Escapamento da Renault é uma das inovações do ano
Não é só o som do carro preto e dourado que é diferente: entenda como funciona o escapamento de saída frontal do time anglo-francês
Apelidado de “escapamento de saída frontal”, o inovador sistema da Renault faz justamente isso: canaliza os gases do escapamento para uma saída mais à frente no carro, entre as entradas de ar do radiador e os sidepods.
Trata-se de uma evolução do conceito do difusor soprado, que a Red Bull usa desde o ano passado. O que se fazia normalmente é canalizar os gases do escapamento de modo a alimentar o difusor, por meio de uma saída localizada logo abaixo dos braços da suspensão, com a intenção de ganhar pressão aerodinâmica.
Para que se gere downforce é preciso que o fluxo de ar seja intenso. Por isso, os difusores duplos do ano passado, alimentados por diversos buracos, canalizavam o ar que vinha de frente, de baixo, e até do escapamento, e eram muito mais eficazes que os simples. Com as novas regras, as áreas em que se pode trabalhar com esses “buracos” ficou extremamente reduzida. A ideia da Renault é tentar corrigir essa perda de downforce criando um fluxo de ar sob o assoalho.
Teoricamente, trata-se de um artifício simples: ao invés de direcionar os escapamentos para trás, eles fazem o caminho inverso e são despejados ao lado dos sidepods, onde há uma espécie de cotovelo que os direciona de volta, mas pelo lado de baixo do carro. É basicamente o mesmo princípio do difusor soprado, mas levado ao extremo, aumentando a área percorrida pelo fluxo de ar, e direcionando-a pelo assoalho.
Aí entra o motor, que, para não interromper esse fluxo, deve expelir gases continuamente, mesmo quando o piloto não está acelerando.
“Isso foi algo que desenvolvemos junto da equipe de Enstone e que é nosso ponto forte. Durante o inverno fizemos um programa muito complicado e agressivo para poder usar o motor em condições que nunca tínhamos imaginado antes. Trabalhamos com muita cartografia e fizemos muita simulação no banco e estamos conseguindo fazer funcionar o motor sem perder potência, sem perder dirigibilidade e o resultado está bem legal. Essa história da mudança de regra está colocando em dúvida a possibilidade de usar este sistema até o final da temporada”, afirmou com exclusividade ao TotalRace o engenheiro-chefe de motores em pista da equipe da Renault, Ricardo Penteado.
Não é algo simples de se fazer e são dois os poréns que o time de Enstone teve que administrar: primeiro, os gases do escapamento são muito quentes e podem interferir com a eletrônica, radiadores e até o tanque de gasolina; segundo, uma saída do escapamento mais longa funciona bem em baixas rotações, não em 18000rpm, então a Renault teve que trabalhar em seu motor.
“É muito legal porque tem alguém que tem a idéia, como um brainstorm, e vai como uma bola de neve. O pessoal da aerodinâmica fala ‘a gente pensou em fazer isso’, quem faz o chassi, o radiador, diz que não tem problemas para eles, depois propõe para nós [responsáveis pelos motores] se vemos algum problema e falamos ‘até podemos usar o motor de maneira diferente’. Então é um efeito de bola de neve quando estamos motivados para melhorar a performance, quando tem uma novidade tão grande como essa no nosso carro e o astral é muito legal. Cada um cuida de uma parte específica do carro e temos que colocar tudo para o carro funcionar bem.”
(colaborou Felipe Motta)
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