Petecof celebra trajetória de superação na conquista da F3 Regional
Com apoio decisivo da Americanet e Matrix Energia, piloto da Academia da Ferrari levou título com pontos em todas as provas e quatro vitórias
Um ano de muito empenho e superação. Assim pode ser definida a temporada de Gianluca Petecof, campeão da Fórmula 3 Regional Europeia. O brasileiro da Academia de Pilotos da Ferrari terminou o ano pontuando em todas as 23 corridas disputadas, com quatro vitórias e 14 pódios, superando os companheiros de equipe Prema Powerteam, Arthur Leclerc e Oliver Rasmussen, em 16 pontos.
O paulista de 18 anos de idade correu risco de não conseguir terminar a temporada e contou com o apoio fundamental da Americanet e Matrix Energia para levantar os recursos que lhe permitiram completar a competição e se tornar o primeiro brasileiro campeão da categoria.
É o primeiro título de Petecof no automobilismo internacional. Após se mudar para a Europa em 2016, quando começou a correr no kart no exterior, Gianluca passou para a Fórmula 4 em 2018, foi vice-campeão italiano da categoria em 2019 e, no primeiro ano na F3 Regional, conquistou o título.
Com o campeonato assegurado, o brasileiro também garante os 40 pontos necessários para conseguir a superlicença, documento que habilita um piloto a correr na Fórmula 1.
Confira um bate-papo com Gianluca Petecof sobre a temporada deste ano:
Qual a importância do seu primeiro título nos carros de corrida e com a Ferrari?
"É gigante, passamos por dificuldades que não foram vistas nos resultados, na TV, só realmente quem esteve de perto, soube dessas dificuldades. Então, poder chegar ao fim de um ano de muito trabalho, muito sacrifício e entregar esses resultados, trazer esse título para casa, significa muito. Realmente, é um momento que não vou esquecer tão cedo. Poder conseguir isso, fazendo parte da Ferrari, meu primeiro título com eles, tendo o meu nome escrito na história da academia, é muito especial."
Quais foram os momentos mais difíceis no ano e como trabalhou para superar cada um deles, dentro e fora da pista?
"O ano foi repleto de momentos difíceis, que realmente me tornaram mais fortes durante a temporada. O primeiro momento foi muito delicado inclusive. Perto do meio da temporada, devido a essa crise do Covid, tivemos uma incerteza financeira que podia colocar a minha temporada em risco. Depois da etapa de Spielberg, eu não tinha certeza se eu voltaria na etapa seguinte, independentemente de estar liderando o campeonato. Então poder ter a Matrix e a Americanet nessa segunda metade foi essencial para trazer esse título, sou muito grato a eles. Dentro da pista, com certeza a etapa de Mugello, onde sempre tive ótimos resultados, chego lá na chuva e temos algumas dificuldades técnicas e momentos em corridas levando quase quatro segundos, algo um pouco inexplicável. Mas poder voltar forte e levar esse título, depois de tudo o que aconteceu, depois de tantas etapas difíceis, significa demais."
Os adversários tiveram mais dias de testes durante o ano. Como era ir para a pista e apenas acompanhar de fora os outros testando? Dava mais motivação ainda?
"Quando você fala de carro, principalmente um carro de Fórmula 3, quanto mais tempo você tem no carro, mais tempo você tem para desenvolver seu feeling, ficar mais confortável dentro dele. Cada volta a mais realmente é muito importante. Chegar no momento decisivo e ver os outros tendo mais tempo no carro, com mais treinos, não só na Regional mas também fazendo quase todos os dias de treinos coletivos da FIA Fórmula 3, me deu mais motivação, claro. Disse para mim mesmo 'você não vai ter isso à disposição, mas muitas outras coisas nas quais pode fazer uma diferença'. Às vezes é na academia, às vezes é na preparação técnica, análise dos estudos para as etapas seguintes. Procurei fazer tudo ali e usar tudo à minha disposição para que esses testes tivessem o menor impacto possível nos resultados."
Na sua opinião, qual foi o ponto fundamental para a conquista do campeonato?
"É difícil nomear um ponto fundamental, porque houve tantas pessoas especiais e momentos nos quais pudemos dar uma reviravolta em algumas situações que pareciam muito ruins. Mas o principal motivo, que vira até um lema, é o de nunca desistir, independentemente se nos encontramos numa situação em que o campeonato está em risco, alguma situação na qual de repente vai de estar ganhando corridas a nem classificar no top5. Essas reviravoltas nas quais o mais importante é não tirar a cabeça do lugar e estar sempre pensando no objetivo principal, que no nosso caso era o título, era o que importava, ter os novos parceiros entrando e me possibilitando terminar o campeonato e também tudo que pude fazer para ter certeza de que isso acontecesse. Mas é o que falei: nunca desistir e ter fé porque no fim do dia é tudo o que importa."
O que espera para a temporada de 2021?
"Para 2021, espero continuar fazendo o que amo, poder dar um passo à frente na minha carreira, independentemente de qualquer categoria que seja. É claro que temos as nossas preferências, os nossos planos, mas agora fico muito contente de ter trazido esse título. Isso também dá algo para trabalharmos em certas negociações, em certas oportunidades que podem acontecer. Mas o principal é continuar a minha carreira, deixei de fazer tanta coisa na minha vida para dar sequência na minha carreira, e não vai terminar agora."
Você partiu sozinho para a Europa atrás do sonho de correr ainda com 14 anos de idade para competir de kart. Hoje, pouco depois de completar 18 anos, tem a superlicença da F1. O que isso representa pra tua vida?
"Fico muito feliz e orgulhoso de olhar para a minha carreira, os relacionamentos que criei, as pessoas especiais que conheci, as equipes por onde passei. Ouvi algo muito legal uma vez: 'o maior presente é a própria jornada'. Por tudo o que passamos, os momentos especiais, os momentos difíceis, que tornam os momentos especiais ainda melhores. Poder com 18 anos ainda já conquistar os pontos necessários para a superlicença é algo realmente sensacional, o que sempre trabalhei para acontecer. Lembro exatamente chegando à Europa em 2016, 2017, para começar a minha carreira no kart e depois entrando para a Academia da Ferrari, meus anos de Fórmula 4, vice-campeonato italiano no ano passado, e toda a história que foi o título desse ano. Representa muito, significa muito. Vou trabalhar e fazer de tudo para que não acabe aqui."
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