ANÁLISE: Leclerc não exige ser primeiro piloto, mas com novo chefe isso deve mudar
Rumores indicam que equipe colocará monegasco no centro de novo projeto
Charles Leclerc não é o piloto que costuma bater na mesa, exigindo ser o primeiro piloto e vai aceitar começar a temporada em igualdade de condições com Carlos Sainz, como aconteceu nos últimos dois anos na Fórmula 1.
No entanto, o jovem piloto gostaria de ver os esforços canalizados em um só sentido em algum momento da temporada, para não perder oportunidades, como ocorreu neste ano.
Dualismos, especialmente entre companheiros de equipe, escreveram as páginas mais fascinantes e dramáticas da história da F1. É um tema que conquista, divide, estimula discussões e gera muito interesse.
Não é de estranhar que, em um momento de grande transição na sede da Ferrari, haja especulações sobre qual será o rumo da dupla Leclerc-Sainz a partir de 2023.
É preciso dizer que depois de dois anos de convivência entre Leclerc e Sainz não há rusgas, a relação deles ainda é definível como ‘boa’, considerando que dividem a mesma garagem.
Seus respectivos contratos não incluem ‘status’, nem de primeiro nem de segundo piloto, e não incluirão no futuro. No entanto, a saída de Mattia Binotto levou a especulações de que a nova gestão (ainda sem rosto no papel de chefe da equipe) colocará Leclerc no centro do projeto.
Todas as equipes da F1 têm estratégias preparadas para determinados cenários, e entre elas está a de convergir as energias para um piloto, caso ele esteja lutando por um grande objetivo.
Voltando ao caso da Ferrari, o que faltou a Leclerc em 2022 foi esse apoio. Apesar de uma posição favorável na classificação do campeonato, em alguns momentos a estratégia acabou sendo uma desvantagem para ele que acabou favorecendo Sainz. É um cenário muito diferente de um piloto que é apontado como o número um da equipe, Leclerc só precisaria do apoio certo para o que já estava fazendo na pista, sem ajuda ou status.
A mensagem de um Leclerc socando a mesa exigindo a classificação de primeiro piloto é falsa, pedir para ser protegido e não ser prejudicado como em alguns casos aconteceu em 2022 é outra coisa, há uma grande diferença.
Uma coisa é pensar em cenários como a Áustria 2002, com Barrichello forçado a frear na linha de chegada para ser ultrapassado por Schumacher, e outra bem diferente pedir apoio em corridas em que é líder (Mônaco e Silverstone 2022, mas também Singapura 2019) apenas para se ver perseguido por decisões estratégicas questionáveis.
Garantir aos dois pilotos um início de temporada sem hierarquias é do interesse de uma equipe que tem de crescer. Serão os objetivos e a classificação que decidirão se é necessário priorizar, e parece bom para Leclerc saber que está em jogo na pista. Se então o carro de 2023 se mostrar competitivo em termos de campeonato mundial, também chegará o momento em que os esforços serão canalizados em uma só direção.
Em várias ocasiões em briefings que antecederam as corridas de 2022, Sainz garantiu sua disposição de apoiar Leclerc, mas é preciso uma dinâmica de corrida específica para ajudar, e na temporada que acabou de terminar isso raramente se materializou.
Por mais que esse tema tenha peso, as chances de o cenário se concretizar são incertas. Se o gerenciamento do pit lane se tornar uma prioridade, isso significará que o carro será bom e a temporada estará indo muito bem. Este é um ‘problema’, o da gestão dos pilotos, que em Maranello esperam ter.
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