"Me sinto em casa na McLaren" diz Button ao TotalRace
Inglês explica o que o tornou mais forte em 2012 e confessa: mira o bicampeonato agora que se sente totalmente à vontade na sua equipe
Poucos metros separam Jenson Button de Lewis Hamilton. No terraço do motorhome da McLaren no circuito de Buddh, cada um dos pilotos da McLaren atende a um grupo seleto de três jornalistas para uma entrevista mais aprofundada. Inevitavelmente, o tema da conversa de um é justamente o que está sentado na outra mesa. Uma das surpresas do Mundial de 2012 foi a superioridade de Button dentro da equipe. Numa conversa com o TotalRace, ele busca explicar os motivos disso. E deixa claro: agora que se sente em casa na McLaren, mira mais do que nunca um outro título mundial.
TOTALRACE: Você está tendo um ano superior ao de Lewis Hamilton. Mesmo assim, ele largou 12 vezes à sua frente em 17 corridas. É algo que te incomoda?
JENSON BUTTON: Não muito. Estou razoavelmente satisfeito com minha performance na classificação, nas últimas provas tenho conseguido tirar o máximo do carro na sessão. Lewis é muito rápido em classificação, sempre foi e sempre será. E a posição no grid é importante porque pode facilitar sua vida na corrida. Mas não é essencial. Provei nesse ano que, mesmo se você largar entre os cinco ou seis primeiros, pode vencer a corrida. O que você faz domingo à tarde é mais importante do que o acontece no sábado.
TOTALRACE: Muita gente aponta que seu segredo é lidar muito bem com o desgaste dos pneus. É isso mesmo?
JENSON BUTTON: Em termos. Em muitas corridas lido bem com os pneus, mas em algumas provas eu tive problemas com eles. O GP da Coreia foi um exemplo disso. Parece que em pistas com muita tração eu tenho o mesmo desgaste dos outros pilotos. Mas em circuitos com curvas de alta, como em Suzuka, eu consigo economizar bem os pneus. É difícil saber de onde vem a diferença, cada um tem um estilo de pilotagem e planeja a corrida de modo diferente, talvez a explicação esteja nisso.
TOTALRACE: Você vive um grande momento da carreira, mas há apenas três anos nem sabia se continuaria na F-1 depois da saída da Honda. Como viveu aquele momento?
JENSON BUTTON: Eu não penso muito nele. O tempo passa rápido e estou sempre olhando em frente. Foram dias horríveis no final de 2008, quando a Honda deixou a F-1 e eu não sabia o que iria fazer. Consultei algumas equipes e o único trabalho que consegui foi como piloto pagante, porque todos os bons cockpits estavam ocupados. E não era o que eu queria. Eu e meu empresário tínhamos um retorno de que havia a possibilidade do time voltar a competir em 2009. Não acho que simplesmente tivemos sorte. Nós ajudamos de certa forma para que a equipe continuasse.
TOTALRACE: Você passou a lidar melhor com maus resultados depois que ganhou o título?
JENSON BUTTON: Com certeza. Se tenho um dia ruim, penso: “isso foi uma merda”. Mas trabalho em cima do que não funcionou e chego melhor preparado para a corrida seguinte ao invés de me sentir negativo. Se foi culpa minha, se eu não fiz um bom trabalho em termos de pilotagem, isso me irrita mais. Mas se sinto que o trabalho não foi bom o suficiente para deixar o carro equilibrado, isso é algo bem mais fácil de mudar.
TOTALRACE: Esse relaxamento tem desdobramentos na pista?
JENSON BUTTON: Claro, você fica um piloto mais completo, com mais tempo para pensar em determinadas situações e isso é a chave do sucesso na Fórmula 1. Um exemplo disso é o Fernando (Alonso), é um dos pilotos mais completos que a F-1 já viu. Ele chegou num estágio de total confiança no seu potencial, já ganhou dois títulos e é muito inteligente. E muito esperto também. Na Coreia, não acreditei nenhum instante no que ele disse pelo rádio que tinha desistido da disputa comigo. Ele sabe muito bem que minha equipe escutaria e que eles me diriam isso. Mas o problema é que eu sei o que ele realmente quer dizer quando fala aquilo. Comigo isso não funciona (risos)!
TOTALRACE: É correto dizer que hoje a F-1 ficou mais cerebral em relação a quando você começou?
JENSON BUTTON: Com certeza. O talento que existe na F-1 hoje em dia é muito maior do que o que havia naquela época. Michael (Schumacher) ainda está aqui, mas entraram tantos outros pilotos cheios de talento e extremamente velozes. É quando você começa a buscar melhorar em outras áreas, trabalhar nos detalhes, por menores que eles pareçam. Sei de pilotos que tomam pílulas com determinada vitamina para ver melhor em corridas noturnas ou no túnel de Mônaco. A Fórmula 1 hoje está assim, todos estão buscando a diferença em alguma coisinha porque a competição está muito acirrada.
TOTALRACE: Você renovou seu contrato por mais três anos com a McLaren, uma declaração clara de confiança total no time.
JENSON BUTTON: Para mim é importante trabalhar com as pessoas certas. Eu tinha isso na Honda e este foi o motivo pelo qual eu fiquei tanto tempo por lá. Nosso objetivo era o de ser campeão do mundo e conseguimos isso em 2009. Resolvi então enfrentar o mesmo desafio na McLaren. Entrar numa equipe nova é como um choque para mim. Gosto de me sentir parte dela e não apenas como um piloto contratado para competir por ela. Me ambientei rapidamente à McLaren e, depois de um ano e meio, me sinto em casa aqui. Sei que eles valorizam minha opinião, o que é muito importante porque quero ter um carro que funcione para mim. Tenho a confiança de que posso ajudar essa equipe a melhorar e sinto que eles podem me dar a base para lutar por mais um título. Não dá para dizer se as circunstâncias em outra equipe seriam melhores, mas eu sei o que tenho à disposição aqui e é algo bom para caramba. Sei que podemos brigar pelo título a cada ano e depende apenas de nós se vamos conseguí-lo ou não.
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