Filho de serralheiros, brasileiro campeão dá volta por cima
Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com, Nicolas Costa fala sobre dificuldades da carreira, conquista do GT italiano e sobre futuro
No último domingo Nicolas Costa se tornou campeão italiano de Grã-Turismo na categoria Super GT Cup. A bordo de uma Lamborghini Huracán, ele venceu a etapa de Mugello, a sexta da temporada, e faturou o título.
Mas não foi a primeira vez que o piloto carioca, que completa 26 anos no próximo mês, aparece com algum bom resultado. Nicolas foi campeão da Fórmula Futuro, em 2010, categoria criada por Felipe Massa, voltada para o descobrimento de novos talentos. Com o título, ele pôde participar da Ferrari Driver Academy. Nos anos seguintes foi campeão da Fórmula Abarth e chegou a fazer testes para a GP3 pela Marussia.
Mas, Nicolas acabou perdendo o apoio financeiro de patrocinadores e se viu sem rumo na carreira, se redescobrindo no GT italiano e conquistando o título logo no ano de estreia.
Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com Brasil, Nicolas comentou sobre o ano de 2016, sobre as dificuldades do início de carreira, do momento atual do automobilismo de seu estado e sobre o que poderá fazer no futuro.
"A temporada superou minhas expectativas", disse Nicolas. "Foi um ano que cheguei para aprender, só pensando em conhecer esse tipo de carro. Desde a primeira corrida fomos bem competitivos e conseguimos seis vitórias. Foi muito bom, ainda mais fechando com o título."
Mesmo para boa parte dos fãs de automobilismo, o GT italiano não é dos mais conhecidos. Nicolas dá mais detalhes sobre a categoria e de sua importância, comparando com um campeonato bastante popular daqui.
"É uma categoria de altíssimo nível, é televisionada ao vivo para todo país. Seria a Stock Car deles, apesar de existirem diversas marcas e duas divisões. Apesar de que, na minha opinião, a Stock Car brasileira é a categoria mais competitiva de carros de turismo do mundo." Em 2016, o novo campeão italiano de GT correu a prova de convidados da Stock Car em Curitiba ao lado de Raphael Abbate.
Automobilismo carioca
O automobilismo do Rio de Janeiro ainda sofre pela falta de um palco importante para chamar de seu. Além disso, ainda não há previsão de quando o estado poderá ter um autódromo, substituindo o de Jacarepaguá, que foi ocupado pelas instalações olímpicas dos jogos de 2016. Aparecendo por meio de uma categoria que foi iniciativa de Felipe Massa, Nicolas fez um raio-x do atual momento do esporte.
"Temos boas categorias e áreas que estão ruins. Começando pelo automobilismo carioca, acho que estamos mortos e enterrados, porque não temos uma pista de kart e perdemos nosso autódromo."
"Estamos sem praça e sem onde as novas gerações podem começar. Você não vai levar seu filho de oito anos para andar de kart em São Paulo para ver se ele gosta."
"Agora, acho que o kartismo, no geral, vive uma boa fase. Temos boas categorias no Turismo, como a Stock Car, mas nos monopostos vivemos uma situação muito critica. Só temos a F3 como categoria de base, com o custo muito elevado e o grid muito pequeno, sem incentivo para você fazer isso."
Sonho dourado da F1
Como nove entre dez brasileiros, Nicolas Costa começou a dar suas primeiras voltas pensando na Fórmula 1, mas rapidamente a realidade bateu à sua porta, mostrando a ele como funciona o esporte em seu país.
"Meus pais são serralheiros, aprendi cedo que eles não teriam R$ 500 mil para me bancar em uma temporada de F3 ou US$ 15 milhões para entrar na Fórmula 1. Quando tinha 13 anos, voltei minha cabeça para a Stock Car. Comecei a observar aquilo como um objetivo, até porque na época eu dividia o boxe no kart com o Caca Bueno de vez em quando, quando ele ia treinar. Ele foi um espelho para mim nesta época."
"Só que a minha carreira acabou se desviando. A única oportunidade que tive de ir à Europa foi no monoposto, depois que fui campeão da Fórmula Futuro. Naquela época mirei a F1 de novo, achei que teria uma oportunidade depois de ter sido campeão italiano e europeu e ter ido bem nos testes da GP3 com a Marussia."
"Acabei perdendo meu patrocínio, tive que parar minha carreira, o que foi muito difícil, porque eu tinha alimentado esperanças, mas acabou não acontecendo. Ao mesmo tempo, sempre tive a mente aberta em relação a todas as categorias. Eu amo o esporte em geral, então meu objetivo era virar um profissional e viver disso.
Futuro
Após novo êxito na carreira, Nicolas ainda não tem futuro definido ao certo, estando aberto a várias outras categorias.
"Sinceramente ainda não tracei nenhum objetivo ainda porque não depende de mim, não quero alimentar alguma falsa expectativa. Vou conversar com a equipe para ter uma ideia do que é possível. Se pudesse fazer Blancpain ou até a Asian Le Mans Series, para mim seria o ideal."
"Sobre monopostos, depende muito da proposta. Se for uma categoria muito específica, como a Fórmula E, eu faria. Tendo outras opções nos GTs e recebendo convite para fazer F3 europeia eu não faria."
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