Análise

Fenati: Muito talento, pouco cérebro e grandes problemas

Mundialmente famoso por agarrar o freio de Manzi, Romano Fenati seria disputado por times da MotoGP como o ex-companheiro Bagnaia se não tivesse errado tanto na carreira

Romano Fenati, Sky Racing Team VR46

Romano Fenati, Sky Racing Team VR46

Gold and Goose / Motorsport Images

Na corrida da Moto2 no GP de San Marino, quem roubou a cena e fez as manchetes ao redor do mundo não foi o vencedor da prova, Francesco Bagnaia, que liderou todas as voltas da corrida saindo da pole position. Foi seu ex-companheiro de equipe, Romano Fenati. Mas, como se tornou comum em sua carreira, foi pelos motivos mais errados possíveis.

O GP de San Marino de 2018 foi mais uma página triste da carreira do talentoso italiano, que chegou ao mundial pela Moto3 em 2012 mostrando todo o seu potencial, sendo segundo na estreia no Catar e vencendo sua segunda corrida, na Espanha.

Desde então, o italiano continuou mostrando seu talento, mas cada vez mais deixa em evidência seu temperamento intempestivo e inconsequente. Responsável por vencer a primeira prova do time de Valentino Rossi na Moto3, na Argentina em 2014, Fenati aos poucos teve sua performance caindo, ora pelo equipamento, ora por si mesmo.

Até a corrida do último domingo, Fenati já havia feito coisas parecidas com a que fez a Stefano Manzi, segurando seu freio no meio de uma reta a mais de 200 km/h. Ele havia tido uma atitude tão babaca quanto há três anos, quando chutou NIklas Ajo após ser atrapalhado pelo finlandês durante um warm-up na Argentina em 2015. Ainda bravo, Finati desligou a moto de Ajo enquanto ele treinava largada pouco depois.

No entanto, o grande erro de sua carreira ocorreu em 2016. Segundo relatos da imprensa italiana, Romano tentou agredir Uccio Salucci – grande amigo de Valentino Rossi, e responsável pela gestão da VR46 Riders Academy – no sábado após a classificação do GP da Áustria. O episódio rendeu sua demissão da equipe VR46, na qual tinha um lugar na Moto2 prometido em 2017.

Fenati teve que ficar na Moto3 para 2017, e conseguiu ser vice-campeão na equipe Snipers Marinelli – longe de ser uma das melhores do mundial. Parecia que ele havia aprendido e reestruturado a carreira. Mas não.

Subindo com o time neste ano para a Moto2, muito se esperava dele. No entanto, o italiano tem até aqui 14 pontos apenas, enquanto Pecco Bagnaia – que pouco lhe incomodava na Moto3 em 2014, como companheiro de equipe na VR46 – atualmente lidera o campeonato da Moto2 e venceu em San Marino, além de já tem contrato para a MotoGP com a Pramac Ducati em 2019.

Em contraste, Fenati continua atrapalhando a si mesmo. Desta vez, tomou uma das atitudes mais antidesportivas que se tem notícia no esporte a motor em nível mundial. Apertando o freio de Stefano Manzi, ele arriscou seriamente a integridade física de um colega em um esporte de risco. E não importa se Manzi errou antes (como de fato fez e foi punido por isso): o que Fenati fez foi injustificável, incluindo os sinais que fez ao italiano, quando Manzi caiu sozinho voltas depois do ocorrido.

Fenati abdicou da corrida para reclamar. E parece que pode ter, com a atitude frente a Manzi, abdicado de sua carreira. Seu contrato com a MV Agusta (time de Manzi) para 2019, que já havia sido assinado, foi rasgado com a ocorrência. Nada mais justo. Fenati foi também demitido de sua equipe, a Marinelli Snipers. Nada mais justo também.

Pelo menos os times fizeram seu trabalho de repreender de maneira enfática o italiano. Porque a suspensão de duas corridas imposta pela FIM foi praticamente uma piada de mau gosto.

E o outrora promissor Fenati vai se tornando mais um caso de ‘e se’. E se não fosse tão temperamental? E se fosse mais inteligente? E se não fosse tão inconsequente? Para quem o viu no início da carreira, certamente estaria sendo disputado por times da MotoGP.

A história de Fenati prova mais do que nunca que mesmo com talento sendo importante, ele não é tudo no esporte a motor.

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