Nos 50 anos do primeiro título do Brasil na F1, Emerson revela drama antes de conquista e emoção com pai
Acidente com caminhão que levava Lotus durante a semana e vazamento inesperado antes do GP da Itália foram apenas alguns dos obstáculos enfrentados pelo brasileiro antes do título
O dia é de festa para o Brasil na Fórmula 1. Mesmo sem um representante em tempo integral desde 2018, o país é uma das referências na maior categoria do automobilismo mundial. Um dos pioneiros, tanto na presença como na conquista de resultados, não esquecendo de pilotos como Chico Landi, Gino Bianco, Nano da Silva Ramos, Fritz d’Orey, é Emerson Fittipaldi, que foi o primeiro a vencer uma corrida e a conquistar um título para o país, sendo também o mais jovem até então a conseguir a conquista máxima.
O feito aconteceu ao triunfar no GP da Itália de 1972, derrotando simplesmente Jackie Stewart. Mas, apesar de uma campanha sólida, Emerson revelou que os dias que antecederam à decisão não foram fáceis e que a corrida em Monza teve ingredientes que testaram os nervos dele e dos torcedores brasileiros.
Colin Chapman 'confirma' título de Emerson Fittipaldi
Photo by: David Phipps
Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com, Emerson destacou como foi aquela semana.
“Fomos progredindo durante o ano e quando chegou na Áustria, um GP antes de Monza, e eu ganhei lá, eu me dei conta: ‘nossa, o título está perto agora’. E tudo o que aconteceu na semana em Monza, foi o contrário.
“O caminhão da equipe capotou depois que o motorista dormiu na estrada perto de Milão e destruiu meu carro. Caíram todas as peças, eu fui lá pessoalmente, meia-noite, com a polícia italiana, porque eu me virava no italiano. O carro reserva veio da Inglaterra, chegou na quinta-feira à noite.”
Fim dos problemas? Não. O reserva não era como o ‘titular’, ele tinha especificações do modelo de 1970, e Emerson não teve vida fácil na sexta-feira e nem no sábado, antes da corrida da sua vida. Naquela manhã, o dia não começava nada bem.
“O carro não estava bem acertado, na sexta-feira foi difícil, no sábado, na classificação, eu melhorei um pouco. No domingo de manhã, o tanque de gasolina vazou. Imagina a pressão. O Eddie Dennis, que era o chefe dos mecânicos, entrou no motorhome, olhou no relógio e disse ‘não sei se vamos conseguir largar’.
“Eles tinham que esvaziar o tanque, tirar todo o combustível, colocar um novo e encher os 200 litros de gasolina, que era um processo demorado. O tanque daquela época era cheio de divisões, era parte do monocoque, a gente não parava.”
“E estávamos naquela tensão, eu estava no motorhome da Lotus. Quando faltavam 10 minutos para alinharmos o carro, ele chegou e falou que o carro estava pronto. No final da corrida, deu tudo certo.”
Emerson Fittipaldi e sua esposa Maria Helena
Photo by: David Phipps
Emerson largou na sexta posição e viu quatro dos cinco oponentes, incluindo Stewart, abandonarem. O brasileiro assumiu a liderança quando restavam 10 voltas para o final para não perder mais, chegando mais de 14 segundos à frente de Mike Hailwood e Denny Hulme, que fechou o pódio e era o único ‘sobrevivente’ que largou à frente de Fittipaldi.
Após a corrida, muita emoção, inclusive no Brasil, com a transmissão ao vivo da corrida pela rádio Jovem Pan, em que Wilson Fittipaldi, o Barão, narrava o feito de seu filho.
“Foi muita tensão, muita expectativa e aquele sonho realizado quando ganhei. Foi o melhor dia da minha vida, sem dúvida. Depois, eu ouvi a narração do meu pai, que ficou muito emocionado, porque ele era muito neutro em relação a mim e ao Wilsinho, ele não podia puxar para o lado dos filhos, mas daí quando eu estava na última volta, ele não aguentou. Foi espetacular ouvir a gravação dele”, concluiu Emerson.
Emerson Fittipaldi após o título inédito de 1972
Photo by: David Phipps
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