F1 busca desenvolver combustível 100% sustentável para próxima geração de motores
Projeto faz parte do plano da F1 de neutralizar suas emissões de carbono até 2030
A Fórmula 1 detalhou um plano importante em seu projeto de tornar a categoria mais verde. Nesta terça-feira (05), a categoria anunciou o objetivo de introduzir um combustível 100% sustentável na próxima década, mirando inicialmente uma estreia junto com a nova geração de unidades de potência, prevista para 2025.
Há alguns anos, a F1 anunciou um projeto de zerar as emissões de carbono do Mundial até 2030 e, para atingir isso, seriam necessários diversos passos. Um deles começa já no próximo ano, com a chegada do combustível “E10”, que resulta da combinação de 90% de materiais fósseis e 10% de etanol.
Pat Symonds, ex-Renault e Williams e atual diretor técnico da categoria, falou sobre os objetivos da F1 com esse anúncio.
“O que precisamos é encontrar os produtos necessários. Há etanol suficiente por aí, é fácil de se usar. Mas quando você começa a olhar para essas moléculas mais complexas, não há muito disso por aí, e é por isso que o meio da década é um objetivo realista”.
Segundo a publicação, essa nova geração de combustíveis será produzida em laboratório, evitando assim uma modificação dos motores. A expectativa é que isso torne os carros mais rápidos, além reduzir as emissões de carbono em aproximadamente 65%.
Esse combustível 100% sustentável deve ser produzido com um componente avançado que vem de um esquema de sequestro de carbono, como lixo municipal, ou mesmo a biomassa, como restos agrícolas e materiais que não servem para consumo humano. O projeto deve ser iniciado em pequena escala até atingir o nível de desenvolvimento esperado para a produção em massa.
“O sequestro de carbono é um método que nos interessa. Porque tira o carbono diretamente do ar. Ainda está em seus primeiros passos, mas há locais fazendo isso já. Há alguma coisa no Canadá, uma fábrica grande na Suíça, na América do Sul também. Então é algo factível e acho que em 20 anos será bem presente”.
A decisão pelo combustível sustentável que fuja do caminho atual se deu pelo fato do etanol não ser a melhor escolha para a alta performance esperada de carros da F1, segundo Symonds: “O que queremos é sintetizar um combustível totalmente sustentável, de alta performance, o que é difícil de fazer na quantidade que queremos. É um projeto ambicioso”.
“Atualmente temos combustíveis que têm cerca de 44 megajoules por quilo. Eles têm uma energia muito densa. Os combustíveis com álcool, como o etanol, são bem menos densos, então você precisa de um volume maior para obter a mesma potência”.
“O esporte a motor tem a ver com potência, mas, particularmente sobre densidade de potência. Não queremos carros enormes com tanques de combustível enormes. Queremos tanques pequenos com uma boa quantidade de combustível denso”.
Symonds explica ainda que, apesar de haver a combustão, essa emissão de CO2 não é um acréscimo ao que já existe no ambiente, já que os materiais usados para a produção do combustível acabam ‘sequestrando’ gás que já está na atmosfera ou que iria para lá de qualquer jeito.
A decisão mostra que a F1 se vê comprometida com a manutenção da tecnologia híbrida pelos próximos anos. Enquanto muitos achavam que a eletrificação seria o único destino possível para a categoria, o Mundial segue a linha de pensamento de que os motores a combustão ainda serão algo presente ao redor do mundo por muito tempo, indo por um caminho diferente da Europa, que já se prepara para um mundo elétrico.
“Não somos contra os veículos elétricos. No meu caso, longe disso. Eu realmente acho que para veículos leves em ambientes urbanos eles são bons. Eles têm seus problemas, mas não somos contra. E acho que todos os engenheiros concordam que os elétricos servem em situações do tipo”.
“Mas eles ainda não são bons quando você precisa de muita potência, e você precisa que isso não ocupe muito espaço. Então você olha para os veículos pesados, trens, aviões, carros de rua de alta performance, acaba se tornando algo relevante”.
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