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Gasly faz relato emocionante sobre a morte de Hubert e rebaixamento da Red Bull em 2019

Em coluna no site The Players Tribune, o piloto francês falou sobre como não se sentia ouvido na Red Bull desde antes do início da temporada 2019

Pierre Gasly, AlphaTauri, lays flowers in memory of Anthoine Hubert, who passed away at this spot in 2019

Pierre Gasly disputará sua quinta temporada na Fórmula 1 em 2021. E nesse período já conheceu os altos e baixos do Mundial, com sua improvável vitória no GP da Itália do ano passado, o rebaixamento da Red Bull em 2019 e a morte de um de seus melhores amigos, Anthoine Hubert, durante etapa da F2 em Spa-Francorchamps.

Um ano e meio após a morte de Hubert, Gasly divulgou nesta segunda (22) um relato emocionante sobre esse período de sua carreira em uma coluna no site The Players Tribune, que dá espaço para atletas de elite falarem sobre episódios de suas vidas.

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O texto, assinado pelo próprio Gasly, começa com uma declaração de inteções: "Há muitas coisas que venho querendo dizer há muito tempo. E chegamos a este momento. Para que vocês me conheçam, entendam quem eu realmente sou, temos que falar do dia que mudou minha vida para sempre: o dia que minha vida antiga acabou e uma nova começou: 31 de agosto de 2019".

Naquele dia, Hubert sofreu um gravíssimo acidente durante a primeira corrida da F2 em Spa-Francorchamps, e acabou falecendo devido ao impacto da batida em T que teve com o carro de Juan Manuel Correa. Gasly conta que gostava de ver as primeiras voltas da F2, mas que naquele dia, após ver a bandeira vermelha, sentiu algo muito ruim.

"Me lembro de pensar que alguém poderia ter ficado gravemente ferido e que poderia ficar fora pelo resto do ano. Mas, no meu coração, sentia que alguma coisa realmente ruim teria acontecido. Meu corpo sabia".

Pierre Gasly, AlphaTauri, with flowers in memory of Anthoine Hubert

Pierre Gasly, AlphaTauri, with flowers in memory of Anthoine Hubert

Photo by: Charles Coates / Motorsport Images

Gasly relembra que estava em uma reunião com seus engenheiros e buscou concentrar-se nos dados e informações para a corrida, até que seu chefe comentou: "Parece que Hubert e Correa se envolveram no acidente. Não sabemos de mais nada".

"Comecei a tremer. Não conseguia sentir minhas mãos e não ouvia o que os demais diziam. Minha respiração tornou-se errática e as mãos suavam tanto que não conseguia pegar o telefone para buscar mais notícias nas redes sociais".

"Quando a reunião terminou, corri na zona de hospitalidade para ver meus pais e minha namorada porque sabia que eles teriam mais informações. Lembro que desci as escadas e os vi chorando. Podia ver que estavam destruídos. E compreendi o que aquilo significava".

"Sabia que havia perdido meu amigo. Não estava preparado para isso. Sinceramente, deixei minha mente divagar... para pensar que talvez Anthoine estava apenas em coma ou algo do tipo. Mas a morte? Morte? Nunca pensei que isso poderia ser possível".

"Sabe, quando Jules Bianchi morreu em um acidente em 2015... [na realidade, Bianchi morreu meses depois], foi a primeira vez em muito tempo que alguém de nossa geração de pilotos, em qualquer nível, havia morrido. Isso acontecia com frequência há 40 ou 50 anos. Mas agora?".

"Estava completamente destruído. Chorei até não conseguir mais. Nunca havia vivenciado um sentimento desses na minha vida. Nunca. Naquela noite, quando fechava os olhos para dormir, pensava em meu amigo".

O francês relembrou do programa para jovens talentos da Federação Francesa de Automobilismo em 2009, quando passou a conviver mais com Hubert, como um ajudou o outro a melhorar na pista e a certeza que tinha de que ambos poderiam chegar à F1 no futuro.

"Sendo completamente sincero, acredito que tanto Anthoine quanto eu pensávamos que não iríamos conseguir. As chances não estavam a nosso favor. Tínhamos talento, paixão, mas não contávamos com um respaldo financeiro grande, nem nenhum dos outros recursos que uma criança precisa para chegar lá".

"Mas nosso sonho dos tornou amigos. E nossa amizade nos deu a oportunidade de superarmos isso".

Pierre Gasly, Red Bull Racing

Pierre Gasly, Red Bull Racing

Photo by: Sam Bloxham / Motorsport Images

O pesadelo na Red Bull

Mas o ano problemático de Gasly havia começado duas semanas antes, quando a Red Bull havia lhe comunicado o rebaixamento para a Toro Rosso na segunda metade da temporada 2019.

"Desde o momento em que cometi meu primeiro erro no carro, senti que as pessoas começaram a se voltar contra mim aos poucos. Tive um acidente na pré-temporada e, a partir deste momento, o ano não foi bem".

"Logo de cara tive duas corridas muito duras com a Red Bull e a imprensa me detonou. Tudo que dizia nas coletivas se convertiam em uma desculpa para a minha forma e ninguém me defendia".

"O carro não era perfeito, e eu estava fazendo tudo possível para melhorar e aprender a cada semana, mas... vou dizer isso: foi um momento difícil para mim na Red Bull, porque não sentia que tinha apoio lá e não era tratado da mesma maneira que os demais".

"Para mim, isso é algo inaceitável. Dava o meu melhor a cada dia, buscando obter resultados para a equipe, mas não me davam todas as ferramentas que precisava para ter sucesso. Tentava oferecer soluções, mas ninguém me escutava e as mudanças levavam semanas para acontecer".

"Por essas razões, nunca iria me encaixar aqui, simplesmente não iria funcionar. Não sou o tipo de pessoa que começa coisas na imprensa, porque realmente agradeço a Red Bull pela oportunidade, além de tudo que fizeram em minha carreira. Realmente sou. Mas essa é a minha verdade".

E depois de relembrar das sensações vividas no GP da Itália de 2020, quando conquistou sua primeira vitória, Gasly encerra sua coluna assim: "Tenho muita sorte de estar aqui, de fazer o que faço. E tenho muita sorte de ter conhecido Anthoine Hubert. Levarei comigo, onde quer que vá, seus sonhos e ambições. Te amo amigo".

Clique aqui para ler a íntegra da coluna de Gasly no The Players Tribune (em inglês).

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