F1: Os aprendizados que Bortoleto tirou do acidente em Interlagos

Quase como um mantra, o nome de um homem estava nos lábios de uma multidão de torcedores brasileiros que se aglomeravam no coração da velocidade de São Paulo: Bor-to-le-to.

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Pela primeira vez em oito anos, os brasileiros puderam torcer por um dos seus novamente, a espera angustiante para encontrar um sucessor para Felipe Massa finalmente terminou. Foi por volta do GP do Brasil de 2024 que a McLaren concordou em liberar seu piloto júnior para a Sauber para a temporada de 2025, já que Bortoleto havia causado uma grande impressão na F2.

Apesar de um início lento com a equipe em dificuldades, Bortoleto logo começou a impressionar também na F1, superando regularmente o veterano Nico Hulkenberg. E, embora Hulkenberg tenha conquistado o resultado principal com um pódio há muito esperado em Silverstone, o ritmo de seu companheiro de equipe tem sido difícil de suportar.

Mas o que aconteceu na volta de Bortoleto a Interlagos não fazia parte do plano. Ao julgar mal a aderência disponível na última volta de uma corrida de sprint úmida, uma tentativa de ultrapassagem sobre Alex Albon, da Williams, terminou com um violento acidente e uma corrida contra o tempo para a Sauber consertar o carro de Bortoleto para a classificação.

Quando o Q1 começou e o carro do brasileiro ainda estava sem assoalho e outras peças importantes, a esperança de milhares de torcedores brasileiros afundou como uma âncora.

Apesar dos esforços corajosos dos mecânicos para dar a volta por cima no carro de Gabriel - que incluíam um novo chassi, uma nova unidade de potência e uma caixa de câmbio - ele não iria a lugar algum, comprometendo seriamente suas chances de obter um resultado impactante na estreia em casa.

Bortoleto também não deixou de reconhecer esses esforços. "Antes de mais nada, preciso parabenizar a equipe porque eles reconstruíram um carro do zero e quase o fizeram funcionar na classificação", disse.

Explicando o impacto do 57G, que exigiu um check-up no centro médico, ele disse: "Foi uma combinação de coisas. Fiz a manobra, bati nele de novo e o DRS estava ativado, provavelmente freei um pouco no molhado. Acabei fazendo com que o carro apontasse completamente para a esquerda, em direção ao muro, e então eu era apenas um passageiro."

"Não dá para controlar, é simplesmente terrível. Tive muita sorte porque acho que poderia ter sido muito pior e consegui me manter inteiro."

Um jornalista brasileiro questionou se a manobra arriscada de Bortoleto sobre Albon para obter o 10º lugar foi sensata, pois ocorreu na última volta de uma corrida sprint que premia apenas os oito primeiros e que não tem influência sobre o restante do fim de semana. Será que as expectativas elevadas em torno de sua corrida em casa o levaram a correr mais riscos do que o necessário?

A pergunta provocou uma resposta filosófica que ressalta a maturidade do jovem de 21 anos. "É uma boa pergunta, porque sempre estive acostumado a lutar na frente em minhas categorias anteriores, e agora na Fórmula 1 ainda não tenho o carro certo", ponderou.

"Então, eu preciso lutar em algum momento, sabe? Durante todo o ano, eu estava recuando e não estava conseguindo lutar. Mas eu preciso aprender e testar as coisas também, porque no dia em que eu espero ter um carro para lutar por campeonatos, não posso cometer esses erros."

"E acredito que coisas como as de hoje criam pilotos melhores, se você vir Max Verstappen no início de sua carreira e tudo mais. Mas a vida segue em frente e espero aprender com meus erros no futuro também."

Se o paulistano terá ou não a chance de apresentar um bom resultado na parte de trás do grid é questionável, mas uma coisa é certa. Não será por falta de apoio em casa.

"É incrível", disse o novo herói brasileiro da F1 com um aceno de cabeça. "Se você vir a arquibancada aqui, eles estão gritando meu nome e, mesmo nos momentos difíceis, estão lá apoiando você. Acho que isso é incrível, porque é disso que os jovens pilotos do nosso país precisam."