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Especial 20 melhores corridas de Ayrton Senna: primeira parte

Na semana que marca o 20º aniversário da morte do tricampeão, o TotalRace relembra os grandes feitos do piloto

Foram 65 poles, 41 vitórias, 80 pódios, três títulos mundiais. Mas não é só de números que foi feita a carreira de Ayrton Senna. O brasileiro protagonizou algumas das performances mais incríveis da história da Fórmula 1 - e também fora dela. Na semana que marca o 20º aniversário da morte do piloto, a equipe do TotalRace elegeu as 20 melhores provas do piloto.

Nesta primeira parte, um misto de performances no começo de carreira que já mostravam a qualidade de Senna e a consagração no Brasil com um carro inferior naquela que seria uma última temporada completa na Fórmula 1. Confira!

20. GP de Thruxton/82 (Fórmula 3)

No final de 1982, Ayrton Senna já chamava atenção de donos de equipe da Fórmula 1 após dois títulos de Fórmula Ford, ambos de maneira arrasadora. O próximo passo seria a Fórmula 3, um carro com pneus mais largos, mais potência e maior pressão aerodinâmica em relação ao que estava acostumado. A passagem foi natural. Fez um teste com o time de Eddie Jordan e pulverizou as marcas de James Weaver, titular daquele ano na F-3 Britânica. Depois andou na West Surrey e teve desempenho similar em cima dos tempos do argentino Enrique Mansilla. No dia 13, resolveu disputar com essa equipe uma prova extra-campeonato em Thruxton, televisionada pela BBC. Os principais nomes daquele ano na F-3 não participaram. Ainda assim, Senna fez a pole position com 0s85 de vantagem para o resto - e foi 0s4 mais veloz que a pole de Martin Brundle na prova do campeonato disputada ali duas semanas antes - e venceu com 13 segundos de vantagem para o sueco Bengt Tragardh, fazendo a melhor volta da prova no caminho.

19. GP dos EUA-Phoenix/90


Se podemos dizer que existiu um GP em que Senna correu sem vontade, este foi o dos EUA. Pelo menos até metade da corrida. O brasileiro vinha da perda do título de 89, de uma briga ferrenha com o presidente da FISA, Jean-Marie Balestre, que quase resultou na perda da licença caso Senna não pedisse desculpas públicas, o que aconteceu bem à contragosto.

O carro não era aquelas coisas. O McLaren MP4/5B estava longe de ser o equipamento dominador dos últimos anos, mas Senna descontava no braço e na qualidade do motor Honda. O grid, definido pelo treino da sexta, viu Senna em um incomum quinto - posição descontada rapidamente nas primeiras voltas.

A vitória foi para Senna, mas a primeira metade da corrida foi dominada pelo jovem Jean Alesi, o único a conseguir manter-se de forma regular à frente dos McLaren de Senna e Berger, o trapalhão pole - batendo logo nas primeiras voltas. Senna demorou 30 voltas para chegar e três para passar, em uma disputa épica.

[publicidade] "Aproveitei a presença de alguns retardatários à frente do Alesi para chegar  nele, mas devo confessar que não esperava vê-lo passar-me por fora! Tive que esperar uma nova oportunidade e tentar outra vez, o que aconteceu na volta seguinte. Alesi voltou a resistir de forma magnífica, provocando momentos de muita emoção, que me deram um grande prazer, pois foi uma luta leal e correta. Quando vi que o Alesi estava ao meu lado, numa zona suja da pista, sabia que estava em dificuldades e se eu forçasse, teríamos nos chocado. Mas deu tudo certo e me fez recuperar a motivação dos últimos meses", disse.

Foi um show.

18. GP de Portugal/84

O fim de 1984 não estava sendo dos melhores para Senna. Na Itália, foi privado de correr por ter assinado com a Lotus e não comunicado o time. Na Europa, saiu da pista na largada. O brasileiro já havia feito seu estrago na Fórmula 1, mas precisava de mais uma exibição de gala para fechar o ano do jeito que ele queria: por cima.

Na classificação, ficou atrás apenas de Nelson Piquet e Alain Prost. E por apenas 0s233. Com o fraco Toleman, era um grande feito (Stefan Johansson saiu um segundo atrás, em décimo). Com uma pilotagem fabulosa, Senna acabou perdendo um posição para Lauda, que seria o campeão, mas o pódio foi compensado com o abandono de Mansell, em sua despedida da Lotus.

No braço, segurou com muito ímpeto os ataques da Ferrari de Alboreto, sustentando a terceira posição em quase três décimos e fechou um pódio mágico. Hoje em dia, podemos olhar e contar dez títulos ali. Era o fim de uma fase de ouro e o início de outra igualmente valiosa.

17. GP de Mônaco/88

Mônaco era a terceira etapa do ano e, até então, Senna e Prost estavam empatado em uma vitória cada. Contra o brasileiro, pesava a corrida sem pontos no Brasil, enquanto Prost havia sido segundo em San Marino. Foi quando Senna se sentiu pronto para dar o pulo do gato.

Seu MP4/4 se encaixou de forma perfeita nas mãos de Senna em Mônaco. Prova disso foi o temporal na classificação: nada menos que 1s427 em cima de Prost a botado do mesmo carro. Berger, em terceiro, ficara 2s687 atrás, enquanto Alboreto, o quarto, a 3s299. Ambos de Ferrari.

E foi dada a largada. Enquanto Senna sumia, Prost perdia a posição para Berger. O francês demorou nada menos que 53 voltas para passar o austríaco e, quando foi ver, o brasileiro tinha sumido. Com 78 voltas para o fim, o francês já dava a fatura como liquidada.

Senna, por sua vez, baixava mais. Na volta 59, cravou a melhor volta em 1min26s331. Na 66, ele se viu batido na curva Portier. Um erro bobo, mas que teve consequências profundas para Senna. O brasileiro sumiu da visão das câmeras, da equipe, de todo mundo: se trancou em sua casa e passou por uma profunda transformação.

A prova também teve uma certeza: Mônaco era a pista onde ele se sentia mais em casa. No ano seguinte, ele aprendeu a lição e chegou 52 segundos à frente do mesmo Prost. Mas, naquela ocasião, um Senna havia ficado para trás e, a partir de então, nasceu um novo piloto. Era o início da caminhada ao título.

16. GP do Brasil/93

Ninguém jamais imaginou que a McLaren brigaria roda-a-roda com a Williams na corrida anterior, na África do Sul. Nem Senna. O brasileiro estava na fase de renovação de contrato prova-a-prova e sabia que o bom desempenho em Kyalami era mais mérito dele que do carro. Não era uma vantagem tão avassaladora quanto em 1992, mas era significativa. E Senna tinha consciência de que dependia de uma combinação de fatores se quisesse vencer novamente em Interlagos.

"Não podíamos competir com os Williams, a não ser em condições especiais", disse o piloto, em tom de profecia. Mas, durante o fim de semana, nada de chuva, o que fez Prost marcar a pole com 1s8 de vantagem para o brasileiro, em terceiro. Mas São Pedro era fã de automobilismo. Por isso ele esperou acontecer a largada para poder agir.

Tudo levava a crer que Prost venceria a segunda seguida, fácil, fácil. E que Senna teria de brigar pela terceira posição com Michael Schumacher. Foi quando, na volta 30, o mundo desabou. Senna, ciente de que a chuva vinha da represa, tratou de parar. Prost resolveu ficar na pista. Três voltas depois, não se via um palmo à frente. O francês, quando se deu conta, viu Christian Fittipaldi à frente e não teve como desviar. Bateu e abandonou.

Foi quando o Safety Car entrou na pista e ficou por quase dez voltas. Pela primeira vez na história da Fórmula 1 uma prova foi neutralizada. E, ao entrar nos bodes, o carro de segurança presenciou outra história: a de Senna dando um drible da vaca em Damon Hill para assumir a liderança, sumir, vencer e ser carregado pelos torcedores que invadiram a pista.

Muitos acharam que esta havia sido a maior exibição do brasileiro, mas esta teoria cairia duas semanas depois.
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