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Análise: as conspirações no domingo premiado

João Corrêa analisa os principais fatos do domingo nobre da velocidade e conduz - com alta dose de ironia - as teorias conspiratórias que sempre aparecem a cada fato histórico no esporte

Felipe Nasr, Sauber C35

Felipe Nasr, Sauber C35

XPB Images

Nico Rosberg, Mercedes AMG F1 Team W07 leads at the start of the race
Daniil Kvyat, Red Bull Racing RB12 crashes into Sebastian Vettel, Ferrari SF16-H at the start
Felipe Nasr, Sauber F1 Team C35 and Daniil Kvyat, Scuderia Toro Rosso STR11
Felipe Nasr, Sauber F1 Team at the Amber Lounge Fashion Show
J.R. Hildebrand, Ed Carpenter Racing
J.R. Hildebrand, Ed Carpenter Racing
J.R. Hildebrand, Ed Carpenter Racing
Helio Castroneves, Team Penske Chevrolet
Helio Castroneves, Team Penske Chevrolet
Helio Castroneves, Team Penske Chevrolet
Podium: second place Daniel Ricciardo, Red Bull Racing
Daniel Ricciardo, Red Bull Racing on the podium
Daniel Ricciardo, Red Bull Racing RB12
Daniel Ricciardo, Red Bull Racing RB12
Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W07 Hybrid leads Daniel Ricciardo, Red Bull Racing RB12
Daniel Ricciardo, Red Bull Racing in the FIA Press Conference
Daniel Ricciardo, Red Bull Racing in the FIA Press Conference
Daniel Ricciardo, Red Bull Racing in the FIA Press Conference
Second placed Daniel Ricciardo, Red Bull Racing on the podium
Daniel Ricciardo, Red Bull Racing RB12

Nascido da imensa liberdade de expressão permitida pelas redes sociais da internet, o pensamento conspiratório já faz parte do dia-a-dia das conversas. No entanto, como qualquer suposição sem provas, na maioria das vezes, teorias conspiratórias não são revelações de grandes segredos ou tramoias secretas, são o que antigamente, singelamente, se chamava de fofocas ou intrigas inconsequentes, muitas vezes irresponsáveis como qualquer acusação sem prova... mas, sempre divertidas, devido ao exagero da imaginação, uma espécie de humor negro.

E quem não gosta de uma “fofoca” bem construída? Querem ver? Nesse último domingo, em que grandes corridas aconteceram, tivemos alguns incidentes que se prestam a ótimas teorias conspiratórias a serem curtidas pelo fã brasileiro da Indy e da F1.

Colisão entre JR Hildebrand e Helio Castroneves

Se considerarmos a experiência de Helinho e a forma como seu carro se comportou durante toda a corrida, o piloto com maiores chances de ganhar a centésima edição da 500 Milhas de Indianópolis, a mais icônica corrida norte-americana, chamada sem modéstia alguma de “The greatest spectacle in racing” (o maior espetáculo em corrida), era ele. Quando o carro pilotado por JR Hildebrand colidiu levemente no de Helinho, danificando seu aerofólio traseiro, ele estava garantindo naquele momento que um piloto não norte-americano não alcançaria o feito de ter ganho 4 vezes a Indy 500, como A. J. Foyt, Al Unser e Rick Mears, todos eles pilotos norte-americanos, justamente quando se comemorava o “centésimo maior espetáculo das corridas”. Nenhum outro piloto na pista neste último domingo poderia alcançar essas quatro vitórias.

Devemos lembrar a importância do nacionalismo no esporte em um país onde o esporte mais popular, o futebol americano, não é praticado em nenhum outro país do mundo? Onde o segundo mais popular, o beisebol, não possui um campeonato mundial por carência de participantes? Onde reinam absolutos no terceiro mais popular, o basquete? Onde, no automobilismo, as categorias principais disputam corridas em pistas ovais, muito pouco comuns no resto do mundo?

JR Hildebrand iniciou sua carreira na Indy como uma esperança de renovação no quadro de pilotos norte-americanos. Por alguns anos foi um dos poucos corredores genuinamente americano no grid da Indy e durante muitos anos foi patrocinado pela Guarda Nacional Americana. Nas transmissões da Indy era comum vermos imagens de soldados torcendo por ele.

JR Hildebrand é um piloto que já passou do ponto e não é mais piloto regular de nenhuma equipe da Indy. Em 2013, depois de chegar em último lugar na Indy 500, foi demitido da Panther Racing. Correntemente, ele participa da secundária Formula DRIFT, aquelas corridas onde se queima o pneu de forma quase que proposital em incríveis derrapagens, onde o contato entre os carros é frequente.

Como é bastante comum, devido ao prestígio, grau de exposição para patrocinadores, altas remunerações nas premiações distribuídas e experiência de pilotagem em uma pista oval de grandes dimensões como a de Indianápolis, alguns pilotos são convidados para uma participação única, o caso de Hildebrand nessa edição comemorativa da Indy 500, tendo sido convidado pela equipe de Ed Carpenter, um piloto de família abastada que montou sua própria equipe.

Curiosamente, na historia de Hildebrand, temos que o seu maior feito na carreira foi estar liderando a Indy 500 de 2011 na última volta, quando bateu no muro, dando oportunidade então a Dan Wheldon de ganhar aquela corrida no mesmo ano onde viria a falecer em um acidente na corrida de Las Vegas, acidente esse que também envolveu Hildebrand que, inclusive, saiu bastante machucado...

Toda teoria conspiratória termina com a clássica pergunta: Muitas coincidências nisso tudo vocês não acham? Como cereja do bolo, falta mencionarmos que o americano Alexander Rossi correndo com um motor Honda, conseguiu ganhar a Indy 500 nesse domingo graças, segundo ele mesmo relatou, a ajuda de outro piloto americano correndo com motor Honda, Ryan Hunter-Reay. Assim temos que a Honda, e não a Chevrolet, ajudou a um americano a conquistar a simbólica e especial corrida. Onde é que o presidente Obama esteve esses dias? No Japão visitando Hiroshima? Humm...

Marcus Ericsson colide com Felipe Nasr de forma acintosa

Como qualquer marqueteiro da política atestaria, estamos em um momento da história onde criticarmos a atuação de uma mulher em um cargo de chefia normalmente ocupado por homens, dá muita encrenca... Mas o que falar do 'pito' passado por Monisha Kaltenborn, chefe da Sauber, declarado por ela mesmo no comunicado de imprensa da equipe após o GP de Mônaco?

Teria ela o direito de reclamar com Felipe por não obedecer uma ordem descabida? Pode uma equipe, em nome de uma troca de “seis por meia-duzia”, desfavorecer um de seus profissionais contratados em benefício de outro? Sem que nenhum dos dois seja, de forma declarada, o segundo piloto? Será certa que essa prática infame das equipes ainda persista? Tanto Felipe quanto Marcus estão lutando por afirmações mínimas de suas qualidades como pilotos profissionais para continuarem no topo de uma carreira que tem brevíssima duração. A associação de pilotos deveria reivindicar que esse tipo de ordem vinda dos boxes não sejam mais permitidas. Ficava igual para todo mundo e o sentido do esporte e da competição ficaria preservado, pilotos não mais seriam humilhados durante uma prova onde estão arriscando a vida e devem estar dando o melhor de si sem serem atemorizados por suas equipes mal dirigidas e orientadas.

Ericsson se defende afirmando que recebeu ordens da equipe para partir para cima e ultrapassar Felipe... Ou seja, foram duas ordens erradas dadas pelo radio. Felipe alega que havia acabado de trocar os pneus e que qualquer diferença que houvesse no desempenho dos carros – o que ele nega – seria por conta da temperatura dos pneus que não teriam atingido o grau adequado para darem o melhor de sua performance.

Não há o que se discutir, o culpado pela colisão foi Marcus Ericsson e por essa falta será punido com 3 posições na próxima largada no Canadá.

Qualquer alegação de que a equipe tem lutado com dificuldades financeiras e que por ser assim há de usar de todas as armas para apresentar melhores resultados, não apresenta consistência no mundo empresarial. A equipe Sauber deveria querer então agradar o seu mais evidente patrocinador nessa temporada, o Banco do Brasil. Como que uma entidade que luta com dificuldades financeiras não age com respeito – não se fala de favorecimento – com a razão de ser do patrocínio que recebe? Talvez aí encontremos a razão da entidade estar em constante dificuldade financeiras: amadorismo empresarial.

Onde está então a teoria conspiratória? Simples. Estaria havendo algum atraso nos repasses referentes a esse patrocínio ou, de antemão, a equipe já foi avisada que não haverá sua renovação devido as dificuldades financeiras e restrições de gastos pelas quais todas as estatais brasileiras passam nesse momento de crise econômica e renovação da gestão pública no país.

Não seria a primeira vez que uma estatal sul-americana envolvida em patrocínio de uma equipe da F1 falha com seu compromissos e ocasiona a queda de rendimento de uma equipe. Temos o caso recente da PDVSA, a estatal venezuelana do petróleo que falhou nos repasses de patrocínio para a Lotus que, por sinal, acabou sendo vendida para a Renault.

Talvez, não por acaso, afinal o barril de petróleo voltou a casa dos 50 dólares, Pastor Maldonado foi visto e fotografado no paddock da F1 este final de semana no principado de Mônaco.

A incrível falha da Red Bull na troca de pneus de Ricciardo

Diante de um fato dessa natureza um conspiracionista experimentado daria uma risada sardônica e diria que um acontecimento dessa natureza não é coisa de sabotadores profissionais, somente a estupidez humana explicaria o ocorrido. Nada a comentar... ou melhor, é pouco crível que tenham posto uma dose cavalar de Prozac no energético da galera... Como provavelmente fizeram com a água do vestiário do Mineirão no trágico dia do 7 a 1.

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