Finalmente o Mercedes-AMG One está aqui. Cinco anos e meio depois que a Mercedes-Benz disse pela primeira vez que ia enfiar um motor de Fórmula 1 em um carro de rua, enfim podemos ver o produto final. O AMG One está vivo e cumpre com todas as promessas feitas pela marca: tem uma mecânica vinda da F1; pode rodas nas ruas; e ainda tem uma potência de 1.063 cv.

"Com o Mercedes-AMG One, nós ultrapassamos os limites. Os imensos desafios técnicos de tornar uma motorização moderna de Fórmula 1 adequada para o uso diário na estrada sem dúvida nos levaram aos limites", disse Philipp Schiemer, presidente do conselho de administração da Mercedes-AMG. "Muitos podem ter pensado, durante o período de desenvolvimento, que o projeto era impossível de ser implementado. Entretanto, as equipes em Affalterbach e na Grã-Bretanha nunca desistiram e acreditaram em si mesmas. Tenho o maior respeito por todos os participantes e estou orgulhoso deste trabalho de equipe".

Mercedes-AMG One (2022)

Motor F1 em um carro de rua

O coração do AMG One é, sem dúvida, seu motor. Desde o primeiro anúncio, em 2017, sabe-se que o plano era trazer o propulsor da F1 para o hipercarro. Só que também foi uma fonte de muita frustração, pois precisou ser retrabalhado para que atendesse às normas de emissões e não fizesse 1 km/litro. Deu certo, pois o 1.6 V6 turbo consegue chegar a nada menos que 11.000 rpm, usando apenas um turbo com assistência elétrica. Utiliza duplo comando de válvulas, válvulas de mola de ar, injeção direta e um complexo sistema de limpeza de gases de escape para produzir 574 cv por conta própria. E isso atendendo às normas de emissões do Euro 6.

Mercedes-AMG One (2022)
Mercedes-AMG One (2022)
Mercedes-AMG One (2022)

O incrível motor é apenas metade da mecânica. Ainda utiliza mais quatro motores elétricos que e combinam para gerar os 1.063 cv de potência total do AMG One, transmitido para as quatro rodas. São dois motores na frente, um posicionado em cada roda e que entregam um total de 326 cv. O terceiro propulsor está junto com o motor a gasolina, gerando mais 163 cv. O último trabalha com o turbo de alta tecnologia e a Mercedes-Benz diz que acrescenta mais 122 cv. Ainda funciona como um gerador, recuperando a energia do turbo conforme os gases de escape o fazem girar.

Eletrificado para um desempenho chocante

Além do motor, os engenheiros da Mercedes-AMG passaram um tempo considerável trabalhando nas baterias de íon-lítio do AMG One. Sendo um híbrido plug-in, ele não carrega um conjunto robusto como em um carro elétrico puro - a capacidade total é de apenas 8,4 kWh. Mas mantê-las frias é fundamental para um ótimo desempenho, levando a Mercedes-Benz a utilizar um complexo sistema de resfriamento líquido para cada bateria. Isto também permitiu que a fabricante mantivesse o peso total bem baixo.

O resultado é um carro com mais de 1.000 cv combinados que mantém a temperatura da bateria em torno de 45°C. Ele pode percorrer 18,1 quilômetros somente com a energia elétrica, e pesa aproximadamente 1.695 kg.

Galeria: Mercedes-AMG One 2023

Usando tudo o que tem, o AMG One vai acelerar de 0 a 100 km/h em 2,9 segundos, aproveitando ao máximo seu sistema AMG 4Matic+ de tração integral e nova transmissão manual automatizada de sete marchas desenvolvida especificamente para o hipercarro. Sim, manual e automatizada, pois a embreagem tem acionamento automático, mas o motorista precisa fazer as trocas usando as aletas atrás do volante. Talvez mais impressionante seja seu tempo de 0 a 200 km/hm de apenas 7 segundos. Pisando fundo, o AMG One chegará a 352 km/h.

Suspensão e carroceria

O chassi monobloco do AMG One conta com uma suspensão push-rod, como na Fórmula 1, também projetada para o máximo desempenho. Utiliza alumínio de forma generosa embaixo da carroceria, com cinco braços e duas barras ajustáveis na frente e atrás. As barras são montadas transversalmente, substituindo efetivamente a tradicional barra estabilizadora para reduzir o balanço da carroceria. Os submódulos de direção podem ajustar a suspensão nos modos Comfort, Sport, ou Sport+, dependendo de um dos vários modos  de condução disponíveis. Estas escolhas mexem também no sistema de vetorização do torque.

Mercedes-AMG One (2022)
Mercedes-AMG One (2022)
Mercedes-AMG One (2022)

Como você pode imaginar, a carroceria é um exemplo a ser estudado em aerodinâmica. Ele gera downforce a partir de 50 km/h, embora a marca não diga quanta força é gerada. Talvez isso seja porque depende do modo escolhido, já que o One está inundado de componentes aerodinâmicos adaptativos. Você encontrará asas móveis no difusor dianteiro, passagens de ar nos arcos das rodas dianteiras e, é claro, a asa traseira móvel. Nos programas Race Plus e Strat2 do modo Track, o downforce é cinco vezes maior do que no modo normal em estradas. Um terceiro modo chamado Race DRS é um modo de baixo arrasto para atingir a velocidade máxima.

Interior e Características

A experiência da Fórmula 1 não está limitada ao motor ou à suspensão. Dentro do AMG One você encontrará assentos esculpidos que proporcionam uma posição de dirigir em que suas pernas ficam praticamente retas. O motorista pega um volante retangular no estilo da F1, com duas telas digitais de 10" que se destacam do painel. Porém, esta não é inteiramente uma experiência como na Fórmula 1, pois você encontrará saídas do ar-condicionado e alto-falantes combinados ao acabamento de fibra de carbono e couro. As portas de asa de borboleta tem até vidros elétricos e usa uma câmera no lugar do tradicional espelho retrovisor.

Mercedes-AMG One (2022)
Mercedes-AMG One (2022)
Mercedes-AMG One (2022)

Do lado de fora, o AMG One usa rodas especiais de dez raios, mas pode receber rodas de magnésio forjado com nove raios, calçando pneus Michelin Pilot Sport Cup 2 M01. Elas foram desenvolvidas especificamente para o hipercarro, e com pinças de seis pistões que agarram os freios a disco de 15,6 polegadas de cerâmica de carbono na frente (pinças de quatro pistões com discos de 15 polegadas estão na traseira), é seguro dizer que o One deve fazer curvas e parar tão bem quanto acelera. Há rumores de que a Mercedes-AMG quer o recorde de Nürburgring Nordschleife, mas até agora nada foi confirmado.

Teremos que esperar um tempo para ver o desempenho real do Mercedes-AMG One. Até agora, a fabricante havia dito que faria somente 275 unidades do hipercarro, cada uma custando US$ 2 milhões (R$ 9.594.000) e que já estaria esgotado. Quem sabe, se mais alguns ricaços pedirem e se o carro fizer bastante barulho pelas redes sociais, a marca não decida produzir mais alguns.

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