F1: Como a Covid-19 pode afetar a definição pelo título de 2021?
Surgimento da variante Ômicron e a volta das restrições nos países ressuscita questão que foi muito comum na temporada 2021
Enquanto a Fórmula 1 se encaminha às duas últimas corridas da temporada 2021 em meio a uma apertada disputa pelo título entre Max Verstappen e Lewis Hamilton, é importante compreender o que dizem os protocolos da FIA sobre a Covid-19 e como os protagonistas devem enfrentar esse momento.
A aparição da nova variante Ômicron na África fez os países acenderem novamente as luzes de alerta, com parte da Europa já vivenciando um aumento no número de casos. A Áustria acaba de entrar em uma quarentena nacional, e a Alemanha debate o endurecimento das medidas e a vacinação obrigatória.
Mesmo assim, a F1 segue adiante com os planos para as duas últimas etapas da temporada 2021: o GP da Arábia Saudita em 05 de dezembro e o GP de Abu Dhabi, em 12 de dezembro.
Para os dois candidatos ao título, Verstappen e Hamilton, o desafio está longe de ser apenas desportivo. Em várias coletivas de imprensa, eles sempre são questionados sobre como um problema técnico pode decidir o campeonato. Mas o mesmo pode acontecer com a Covid-19.
"Tudo que vejo ao redor, todos meus amigos, a maioria das pessoas, talvez não o pessoal daqui, se perdem um dia, ou uma semana de trabalho, não acaba o ano. Mas para nós, os pilotos, isso é crítico. O ano pode acabar se você perder uma ou duas provas", disse Hamilton em uma entrevista com veículos de impresa selecionados, incluindo o Motorsport.com.
Hamilton sabe muito bem como é essa sensação, ficando isolando em um hotel no Bahrein quando esteve infectado pela Covid-19 no ano passado. Ele passou por isso durante o GP de Sakhir mas, naquele momento, já havia garantido o heptacampeonato. Agora, contrair o coronavírus novamente seria um desastre em sua esperança de conquistar o inédito octa.
Lewis Hamilton, Mercedes W12, Max Verstappen, Red Bull Racing RB16B
Photo by: Jerry Andre / Motorsport Images
O que diz o Código Desportivo da FIA sobre a Covid-19?
O fato de que um piloto possa participar de uma corrida em tempos de pandemia é regido pelo Apêndice S do Código Desportivo Internacional da FIA. Segundo o Artigo 5.5, há três motivos de exclusão. Primeiro, um teste positivo de Covid-19. Segundo, a aparição de sintomas típicos. Terceiro, o contato com alguém que tenha exibido sintomas do coronavírus.
Se o piloto se encaixa em uma das três condições mencionadas, não poderá se declarar "apto para competir", segundo o código desportivo e, por isso, deve ficar de fora da etapa. Caso isso aconteça de forma limítrofe, o delegado da FIA responsável por assuntos de Covid-19 terá o poder de decisão em mãos, podendo liberar o piloto.
Algo interessante para se ter em conta é que o anexo do Código Desportivo sobre Covid-19 foi modificado pela FIA em julho. O Artigo 2.1.1 estabelece agora que, para participar de um evento, é preciso apresentar um teste de PCR ou (e esse "ou" é novo) uma prova de imunização completa (com validade de um ano) para ser considerado "apto a competir".
Hamilton trata o tema com muita seriedade: "Vi outros atletas que estão muito relaxados e não se importam com isso. Se eles pegam, pegam, e tem sido muito estranho ver isso. Mas isso tornou as coisas difíceis. Não sei como foi para outros pilotos, mas tenho certeza que foi o mesmo".
O heptacampeão ainda se mantém em isolamento na maior parte do tempo, mantendo contato com o mundo exterior especialmente em reuniões online. Mas agora consegue lidar melhor com a solidão em comparação com o ano passado.
"Diria que, após a experiência do ano passado, talvez consiga lidar melhor neste ano, mas ainda vivo com medo, sabe?".
A Mercedes não tomou precauções extras ao redor de seu principal nome, e não determinou restrições adicionais nesta reta final: "Seguimos com nossos protocolos rígidos em vigor", afirmou Toto Wolff.
Lewis Hamilton, Mercedes
Photo by: Charles Coates / Motorsport Images
Hamilton no Met Gala, mas com precaução
Uma consequência imediata da pandemia para Hamilton foi se afastar dos eventos sociais. Mesmo assim, neste ano, esteve presente no Met Gala em Nova York. "Fui apenas a dois eventos, mas todos os presentes estavam vacinados e foram submetidos a testes PCR no local. E se estava em algum lugar, mantinha distância dos demais".
Além disso, Hamilton afirma que "mantém o grupo ao seu redor o mais reduzido possível. Às vezes, apenas me acompanham a Angela [fisioterapeuta] e o Timmy [fotógrafo]. E trato de fazer com que eles entendam que o risco segue muito alto. A maioria das pessoas que conheço de fora da F1 não tratam isso com seriedade. Há pouco tempo conheci alguns jogadores de futebol que não se importavam com isso".
"Se eles perdessem uma partida, não faria muita diferença. Para mim, é um pouco diferente. Agora temos os fãs de volta à pista sem a necessidade de fazer testes. E as coisas estão cada vez mais abertas. Mas a minha opinião é que algo terá que mudar logo porque, se não, será impossível seguir com as bolhas".
Já Verstappen parece tomar os cuidados com mais calma, sem pensar muito na possibilidade de se contagiar.
"Bem, se eu escorregar no chuveiro e quebrar o braço é a mesma coisa, não? E se eu for dar um passeio em Mônaco e quebrar a perna também não é nada bom", diz o piloto da Red Bull. "Não penso muito nesse tipo de coisa. Vivo minha vida como a tenho vivido nos últimos dois anos, desde que a Covid chegou".
Wolff, por sua parte, diz: "Que eu saiba, todos no paddock estão vacinados com as duas doses. Mas como também há avanços na vacinação, é preciso seguir mantendo os cuidados. E é assim que seguimos. Os pilotos usam máscaras o tempo todo".
"Espero que possamos seguir competindo porque agora estamos em uma posição diferente, inclusive com o aumento de casos em comparação com os meses anteriores. Porque o que vemos são progressões mais suaves. Mas sigo sendo otimista e acredito que poderemos terminar o ano".
"Mas, como esporte, podemos ficar orgulhosos e, logicamente, esse é um debate quente nesses momentos, com as medidas rígidas aqui e ali. Pelo contrário, não teríamos como sair pelo mundo nos protegendo e protegendo os demais. Para mi, a forma como a FIA e FOM fizeram tudo, é exemplar".
Christian Horner, Team Principal, Red Bull Racing and Max Verstappen, Red Bull Racing
Photo by: Steven Tee / Motorsport Images
Horner: As equipes devem cumprir estritamente os protocolos
"Na Europa, os números estão crescendo", disse o chefe da Red Bull. "Não podemos relaxar com nenhum dos protocolos estabelecidos. É ótimo voltar a termos os fãs. Austin foi a primeira prova que pareceu normal. Mas precisamos cumprir estritamente os protocolos como equipe, e nós fazemos isso".
No final, evitar a infecção não é apenas garantir a participação nas duas últimas provas de 2021. Hamilton sofreu muito fisicamente quando contraiu a Covid-19 em dezembro de 2020, e seguiu sentindo os efeitos meses depois.
"A primeira metade da temporada foi uma das mais difíceis que já vivi. Ficaria feliz em explicar com detalhes no futuro, mas agora afirmo que me sinto melhor. De alguma forma consegui lutar contra isso".
"Foquei na recuperação e no treinamento, nas técnicas de respiração. Há pouco voltei a correr e agora me sinto melhor do que nunca. Nas últimas provas, apesar de tanto calor, não tive nenhum problema porque pude voltar a submeter meu corpo a um esforço maior nos treinamentos. Desde as férias de verão não tive problemas. Fico muito agradecido por isso".
Além de Hamilton, Sergio Pérez e Lance Stroll também perderam corridas em 2020 após contraírem a Covid-19, enquanto Kimi Raikkonen ficou fora das etapas de Zandvoort e Monza neste ano pelo mesmo motivo. Claro que, para Hamilton e Verstappen, o que há em jogo é muito grande, e qualquer problema envolvendo a Covid-19 determinaria o fim da temporada.
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