Primeiro a se machucar na nova chicane da Curva do Café, José Vitte não poupou críticas ao setor nesta quarta-feira, quando recebeu alta do Hospital Albert Einstein. "Remédio pode matar o paciente", disparou.
Vitte fraturou a clavícula e a escápula do lado direito, além de duas costelas, ao bater de frente no muro oposto da reta dos boxes ao perder o controle do carro na curva durante uma corrida do Trofeo Linea.
"É um suicídio. Qualquer traseirada lança o carro contra o muro. É um negócio maluco, porque a gente faz um voo cego para chegar ali, já que aquele trecho é em subida e sem visibilidade. A segunda perna tem um caroço que faz o carro decolar. Aquele negócio foi muito mal projetado, essa é a verdade", criticou Vitte, que não deve completar a temporada.
Ao TotalRace, Victor Franzoni, piloto da F-Futuro, outro que viu sua corrida acabar ao passar pela valeta localizada na parte interna da segunda perna da chicane, também reclamou do setor. "Várias pessoas já não gostaram. Na moto, um cara errou, viu a valeta e precisou empinar para passar por ali."
"No Línea um carro bateu no muro, enquanto eu consegui consertar, mas havia uma zebra onde devia ter uma área de escape e meu carro saiu voando, batendo no muro. Está mais perigoso que antes. Antes não tinha acidente, agora tem vários. Precisava de uma área de escape igual outras curvas."
Felipe Massa foi mais sincero: "Odiei". Seu antigo chefe de equipe, Jean Todt, que a culpa dos acidentes fatais no local não é da pista: "Foram feitas investigações para sabermos o que podemos melhorar não em relação ao circuito, mas, sim, nos carros."
Já outros pilotos tiveram opiniões distintas. "A chicane está aprovada. Só é uma pena que perdemos uma reta enorme, mas aumentou bastante a segurança", comentou Antonio Pizzonia.
"A visão é talvez o maior ponto negativo, pois o Café é uma curva cega por natureza. Existe também uma parte mais alta da zebra que pode danificar o carro se você não entrar da maneira correta", ressalta Ricardo Zonta, enquanto os irmãos Cacá e Popó Bueno são mais críticos, apoiando a reforma para a construção logo de uma área de escape.
"Para competir está OK, não existem problemas muito aparentes, está apta para uma competição e não é fora do padrão. Eu não gosto, mas aceito porque é um paliativo para um problema que temos aqui. Essa pista não foi projetada para ter aquela curva ali", analisou. Preferiria que tivesse uma obra, tirando a arquibancada. Sei que agora vamos usar assim, não existe a possibilidade de não usar, mas não gostei. Nós sabemos do risco que é a Curva do Café, era uma coisa que precisava ser feita", fala Popó.
"A chicane não ficou ruim, ficou até gostosa de fazer, mas preferia que tivessem construído uma área de escape e o traçado original fosse mantido. O perigo não é a curva, mas a falta de área de escape, e não só para a Stock Car. Basta lembrar o acidente envolvendo o (Mark) Webber e o (Fernando) Alonso, na corrida de Fórmula 1, em 2003”, completa Cacá.
"A mudança foi boa. Está aprovada", contrapõe Giuliano Losacco, apoiado pelo companheiro de equipe Eduardo Leite: "Eu aprovo todas as mudanças que tragam mais segurança para o automobilismo."
Valdeno Brito também chama a atenção para a saída da chicane, o "calcanhar de Aquiles" do local: "A chicane não é tão travada como eu esperava, mas é necessário tomar bastante cuidado com a saída, porque há uma zebra muito alta. De toda forma, gostei do que vi".
"Ela cumpriu o objetivo de baixar a velocidade dos carros, mas certamente alguns ajustes poderão melhorar a visibilidade nesse trecho", resume Duda Pamplona.
Foto de José Vitte, crédito: Duda Bairros