No emocionante adeus a Mauricio Paludete, familiares criticam pista e organização em Interlagos
Velório de piloto falecido após acidente no domingo aconteceu nesta segunda-feira em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo
Na tarde desta segunda-feira, 15, aconteceu o velório - e o sepultamento - do piloto Maurício "Linguiça" Paludete, morto no último domingo após forte acidente no Autódromo de Interlagos, em etapa da SuperBike Brasil. O paulista bateu na área de escape da entrada do S do Senna, após cruzar a linha de chegada na reta dos boxes.
A triste ocasião contou com a presença de familiares, amigos e nomes de destaque das duas rodas, como o piloto César Barros, diretor de motovelocidade da Confederação Brasileira de Motociclismo e irmão do ex-MotoGP Alexandre Barros.
Com cerca de 200 pessoas, o velório foi realizado no bairro Cerâmica, em São Caetano do Sul, zona metropolitana de São Paulo. Muitos amigos da comunidade do motociclismo estavam presentes, trajando uniformes de equipes e roupas de motovelocidade.
Velório do piloto Mauricio Paludete
Photo by: Carlos Costa
No interior do local, coroas de flores eram vistas em homenagem a "Linguiça", como era carinhosamente chamado. A maioria era assinada por amigos e algumas por clubes de motociclismo. O clima era de muita tristeza, especialmente na sala em que estava o corpo. A família, que usava uma camiseta branca personalizada com o numeral 80 do piloto, ficou lá na maior parte do tempo.
Também foram prestadas homenagens com as motocicletas dos presentes, que aceleraram para fazer os motares roncarem em recordação a Paludete. A mais especial ocorreu na saída do carro funerário em direção ao cemitério.
Na chegada ao Cemitério da Saudade, o caixão foi levado à capela, onde foi feita uma corrente de fé pela passagem do piloto da Misano Racing Team. Policiais com motocicletas também prestaram sua homenagem, fazendo um corredor com as máquinas até a capela.
Em seguida, os presentes tomaram o caminho do túmulo. Parentes mais próximos carregaram o corpo do falecido. Na chegada à lápide, todos se amontoaram em torno do leito final de Paludete.
Uma salva de palmas foi feita por cerca de um minuto antes da descida do corpo. No momento em que o caixão era acomodado, alguns amigos mais próximos colocaram a música “Canção da América”, de Milton Nascimento, para tocar.
Enquanto se ouvia o verso “amigo é coisa pra se guardar”, um outro colega prestou sua homenagem final: “Acelera, Linguiça!”.
No encerramento, palavras de motivação foram lidas por uma parente próxima, finalizando a triste ocasião.
As queixas da família
Após o enterro, o pai do piloto falou com exclusividade ao Motorsport.com Brasil. Sérgio Paludete comentou a tristeza pela perda do filho.
“O que aconteceu foi o que você viu lá. E agora estou aqui, enterrando meu filho, sem saber o que fazer”, disse Paludete.
“Não pode aquilo lá. É muito perigoso. Aquela área de escape não pode. A barreira tem que ter mais pneus, está muito desprotegido. Está tudo errado, a grama, área de escape. A grama está alta e os pilotos derrapam. E a área de escape é muito curta. Se o cara sai rápido lá, vai bater forte.”
“Tem que fazer alguma coisa naquele ponto do S do Senna. Colocar caixa de brita, alguma coisa. Se escapa ali rápido, não tem espaço.”
E destacou outro ponto problemático do circuito paulistano.
“O muro da subida também é um perigo. Se o piloto cai lá vai bater contra o muro. Tem que fazer alguma coisa, é muito perigoso.”
Além dos problemas da pista, Sérgio também se queixou da organização do SuperBike Brasil, dizendo que ninguém da categoria o havia procurado.
“A organização fez o que você viu, o básico. Ele estava jogado lá na tomada do S, pegaram e levaram pro hospital perto. Foi o básico, mais nada. E teve a demora.”
“Não nos procuraram pra dar mais suporte. Talvez procurem agora, mas nada ainda. Nenhuma entidade deu suporte. Foi família e amigos.”
OUTRO LADO
O Motorsport.com procurou os organizadores do SuperBike Brasil. Até o fechamento desta reportagem, não houve resposta.
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