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Segredo: o que muda na Ford Brasil com a decisão da matriz?

Marca revelou que só vai investir em picapes e SUVs nos EUA; como isso nos afeta?

Ka Freestyle

A notícia de que a matriz vai cortar o desenvolvimento de sedãs e compactos nos EUA foi recebida pela Ford Brasil com ar de surpresa e até de incredulidade. Afinal, o Fusion é o mais vendido do segmento por aqui e em breve receberemos a versão atualizada que foi apresentada no Salão de New York. Mas como lançar um novo modelo sabendo que o futuro dele é o fim de linha? E no que mais a decisão da Ford EUA afeta as operações brasileiras? Conversamos com executivos da Ford local e trazemos algumas respostas. 

O que precisa ser resolvido é: a Ford não pode mais perder dinheiro. Somente na América do Sul, a marca acumula um prejuízo de US$ 4 bilhões desde 2013 até o primeiro quadrimestre deste ano. Uma das soluções adotadas pelo CEO Jim Hackett é uma linha mais enxuta e focada em modelos bons de venda - no caso dos EUA, SUVs e picapes. Algo semelhante será visto por aqui, embora com foco em outros modelos, obviamente, pois o mercado nacional é prioritariamente dos compactos. 

Sendo assim, a atual prioridade é o Ka, terceiro carro mais vendido país. A Ford vai aumentar a gama do compacto, lançando a já apresentada versão aventureira Freestyle com o novo motor 1.5 de 3 cilindros (mesmo do EcoSport) e opção de câmbio automático (de 6 marchas, também vindo do Eco), além de uma nova transmissão manual de 5 marchas, a MX65, que começou a ser feita em Taubaté (SP) recentemente ao lado do propulsor 1.5. Afora o aventureiro, a linha 2019 do compacto terá uma leve reestilização e adotará a central multimídia Sync 3. Também as versões hatch "comum" e sedã terão o novo 1.5 e câmbio automático, para enfrentar de igual para igual os rivais Chevrolet Onix/Prisma e Hyundai HB20/HB20S em oferta de versões. 

Com as novidades da linha Ka, a Ford se prepara para ter apenas um compacto em sua linha nacional (como fazem GM e Hyundai), com o Ka assumindo, além do seu papel de carro de entrada, também a função do Fiesta. O que restará para o Fiesta? "Vai depender do consumidor", diz um executivo da marca. Outras fontes consultadas pela reportagem do Motor1.com disseram que a tendência é o Fiesta ir perdendo espaço até simplesmente deixar de ser oferecido. A verdade é que será muito difícil vender um Fiesta Powershift após a chegada do Ka automático, sendo que o irmão mais novo terá um motor mais moderno e eficiente, além de uma transmissão automática de verdade. O Fiesta tem motor antigo (Sigma 1.6, já que o 1.0 Ecoboost é importado e oferecido em versão única), câmbio manual antigo (IB5) e uma transmissão de dupla embreagem que a Ford quer apagar do mapa (Powershift). Gastar dinheiro nele não parece sensato para a Ford, certo? Então, a única chance do Fiesta seria a vinda da nova geração que foi lançada na Europa, o que no momento não é uma possibilidade. 

O mesmo problema afeta o Focus. Com vendas minguadas no Brasil e caindo na Argentina, o modelo é outro que vive o fantasma do Powershift e ainda tem a concorrência feroz dos SUVs compactos na mesma faixa de preço. "O volume do atual Focus não justifica trazer o modelo novo, seria uma operação muito custosa", revela um executivo. A mesma fonte desmente, porém, o encerramento da produção do Focus atual na Argentina em 2019. "Não há nada definido sobre isso", decreta. O caminho do modelo na América do Sul, no entanto, parece muito semelhante ao do Fiesta. Será deixado como está até o consumidor perder o interesse por completo. 

Como nos EUA, SUVs também estão na pauta - e não estamos falando do EcoSport. Antes da próxima geração do Eco, que deve chegar entre 2020 e 2021, a Ford terá um inédito SUV médio. "Falaremos desse modelo ainda neste ano", antecipa outro executivo da marca, dando a entender que algum conceito pode ser apresentado, por exemplo, no Salão do Automóvel, em novembro. Será o futuro Maverick, já mostrado pela Ford num teaser e renderizado pelo Motor1.com? Ele não confirma, mas adianta que o carro é significativamente maior do que o EcoSport (veja projeção abaixo). "O desenho não permite perceber perfeitamente as proporções do modelo", esclarece. Seja como for, a ideia é entrar no lucrativo segmento dos SUVs médios, que tem o Jeep Compass como atual expoente. 

E a questão do Fusion, como fica? Bom, vale lembrar que o modelo é vendido também em outro mercados além do norte-americano, como Europa (onde se chama Mondeo) e Ásia. Há rumores de que a próxima geração do modelo (ou outro sedã grande que represente a Ford no segmento) será desenvolvida na China, assim como existe por lá o Ford Escort (com base de Focus antigo e preço de briga). O futuro sedã perderia a facilidade de vir do México e não pagar Imposto de Importação, como faz o Fusion atualmente, mas, segundo um executivo, isso poderia ser resolvido com a importação da versão híbrida, que tem incentivos fiscais e tende a ficar cada vez mais comum neste tipo de carro. "Nós iremos onde o consumidor está. Se percebermos uma oportunidade de negócio, poderemos trazer sem problemas", explica. 

A curto prazo, a linha Ka ganhará força, Fiesta e Focus ficarão em stand by, Fusion será atualizado (ainda vindo do México até o fim da produção por lá) e o Edge virá reestilizado (como mostrado no Salão de Detroit), enquanto o EcoSport e a Ranger se mantêm como estão. A grande novidade ficará por conta do inédito SUV médio, que esperamos ter mais informações em breve.

 

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