McLaren diz que Honda precisa adotar a cultura da F1
Eric Boullier, diretor esportivo da equipe inglesa, considera que fabricante ainda peca em agilidade para apresentar melhorias em seus projetos
Diretor esportivo da McLaren, Eric Boullier acredita que a Honda, parceira técnica de sua equipe, precisa compreender melhor a cultura da F1 para obter o progresso necessário e alcançar melhores resultados.
A empresa japonesa vem enfrentando sérias dificuldades desde que retornou à categoria, em 2015, quando retomou a parceria com a McLaren. Para piorar a situação, o time enfrentou uma pré-temporada desastrosa na Espanha, afetada por problemas mecânicos e falta de potência de seu conjunto. Isso fez com que a relação entre as duas partes atingisse níveis de grande tensão.
Boullier considera que a Honda não tem conseguido alcançar o nível de precisão e desenvolvimento necessário para obter o sucesso na F1, o que considera ser o grande obstáculo do projeto.
“Eles só precisam de uma coisa, que é entender e adotar a cultura das corridas de F1. O que eu quero dizer é: a forma com que nos comportamos na F1 é guiada por um calendário, com metas fixas, datas, ganhos em tempo de volta. Nós sempre procuramos pela melhor solução o mais rapidamente possível”, analisou Boullier ao Motorsport.com.
“Quando uma montadora de carros está conduzindo um projeto, ela pode ter algumas semanas de atraso e isso não vai mudar o produto, nem o modelo de negócios. No automobilismo, se você não trouxer a sua melhoria para a primeira corrida, então nesta corrida você não vai arrumar nada. Essa é a mentalidade das corridas. No que diz respeito a fornecedores, temos de assegurar que, se eles fizerem algo em um mês, da próxima vez terá de ser em três semanas. Depois, o tempo precisa ir de três para duas semanas.”
“Nós valorizamos mais o tempo que ganhamos do que o dinheiro que foi gasto. É uma abordagem diferente do que acontece com o resto do mundo”, continuou o dirigente francês.
A Honda possui uma estrutura em Milton Keynes, na Inglaterra, para desenvolver exclusivamente seu motor. Contudo, Boullier considera que o trabalho realizado em conjunto com sua base principal, no Japão, faz com que a operação de F1 seja lenta demais para lidar com as demandas das corridas.
“É por isso que a Mercedes tem sua sede na Inglaterra. Acredito que eles se beneficiam de toda a cadeia de fornecimentos e das pessoas com experiência em F1”, acrescentou.
“Nossos fornecedores custam, talvez, o dobro [da Honda], mas são três, quatro, cinco vezes mais rápidos. De certa forma, você percebe que a influência corporativa não ajuda na eficiência. Quanto mais você se comporta como uma empresa, mais lento você é, e isso não se encaixa bem na cultura das corridas.”
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