O assunto do primeiro dia de treinos para o GP da Malásia não podia ser outro a não ser os pneus. Os compostos trazidos pela Pirelli para o circuito de Sepang não resistiram às altas temperaturas (a pista chegou a 50ºC nesta sexta-feira), o que fez os pneus duros durarem até menos que os macios.
"Os pneus duros estão escorregando muito. O problema da Pirelli não é esfarelar, pois a questão é de 'usura', mesmo, do pneu. Ele tem um uso de borracha que você consome mais quando escorrega e chega na manta do pneu. Essa é a razão pela qual o duro gasta mais", relata Rubens Barrichello, da Williams, em entrevista acompanhada pelo TotalRace. Ele crê em situação pior que a de Barcelona, na pré-temporada.
"Estamos de volta para a degradação de Barcelona e, pior: aqui, que é mais quente e o asfalto bateu nos 50ºC, o pneu duro durou quatro voltas. O mole aguentou um pouco mais, mas não tanto", analisa. Da mesma opinião partilha Fernando Alonso, da Ferrari.
"É uma situação parecida com a dos testes do inverno: mais desgaste do que tivemos em Melbourne. Aqui, para mim, será impossível fazer apenas uma parada. Os pneus macios são melhores, tanto para uma volta como para long-runs", analisa o espanhol. Já seu parceiro, Felipe Massa, relata que os dois tipos perdem rendimento muito rápido.
"O pneu mole é mais rápido que o duro. Já existe uma grande diferença no começo, mas que acaba rápido. O pneu duro é lento no início, mas também acaba rápido. A situação não será tão simples, assim", reflete.
Na Red Bull, os pilotos preferiram fazer mistério em relação ao desempenho dos pneus. "Os meus estão durando algo entre 5 e 25 voltas", afirmou Mark Webber antes de desaparecer para a reunião de debriefing com os engenheiros da equipe.
O número de paradas que devem acontecer na corrida varia muito na opinião dos pilotos. "Tranquilamente, faremos três paradas; talvez até mais", diz Massa. "No domingo sempre melhora, mas por hoje, a gente calcula cinco. Caso chova, porém teremos outra visão da prova. Se chover antes da largada e a corrida for no seco, a borracha boa vai embora, o que piora o uso do pneu", completa Barrichello.
Na opinião de Paul Hembery, da Pirelli, desgaste não é excessivo e o problema é de fácil administração: "No começo do projeto, nós acertamos que teríamos um pneu que se desgastasse mais. Faz parte da estratégia para aumentar o show. Assim, podemos ter carros com pneus novos mais rápidos que aqueles em fim de 'stint'. E, com isso, mais ultrapassagens. O desgaste está alto, mas não excessivo. Deve ser possível administrar."
Contudo, o dirigente prefere não tecer maiores comentários até estudar o relatório de comportamento dos pneus na corrida de domingo: "Temos de esperar até domingo à noite para avaliar. Essa corrida é dramaticamente mais agressiva que Melbourne."
Veterano do grid, Barrichello já correu com três marcas diferentes na carreira (Goodyear, Bridgestone e Pirelli) e aposta: quem conseguir administrar os pneus e parar o mínimo possível nos boxes será o favorito para a vitória. "A corrida será daquelas equipes que souberem olhar melhor os pneus. Quem optar por uma estrategia de menos paradas, conservando os pneus, vai conseguir. O problema é que o pneu não fala quando piora. É como um botão: apertou, acabou".
Caso chova, a situação não deve mudar muito, segundo Rubinho: "A gente tem pouco conhecimento dos pneus de chuva, mas aquilo que aconteceu em duas pistas foi muito parecido. Eles deterioram rápido e o intermediario dura mais tempo, mas é duro e escorrega. Se não tiver muita chuva, é o pneu a ser usado."
(Colaboraram Felipe Motta e Luis Fernando Ramos, de Sepang)