"Não estamos competindo com a F1", diz CEO da Fórmula E
Em entrevista exclusiva ao MOTORSPORT.COM, Alejandro Agag fala sobre o crescimento da categoria, de quando haverá apenas um carro por corrida e sobre o confronto de datas da rodada dupla final com a F1
Se você quer ter uma exata noção de como Alejandro Agag, CEO da Fórmula E, tem entradas políticas mundo afora, basta ver as fotografias de sua mesa: Bill Clinton, Tony Blair, George Bush, entre outros estadistas. Mas não pensem que são poses estilo selfie, mas sim em conversas, dos tempos em que lidava prioritariamente com a política.
Nos últimos três anos, Agag entregou à FIA a maior parte dos objetivos da Fórmula E, a primeira categoria totalmente elétrica do automobilismo mundial, muitas vezes tendo que recorrer às suas habilidades políticas.
Para a segunda temporada, que começa neste mês em Pequim, Agag quer multiplicar a base de fãs, como parte da estratégia de consolidação. O campeonato teve início bem sucedido e começou a dar ao automobilismo uma nova demografia.
Falando exclusivamente ao MOTORSPORT.COM, Agag afirmou que o próximo campeonato será vital para as pretensões da categoria, a de chegar aos jovens consumidores.
"Queremos multiplicar o número de fãs, particularmente utilizando o lado digital. Começamos muito bem nisso e já temos uma boa base."
"O objetivo é manter esse crescimento, em termos práticos, expandir a audiência em TVs, com anúncios nas principais emissoras do mundo."
"O principal atrativo é chamar os jovens e as famílias para apreciar o esporte dentro de sua cidade", continuou.
"Precisamos continuar isso, mas também torná-lo cada vez mais acessível em plataformas digitais. Até agora estamos fazendo muitos anúncios que comprovam isso e o FanBoost, quando os fãs podem se envolver diretamente com o esporte. É muito legal fazer parte disso."
Relacionamento com a FIA
A FIA é, essencialmente, a mãe e o pai da Fórmula E. Jean Todt esteve diretamente ligado na formação da categoria e esteve pessoalmente em algumas provas da primeira temporada:
"A FIA foi peça-chave no nascimento e desenvolvimento do campeonato. Estamos perto um do outro e temos uma forte relação."
"Claro, que às vezes acontecem divergências, mas sempre discutimos isso em grupo, o que é muito importante."
Agag acredita que a forte relação com a FIA ajuda na manutenção do DNA da categoria e também no controle dos custos.
"Pelo lado técnico estamos flexíveis entre ambos os lados. Temos o interesse em que os custos se mantenham relativamente baixos."
"A FIA é a líder em processos da área técnica. Eles mantém um contato estreito com os fabricantes. Somos um campeonato que depende de tecnologia e nos próximos anos temos que ter um excelente relacionamento para trabalharmos juntos."
Quando perguntado sobre a questão da duração da bateria, Agag parece confortável em responder:
"Na quinta temporada teremos um grande impacto na arquitetura do carro, já que teremos quatro motores, um para cada roda, e poderemos ter finalmente um carro por piloto, e não dois, como ocorre hoje."
"É improvável que cheguemos a esse ponto antes da quinta temporada, mas vamos ver. É por isso que temos discussões em conjunto, para sabermos exatamente aonde estamos e onde queremos estar e assim chegarmos aos nossos objetivos de maneira eficiente."
O fator Bernie
Está prevista para a rodada dupla final da segunda temporada da F-E o GP da Grã-Bretanha de Fórmula 1, nos dias 27 e 28 de junho. No entanto, Agag rejeita a ideia de que Bernie Ecclestone tenha colocado a prova de maneira proposital, para boicotar sua categoria.
"O GP da Grã-Bretanha foi colocado lá deliberadamente? Não, acredito que não foi. Bernie e a FOM fazem um grande trabalho em manter uma certa ordem das datas. Um calendário com 10 datas a mais que o nosso é muito difícil de administrar."
"As 20 datas da F1 deve ser um pesadelo. Então Bernie colocaria um evento batendo com outro de propósito? Não, acredito que não."
"A F1 tem a preferência dessas datas e com razão. Temos que nos adaptar ao que eles fazem. Infelizmente pouco mudou para a próxima temporada, então isso acaba afetando as outras séries, como a nossa."
"Disse, já talvez um milhão de vezes, que nós não estamos competindo com a F1 e não há nenhum desejo em fazer isso no futuro. Isso não é possível."
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