Doria questiona autódromo no RJ e reitera desejo de manter F1 em SP: 'Não abriremos mão'
Governador e Prefeito de São Paulo, Bruno Covas, negaram saída da Fórmula de Interlagos e revelaram planos para renovação
Em coletiva realizada no Palácio dos Bandeirantes nesta sexta-feira, o Governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o Prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), falaram sobre a polêmica da semana envolvendo o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1.
No início da semana, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que havia assinado um termo de compromisso para a construção de um autódromo no Rio de Janeiro, em Deodoro, para receber a Fórmula 1 no país já em 2020, causando espanto não só no mundo do automobilismo, mas também na política.
"Tem um contrato a ser cumprido e um prefeito e governador que vão lutar pelo seu estado e cidade pela manutenção do GP do Brasil em São Paulo. Da nossa parte, não abriremos mão, é uma historia, uma vocação. Interlagos é um dos melhores circuitos avaliados pelos pilotos", disse Doria, na coletiva.
O governador tucano ainda questionou a construção da pista em Deodoro, que seria batizada de Ayrton Senna e construída em seis ou sete meses, segundo Bolsonaro.
Dória e Bruno Covas durante coletiva
Photo by: Carlos Costa
"Eu já sobrevoei o campo de Deodoro, não tem nada em Deodoro, rigorosamente nada. Como pode dizer que ali vai ter um autódromo internacional. Algo efetivamente não está ordenado nesse processo", afirmou.
"Entendo que o Rio de Janeiro pode buscar suas próprias vocações e buscar seus próprios eventos, como o Rock in Rio, que são sucesso extraordinário de público, mídia, entendo que o Rio pode buscar suas próprias vocações, mas se quiser disputar a Fórmula 1, vai disputar com São Paulo e eu garanto a vocês que São Paulo tem mais chances de vencer que o Rio de Janeiro", completou o governador.
Doria apoiou abertamente Bolsonaro nas eleições presidenciais do ano passado, mas afirmou que essa disputa em nada abala sua relação com o presidente. "Não há nenhum estremecimento, a relação continua muito boa, é uma relação respeitosa".
Interlagos
Photo by: Andrew Hone / LAT Images
Doria citou ainda a presença dos fãs nas corridas em Interlagos, destacado por ele como um grande autódromo em âmbito mundial. "Não é apenas a questão de ser em São Paulo, mas também do circuito, que é considerado um dos cinco melhores do mundo", ponderou. "Outro fator importantíssimo é a presença do público, não só em relação ao ingresso, mas também quanto ao entusiasmo. Não se pode fazer um GP sem a presença dos torcedores".
Ele citou dados para embasar o argumento. Segundo o governador, o GP do ano passado teve público de 151 mil pessoas, com aumento de 6,4% em relação a 2017. Outro aspecto destacado foi o econômico. De acordo com Doria, o evento de 2018 movimentou 334 milhões de reais, 20% a mais que no ano anterior. O tucano disse ainda que 10 mil empregos diretos e indiretos foram criados só no circuito da zona sul da capital.
O Grande Prêmio do Brasil tem contrato com a Fórmula 1 até 2020. O prefeito da capital paulista revelou que o CEO da categoria, Chase Carey, virá ao Brasil em junho para conversar sobre a renovação. "Fomos pegos de surpresa com esse anuncio, já que a tratativa de São Paulo com a Fórmula 1 tem se dado dentro da normalidade", explicou Covas.
Segundo Covas, o impacto econômico da Fórmula 1 em São Paulo é de R$ 334 milhões, maior até que o Reveillón (R$ 180 milhões), Carnaval (R$ 220 milhões) e Parada LGBT (R$ 288 milhões).
"São turistas que frequentam nossos restaurantes, usam nossos táxis, que gastam na cidade de São Paulo. A prefeitura vai atuar pra manter esse evento aqui na cidade", afirmou Covas, que disse que ficaria surpreso se o contrato com a F1 não fosse renovado.
Atualmente, Interlagos passa por reformas na área dos boxes, e passa por um processo do Governo e Prefeitura de São Paulo de concessão do espaço à iniciativa privada.
Coletiva de imprensa sobre o GP do Brasil
Photo by: Carlos Costa
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