Primeiras Impressões - Ferrari Portofino deixa a Califórnia para trás
Pode não parecer, mas a nova Ferrari traz grandes mudanças para se diferenciar da antecessora
Pegar o bastão da Ferrari mais vendida de todos os tempos poderia facilmente intimidar. Mas não é isso que acontece com a nova Ferrari Portofino. Com estilo elegante, mas decisivo e distintamente diferente, ela se afasta de sua antecessora Califórnia. Até mesmo o novo nome sugere que esta é uma perspectiva diferente para a Califórnia, conhecida por ser a Ferrari "suave".
Lembre-se: a Portofino mantém o teto rígido dobrável que caracterizou a Califórnia, e ela continua a ser a maneira mais barata de ter uma Ferrari. Custa 196.000 euros na Europa, o que não é nada barato, mas estamos falando do roadster de capota rígida mais potente do mundo.
O que é?
14 segundos. Este é o tempo que a Portofino demora para se transformar de um cupê esportivo e proporcional em um charmoso e invocado spider. E esta mudança pode ser feita a até 48 km/h. Sua bela silhueta foi esculpida pelo Ferrari Design Centre que, graças a intuição e talento de Flavio Manzoni, fez a Portofino com um refinado e mais intenso design que a antecessora.
Entre os muito mais agressivos faróis em "L" com iluminação full-LED - que agora possuem entradas de ar até as caixas de rodas para melhorar a aerodinâmica - e a traseira que lembra a Ferrari 488, é dramaticamente mais bela que a Ferrari Califórnia.
A revolução continua por dentro, onde quatro telas dominam o ambiente. Duas de TFT estão no painel de instrumentos (ladeando o conta-giros analógico), sendo ajustáveis por botões instalados atrás do volante. Já o monitor full HD de 10,25" no centro pertence à central multimídia, com tela sensível ao toque e gráficos 3D. Mas a maior sensação é mesmo a tela de 8,8" em HD dedicada ao passageiro.
A mais recente geração de volantes da Ferrari, que têm desenho quase retangular, incorpora todas as funções possíveis, desde os controles do sistema multimídia e GPS, ao controle do limpador traseiro e setas de direção. Mas a real revolução está nos bancos: eles são bem mais leves e melhor ajustáveis, além de serem finos suficiente para oferecer 5 cm extras de espaço para as pernas dos passageiros de trás. Mesmo assim, os dois pequenos espaços são melhores para apenas crianças, e em viagens curtas.
O defletor elétrico de vento é item de série, sendo responsável por reduzir o fluxo de ar no habitáculo em 30% mais que na Califórnia (de acordo com a Ferrari). O dispositivo deixa a Portofino um carro mais fácil de se viver, mesmo com o teto abaixado.
Como anda?
O motorzão 3.9 litros V8 (com 90º entre as bancadas de cilindros) biturbo ganhou 40 cv, atingindo 599 cv a 7.500 rpm, com torque de 77,4 kgfm de 3.000 a 5.250 rpm. As modificações no propulsor em relação à Califórnia incluem novos pistões e bielas, e um otimizado sistema de admissão e exaustão, além de um turbo com sistema de administração de pressão eletrônico. Isso se traduz em uma velocidade máxima de 318 km/h, com aceleração de 0 a 100 km/h em 3,5 segundos.
A terceira geração do diferencial traseiro eletrônico (E-Diff3), integrado ao controle de tração "F1-Trac", foi calibrado para melhorar a dirigibilidade da Portofino. Junto com a direção elétrica, o recurso dá uma resposta mais direta ao carro. Quer saber? Funcionou.
Em nossa rápida avaliação pelas ruas de Alberobello, a mistura de sol e chuva não nos impediu de apreciar a nova personalidade da Ferrari conversível, que - como seu visual - é bem diferente da Califórnia.
A rigidez estrutural aumentou 35% e o peso caiu cerca de 80 kg, o que ajuda num contorno de curvas mais preciso e composto conforme você segue a linha da pista. Até mesmo quando você vai mais rápido em curvas fechadas, aquela leve saída de frente que existe na California é bem mais difícil de acontecer na Portofino.
O sistema de freios não foi posto à prova, pelo menos não na minha condução, mesmo no asfalto molhado - uma situação que também me permitiu testar a sensibilidade da eletrônica. Com o seletor do manettino no modo Comfort, a Portofino não permite qualquer perda de tração, e quase se antecipa a qualquer erro potencial do motorista, enquanto o mais permissivo é o Sport: aqui, o motorista precisa confiar na eletrônica e ganha algumas saídas de traseira quando mete o pé embaixo no acelerador. Para ser feliz de verdade, no entanto, é preciso desligar o controle de estabilidade. Ou seja, apenas numa pista fechada você poderá ver do que a Portofino é realmente capaz.
E o ronco? Uma bela sinfonia, mas bem longe do grito dos V8 aspirados de alguns anos atrás. Não é um problema do turbo, aparentemente, mas da Ferrari e seus técnicos, que quiseram fazer da Portofino mais um Gran Turismo do que um esportivo visceral.
Devo comprar?
Por 196.000 euros antes de você colocar a inevitável (e cara) lista de opcionais da Ferrari, você precisa estar certo que este é o esportivo de luxo a céu aberto certo para você (no Brasil deverá chegar no fim do ano por cerca de R$ 2 milhões). Se você procura uma mistura de conversível "utilizável" e ao mesmo tempo esportivo quando provocado, certamente que a Portofino é uma escolha mais acertada que a já exitosa Califórnia.
Por Andrea Farina
2018 Ferrari Portofino
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