Análise: como escândalo da VW nas ruas afeta futuro na F1?
Poderá entrada na categoria ser salvação de fabricante após escândalo de emissão de poluentes ou será um duro golpe no programa de competição da marca? Kate Walker, do Motorsport.com, analisa um dos maiores escândalos da história da indústria automotiva
Durante a semana, a Volkswagen dominou as manchetes, mas em situações bastante distintas. Primeiro, voltaram à tona os rumores de que a fabricante estaria planejando a entrada na F1 através da Audi.
Em seguida, no entanto, a empresa sofreu um duro golpe na imagem quando foi descoberta fraudando testes de emissões de poluentes em mais de 11 milhões de unidades de veículos produzidos pela marca.
Ainda que existam muitas razões para o grupo expandir o programa de competições com a entrada na F1, o escândalo das emissões de poluentes tem custado muito caro para a VW: além da provável multa pesada que a Agência de Proteção ao Meio Ambiente dos EUA (Environmental Protecion Agency - EPA) aplicará e dos níveis de confiança na marca por parte do consumidor ter atingido o nível mais baixo da história, a fabricante já perdeu praticamente 45 bilhões de dólares em valor de mercado.
Qual o impacto disso tudo, então, nos planos da marca em relação à F1?
Hora errada
Do ponto de vista financeiro, o tamanho da multa que a VW deve receber pode colocar por terra os planos de entrada na F1. Com a possível multa imposta pelo governo norte-americano no valor de 18 bilhões de dólares e lucros de operação de 14 bilhões de dólares por ano, a fabricante alemã não ficará exatamente saudável em suas finanças em um futuro imediato.
Some-se a isto os valores já separados para cobrir multas (7.3 bilhões de dólares), parte das reservas financeiras do grupo (que chega a, aproximadamente, 24 bilhões de dólares) e a rápida depreciação do valor das ações da VW - que caíram 20% somente na última segunda-feira (21). Um possível anúncio de entrada na F1 agora não parece ser uma boa ideia.
Apoiador de entrada na F1 está fora do grupo
Olhando pelo lado corporativo, a renúncia de Martin Winterkorn da presidência do grupo e mais um elemento desfavorável para a entrada na F1. Winterkorn era um grande entusiasta da ideia e, com a saída dele, o plano perde bastante força.
A VW era uma das fabricantes envolvidas no desenvolvimento das novas unidades de força da F1, que entraram em vigor em 2014, e se esperava que a marca entrasse na categoria no início da era híbrida. Em 2012, entretanto, o diretor de competições do grupo, Jost Capito, disse que o programa da marca no Mundial de Rali (WRC) era o foco principal da marca e a razão da falta de interesse na F1.
Apesar de Capito apontar o WRC como o foco principal da fabricante, é possível encontrar a VW e outras marcas do grupo no Rallycross, Fórmula 3, DTM, Mundial de Endurance (classe LMP1, com Audi e Porsche), além dos esforços em campeonatos de GT com Bentley e Lamborghini.
Escândalo pode potencializar chance de entrada na F1?
Ironicamente, porém, há uma chance de o escândalo de emissão dos poluentes potencializar a chance de a VW aparecer na F1, não o contrário.
Como a perda de confiança do público se deu justamente pela marca ter trapaceado nos testes de emissão de poluentes, um esforço para desenvolver motores híbridos eficientes na categoria mais importante do automobilismo mundial pode ser uma declaração pública de que a fabricante quer 'limpar a sujeira'.
Os carros de rua da marca que foram pegos no escândalo utilizam motores turbodiesel, então a possível entrada na F1, por mais inacreditável que pareça, pode ser a tábua salvadora do grupo. Seria a prova de que a fabricante é capaz de produzir motores turbo eficientes - ainda que se leve em consideração que a F1 está longe de ser o apogeu da ética corporativa ou da responsabilidade ambiental.
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