kanaan sua primeira vitória na Indy, na US 500 de 1999
Luciano do Valle:
"Sabe por quê? Vai dar bandeira amarela, e o Emerson está na frente. Ganhou o Brasil! Ganhou o Brasil! Espetacular! Uma vitória que vai ficar para a história de todos nós!". Foi assim que o saudoso narrador definiu a primeira vitória de Emerson Fittipaldi nas 500 Milhas de Indianápolis, em 1989
Sergio Lago:
O ex-narrador do Speed e Fox Sports tem um jeito característico após o comando de ligar os motores nas provas da NASCAR. Além dele, ficou famoso também o "Bandeira verde!", anunciando o início de cada prova da maior categoria do automobilismo norte-americano.
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