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Aula de F-1: confira uma sabatina com o “professor” Alain Prost

Tetracampeão mundial fala sobre os favoritos ao título deste ano, França, Senna, Perez na Ferrari, entre outros assuntos

Prost durante entrevista em Mônaco

No fim de semana do GP de Mônaco de Fórmula 1, os jornalistas do TotalRace tiveram a honra de serem uns dos poucos convidados para uma sabatina com Alain Prost. O maior rival de Ayrton Senna na categoria e detentor de quatro títulos mundiais (antigamente dono de muitos recordes, já suplantados), soltou o verbo sobre diversos assuntos e relembrou momentos importantes da carreira.

Ex-dono de equipe, Prost se posicionou contra a diminuição de testes e garantiu que, se houvesse um teto de custos em 2001, sua equipe ainda estaria viva. Sobre "assuntos franceses", o tetracampeão elogiou Grosjean e abriu mão de se envolver no projeto do GP da França.

Além disso, o francês teceu bons elogios a Fernando Alonso e Jenson Button, afirmando que o grid atual é muito bom e repleto de pessoas legais, mas não acredita que a Ferrari teria alguém como Perez ao lado do espanhol, uma vez que a política do time é favorecer um piloto só.

Prost também confessou surpresa com a volta de Raikkonen, disse não acreditar em título de Schumacher em sua volta e admitiu: abandonou as pistas por conta da pressão enorme que recebeu. Confira o bate-papo separado por tópicos.
Corte de testes na F-1
"Sei que foi uma decisão de custo, mas cortar os testes durante a temporada não é muito a minha filosofia. Sempre instiguei, muito tempo atrás, na época da FOCA (Associação dos Construtores da F-1), a realização de duas ou três sessões de testes com todos juntos. Podemos entender as coisas e sairia mais barato. Isso poderia até custar mais, mas, no fim, não é tanto assim."

GP da França
"Eu tomei conta do projeto que levava a corrida para Paris, e era um projeto muito bom, sem dinheiro público. Tudo estava certo, mas o governo francês decidiu parar por causa da eleição. Desde então, me afastei. Não me envolvi no projeto que se seguiu. A política é engraçada: anos atrás, a corrida era fantástica; agora, eles falam sobre perda de oito milhões. Se você organizar uma corrida em um país como a França, onde a indústria é forte, oito milhões é merda. Com o novo governo, não sei o que vai acontecer. Não estou otimista, pois o que temos em termos econômicos na França é difícil. Mas digo que o problema não é financeiro, mas está na direção que isso segue."

Romain Grosjean
"Ele tem chance de vencer. Está indo muito bem. Seu carro é um dos melhores. Ele só precisa de um carro consistente desde o começo do ano. Mas ele está indo muito bem, parece estar muito rápido, sua cabeça está boa, ele está confiante, tem apoio de dentro e fora da equipe, o que dá mais confiança ainda. E ele está sempre sendo rápido. Ele teve uma mudança muito grande mentalmente dois, três anos atrás. [Seu desempenho] não chega a ser uma surpresa, por conta do carro."

Vencedores diferentes neste ano, comparando à época 83-84
"É muito fácil ver no fim da temporada a tabela de pontos e falar 'poxa, eu fiz isso, mas deveria ter feito aquilo'. Lembro de 1984, um bom exemplo: havia o [Nelson] Piquet com a Brabham BMW, que era muito rápida na classificação, e sempre disputava com ele; atrás, sempre atrás na classificação, vinha o Niki [Lauda]. Chegava a corrida, eu disputava com Piquet, Mansell, sofria alguns problemas por conta disso, e Niki estava lá. Com mais vencedores em potencial, você tem que ser mais consistente. Com apenas um rival, você só luta contra ele. No campeonato deste ano, você precisa estar nos pontos o tempo todo. Você precisa terminar a prova, ser mais consistente."

Comparando grid da época com o grid atual
"Acho que você não pode comparar. Naquela época, você não sabia se terminaria a corrida, tinha de ser cuidadoso com o motor, os freios. Hoje em dia, você vai que vai. Eles sabem, também, que a diferença entre eles é muito pequena, e isso é muito difícil."

Fernando Alonso
"A temporada dele é um bom exemplo que mostra sua qualidade. Sempre forçando, acelerando, sempre lá, mesmo com um carro que não começou bem. Quando ele tem a oportunidade, como na chuva da Malásia, como na Espanha, ele corre muito bem. Às vezes, ele não vai bem, mas sempre termina nos pontos. Ele pode lutar pelo título mesmo com um carro que não é o melhor. Os outros pilotos sabem que ele anda assim. Às vezes, você precisa vencer, pegar o máximo dos pontos. Disputando contra um ou dois pilotos pode ser difícil, mas contra seis ele tem chance. Toda a corrida é difícil, principalmente, em um campeonato longo de 20 corridas."

Perez na Ferrari?
"É difícil dizer. Ele é um bom piloto, faz boas corridas, provou ser muito bom e rápido. Quando você vai para a Ferrari, tem de saber que ela não é uma equipe comum. Depende do que você quer fazer, se Fernando será o número 1 e precisa ter um número 2, talvez com mais experiência. É uma filosofia. Um jovem capaz de ser rápido e desafiar Fernando pode não deixar o ambiente legal. Acho que dois pilotos rápidos que se dão bem juntos não é fácil. A Ferrari é uma equipe diferente e uma decisão é difícil. É melhor manter Fernando como número 1, pois ele levanta a equipe o tempo todo. Mas, de qualquer forma, seria uma boa escolha, também. Depende do que esperam dele e do que Fernando espera da equipe."

Retornos de Raikkonen e Schumacher
"Fiquei um pouco surpreso quando Raikkonen voltou e vi sua atitude e mentalidades boas. Ele ainda é o Kimi? (risos). Eu gosto dele. Ele não joga, ele é Kimi. Se ele aceitou, se sua atitude é positiva, se o jeito que ele pilota não mudou, então não é ruim. Não é fácil voltar após alguns anos. É bem impressionante. No caso de Schumacher, nunca fui 100% positivo, pois ele já ganhou tanto e todos querem ver ele campeão de novo. Foi uma decisão particular e não estou falando de erros, pois não considero um erro. Agora, nunca acreditei que ele pudesse ser campeão novamente."

Favorito para 2012?
"No começo do ano, disse que seria um campeonato para Button, por causa dos pneus. Hoje, não sei. Pode ser um campeonato dele, por conta de ele ser o mais consistente do grid, mas não estou certo."

Melhor piloto do grid?
"É difícil dizer, é uma nova F-1. Você pode ver que Fernando [Alonso] está fazendo um começo de ano fantástico, regular, mas tudo muda muito rápido."

Semelhanças com Button
"Gosto da atitude dele, dentro do carro e fora. Gosto de [Mark] Webber, eles são cavalheiros. Existem muitos caras legais na F-1, hoje, como Sebastian. Não vejo problemas. É uma geração muito boa. Jenson cuida dos pneus, tal, mas neste ano ele não tem a mesma vantagem do ano passado, pois você vê a diferença de margem de trabalho dos pneus. É tão estranho que ele não consegue usar sua melhor qualidade. Lembro quando tinha problemas com pneus de classificação. Meu estilo não era bom o suficiente para aqueles pneus e não havia nada para fazer. É tudo uma questão de estilo."

Preferência por algum piloto
"Há seis, sete pilotos de que gosto, com qualidades diferentes. Ainda acho que Lewis [Hamilton] às vezes é muito impressionante, mas não tão consistente como no começo. Jenson é muito preciso com estilo. Quem é o melhor, mais rápido, Sebastian [Vettel] é muito rápido em uma volta, mas quando o carro não funciona muito ele é igual os outros. Tem tudo a ver com a ligação do piloto com o carro e os pneus, o que está bem próximo neste ano. Isso significa que torna mais difícil julgar performance, qualidade e velocidade dos pilotos."

Se seria mais feliz agora, sem a pressão de ser piloto de Fórmula 1 que era nos anos 80
"Claro. Quando eu pilotava na F-1, botava muita pressão em mim e tinha muita pressão, principalmente na luta com Ayrton [Senna]. Antes, só sentia a minha pressão, pois queria vencer corridas, ser campeão. Com ele, senti muita pressão e tive problemas com imprensa, público... Não gostava dessa pressão, para ser honesto. Por isso abandonei a Fórmula 1."

Se a equipe Prost sobreviveria com a política atual de corte de custos
"Claro. No ano passado, tivemos um teto de 45 milhões de orçamento. A gente pagava 28 milhões de motor. Quando paramos, pagamos 32 milhões de dólares pelos motores. Mas é por isso que questionei a possibilidade de comprar motores. Neste ano eram 8, 10 milhões. Teríamos patrocinadores, não precisaríamos construir o motor. Pagaríamos por ele pronto. Não acho que as pessoas queriam uma equipe como a minha. Era uma pena. Era importante manter uma equipe francesa para mim. Na época, em 2001, metade do preço de um motorhome poderia salvar uma equipe. Algo estava muito errado."

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