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Bruno Senna responde às perguntas dos leitores do TotalRace

"Meu estilo de pilotagem é mais parecido com o do Jenson Button", revela o brasileiro, que fala também sobre seu passado, presente e futuro na F-1

Bruno Senna atende torcedores no circuito de Valência

É fim de tarde no motorhome da Williams em Valência. Após um dia agitado, que incluiu uma volta pelo traçado sob um calor de 36 graus, Bruno Senna e Pastor Maldonado vão pulando de mesa em mesa para atender às entrevistas exclusivas do final de semana. Conversam com os interlocutores concentrados e, ao mesmo tempo, relaxados. A equipe inglesa tem dois pilotos que sabem da importância do contato com a mídia. E que se saem muito bem nessa tarefa.

A última mesa reservada para falar com o piloto brasileiro é a do TotalRace. Ele chega sorridente e se mostra animado quando lhe dissemos que a entrevista será feita com perguntas dos leitores do site. “Legal, vamos lá”, afirma, dando o sinal verde para uma conversa franca, em que fala sobre seu momento na categoria, o que não deu certo no passado e o que precisa funcionar para lhe garantir um futuro nela.

TOTALRACE (João Paulo, José Queiroz e Paulo Cezar Lima): Como você define seu estilo de pilotagem? Ele se assemelha com o de algum piloto do grid atual? Em que pontos ele diverge do estilo de Pastor? Seu estilo de pilotagem é mais dianteiro ou traseiro? E qual é a tendência do FW34 nesse aspecto? Em termos técnicos, qual você enxerga ser seu ponto forte e onde precisa melhorar? Onde isso faz diferença?
BRUNO SENNA:
Meu estilo de pilotagem é mais parecido com o do Button. Tem um estilo mais arredondado e suave nas curvas. Isso funcionava perfeitamente com os pneus da Bridgestone, só que com os pneus Pirelli, isso é um negócio que não funciona tão bem. Pode ver até que o Button perde um pouco. Se sua curva demora um segundo a mais do que os outros, você está ferrado. Você irá sofrer no ‘long run’. Gosto de um carro que é muito neutro, ou até um pouco saindo de traseira, mas com os pneus Pirelli você não pode fazer isso. Esses pneus favorecem os pilotos que tem um estilo de pilotagem mais agressiva como o Pastor, o Alonso e até mesmo o próprio Hamilton, que estão tendo vantagem com relação a seus companheiros de equipe, pois já tem naturalmente este tipo de pilotagem. Fazem o pneu durar mais e conseguem tirar o máximo. No da Bridgestone, qualquer tipo de pilotagem funcionava, e com esse pneu, diminuiu muito mais a janela.

TOTALRACE (João Paulo): Como o Wurz tem lhe ajudado? Lembra-se de algum fato onde a ajuda dele foi essencial pra você ou para o Pastor?
BRUNO SENNA:
O Wurz tem muita experiência, ele sabe bem como funciona a estrutura do fim de semana, tem nos ajudado bem com as expectativas. Dá toques para que nas primeiras curvas da corrida não passemos do limite, está sempre tentando segurar nossa onda. Somos jovens, e ele já foi jovem também. Chega na corrida com a adrenalina bombando. Ele tenta ajudar nesse sentido, e a ajuda técnica dele é boa também.

TOTALRACE (Marcos Antônio Filho): Alguns pilotos já criticaram o campeonato por causa dos vencedores diferentes. Qual a sua opinião sobre isso?
BRUNO SENNA:
Tem o lado bom, pois a corrida fica imprevisível, e as coisas ficam interessantes para quem está assistindo, só que demonstra especificamente como a janela de desempenho máximo é muito pequena. Temos poucos pilotos conseguindo acertar essa janela o tempo inteiro. Se uma pessoa anda bem, no final não consegue manter. Tem esse lado que demonstra como está difícil acertar tudo, mas também tem o lado das equipes estarem muito mais próximas esse ano, e isso torna o campeonato muito mais interessante.

TOTALRACE (Marcos Antônio Filho): As classificações têm sido seu ponto fraco em 2012. Já identificou o que pode ser melhorado?
BRUNO SENNA: Claro que adoraria ter classificado melhor. Já em Mônaco e no Canadá minhas classificações foram mais próximas da do Pastor. Mesmo eu tendo cometido uma besteira lá (Canadá). Na corrida da China, também estava bem próximo, mas ele está muito mais consistente, está muito mais confortável com o engenheiro, enquanto eu estou aprendendo bastante ainda. E estamos explorando um pouco os acertos que irão me dar mais desempenho no qualifying sem ferrar com a corrida. Estamos passando do ponto em algumas provas, umas mais, outras menos, por isso a demora em algumas corridas mesmo para achar esse ponto ótimo. Enfim, preciso melhorar na classificação, mas ela é importante em algumas corridas, e não em outras.

TOTALRACE (Paulo Teixeira): Onde acha que o seu carro pode ser melhor? Em pistas travadas como o Mônaco, ou mais velozes como Monza?
BRUNO SENNA: O carro da Williams trabalha melhor quando a pista exige mais downforce. Quando a pista tem longas retas e exige mais do DRS, sofremos um pouco, principalmente na classificação. Em pistas como Silverstone, Hungria, o carro pode estar bem competitivo. Estou falando isso agora, pois amanhã pode vir um pacote que faz com que demos um salto à frente e mude tudo. Isso serve para falar agora. Estamos com alguns updates, e vamos ver se conseguimos esse salto.

TOTALRACE (Ico): O problema é o DRS ou o carro que tem um arrasto maior do que os outros?
BRUNO SENNA: É do DRS mesmo, todo carro tem arrasto, alguns mais, outros menos. O efeito do DRS que temos não é muito grande, e mesmo na corrida do Canadá, nosso DRS era menor que da Caterham. Com o Kovalainen, coloquei o carro do lado, e nós dois com o DRS aberto, ele abriu vantagem. Ele era mais rápido do que eu com os DRS abertos. Esse é o nosso maior problema.

TOTALRACE (Ademir B. Júnior): O aumento do desgaste de pneus com a nova asa foi algo pontual do Canadá, ou realmente ela não funcionou e será descartada?
BRUNO SENNA: Não é que a asa não funcionou, fizemos a decisão errada. Estava funcionando perfeitamente, mas não era a asa certa para o Canadá. Se estivéssemos com uma asa com mais downforce, ela cuidaria mais dos pneus. Íamos ter uma melhor consistência, mas estávamos com a asa errada e nos demos mal.

TOTALRACE (Ademir B. Júnior): Qual foi a corrida de F-1 em que você saiu mais satisfeito com a própria atuação? Por quê?
BRUNO SENNA: Acho que a corrida da China. A da Malásia, a condição estava certa para mim, e eu ultrapassei a galera. Foi uma ótima corrida, fiquei contente, mas na China a condição estava mais consistente, já que tinha um probleminha na asa e tive que segurar a galera atrás de mim a corrida inteira, pois o carro não estava rápido o suficiente, Foi uma prova bem difícil, tomei decisões certas, como a de deixar o Grosjean passar, pois eu sabia que se eu o segurasse, teria problemas. E, literalmente, foi o que aconteceu, quando acabou a corrida e fomos medir o pneu, tinha zero de borracha do pneu esquerdo dianteiro, e se eu tivesse tentado segurar o Grosjean, não teria terminado a corrida. Nela, minha decisões e o que eu estava fazendo com o carro foi o certo. Fiquei contente com a corrida, mesmo que o resultado não tenha sido tão favorável.

TOTALRACE (Glailson Nogueira): Qual vai ser o peso para a sua manutenção na equipe Williams para o ano que vem: desempenho ou patrocínios?
BRUNO SENNA: Desempenho, com certeza. A equipe têm bons patrocínios, e ela quer alguém para ficar na frente no campeonato. Tenho que manter um nível bom de desempenho e também gerar patrocínio, mas só fico se tiver bom desempenho ou até mesmo um potencial para isso.

TOTALRACE (Amanda Marques): Você esteve na Lotus ano passado e agora na Williams. Alguma diferença no modo de trabalho entre uma e outra?
BRUNO SENNA: As equipes são bem distintas. A estrutura interna é bem diferente. Aqui temos um pouco menos de gente fazendo o mesmo trabalho. Na Lotus tinha mais gente na parte da engenharia, então elas utilizam os recursos de forma diferente. Mas a grande diferença está no ambiente de uma para outra. A Williams parece muito uma família. Todo mundo tem um respeito pelo Frank. Isso é uma das coisas que levam o time para frente, a admiração por ele. E isso é muito interessante, pois não é só um negócio, mas também uma família.

TOTALRACE (Ico): Já me relataram que o Frank é uma pessoa que participa, ele liga para os pilotos e tudo mais. O Colin Kolles, com quem você trabalhou em 2010, era o oposto disso? 
BRUNO SENNA: Bom, o Frank é realmente uma pessoa que cuida das coisas pessoalmente. Ele gosta de estar presente, bem ativo, e isso é bem interessante. Em 2010, a coisa era bem mais política, tinha um atrito enorme lá por causa da situação difícil que a equipe estava enfrentando por causa dos resultados. Com certeza prefiro estar muito mais aqui como ambiente, descartando até o desempenho, mas o ambiente aqui funciona bem mais.

TOTALRACE (Ademir Takada): Como você analisa o seu primeiro ano de F1 na HRT. É possível tirar grande aprendizado em equipes bem pequenas?
BRUNO SENNA:
Sendo bem sincero, o ano da Hispania me prejudicou bastante em termos de imagem, de confiança, mas era aquele carro que você não sabia se iria estar funcionando ou não, em termos de desempenho, os carros raramente eram iguais, e isso mina muito sua confiança, pois está fazendo tudo que pode fazer e está tomando um cacete de seu companheiro de equipe. Isso era um problema com o carro, mas ninguém sabia, pois não tínhamos instrumentos para medir, não tinha como saber. Foi um ano difícil, a única coisa que realmente aprendi foi com a parte mecânica da Formula 1, como funciona cada coisa, os comandos, o que foi bom. Por exemplo, quando testei a Lotus pela primeira vez, já sabia o que fazer, não ficava perdido com os comandos. Foi positivo.

TOTALRACE (Amanda Marques): O quão próximo da realidade estão os simuladores da F1?
BRUNO SENNA:
Os simuladores das melhores equipes estão bem próximos. As equipes vem com uma base de acerto do carro e fazem acertos pequenos nele, mas outros simuladores não estão tão próximos.Não podemos pegar os resultados do simulador e ver como verdade absoluta, pois o ele é uma interpretação da realidade. E uma simulação dos Pirelli também é muito difícil, pois é uma coisa bem complicada de se prever, mas é uma ferramenta muito útil, e, com certeza, é um ponto de investimento muito importante. 

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Fórmula 1
Bruno Senna
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