Análise: Os sete fatos que levaram a Ferrari à crise sem fim na F1
Equipe mais tradicional da F1 não comemora título há 13 e jejum deve permanecer até 2022, pelo menos
A história da Ferrari se confunde com a da Fórmula 1, e por causa disso, a equipe terá o privilégio de ter o nome de uma das corridas desta temporada, o GP da Toscana Ferrari 1000, em Mugello, tamanha a importância da escuderia que chegará à milésima participação.
Apesar do momento de ausência dos tifosi, as quase mil corridas na categoria sempre foram regadas de apreensão dos torcedores em momentos ruins e também de uma alegria característica nas grandes vitórias. A torcida da equipe é comparada muitas vezes com as de futebol, sempre presente em qualquer autódromo do mundo.
Mas, atualmente a Ferrari enfrenta um longo jejum de 13 anos, após Kimi Raikkonen levar a melhor sobre a disputa acirrada entre a dupla da McLaren de 2007, Fernando Alonso e o jovem Lewis Hamilton. De lá para cá, trocas no comando, nos assentos e histórias que parecem se repetir em uma espiral que nenhum fã gosta de ver. O Motorsport.com selecionou sete fatos que levaram a Ferrari a uma crise que parece não ter fim. Confira:
1. Postura imediatista frente ao planejamento da Mercedes
Mercedes logo on the Mercedes garage in the paddock
Photo by: Motorsport Images
A postura passional diante das dificuldades tem dificultado a equipe desde os anos 1970, como bem explicou o jornalista Reginaldo Leme em Live no canal do Motorsport.com no YouTube. Com a ausência de títulos em parte da década de 1970, a equipe foi parar na Inglaterra, em uma tentativa de voltar à rotina das vitórias.
2. Pouca intimidade com motores híbridos
Ferrari SF1000 engine detail
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
Até pelo DNA da marca, a Ferrari nunca se mostrou com intimidade suficiente para lidar bem com os motores híbridos V6. Assim que a categoria implementou esse tipo de unidade de potência, o mundial teve apenas um dono, com a escuderia italiana sempre um passo atrás dos alemães. "Certamente, para mim, o ponto decisivo para a Ferrari foi ter aceitado a adoção do motor híbrido", disse o jornalista Claudio Carsughi, ao jornal O Estado de S. Paulo em 2019. "Antes, eu achava que a Ferrari iria conseguir fazer bem essa unidade híbrida, mas isso não aconteceu, ao passo que a Mercedes já trabalhava há um ano e meio com isso".
3. Foco apenas em Alonso
Race winner Fernando Alonso, Ferrari F10
Photo by: Steven Tee / Motorsport Images
Mesmo não tendo o melhor carro do grid, a equipe colocou Fernando Alonso como fator principal na briga com a Red Bull, que teve o domínio parecido com o da escuderia italiana no início dos anos 2000. Resultado: ausência de títulos e clima desgastado.
4. Desgaste com Alonso e todas as esperanças em Vettel
Sebastian Vettel, Ferrari
Photo by: FIA Pool
Após o período em que Fernando Alonso ‘reinou’ na escuderia, as esperanças foram para Sebastian Vettel, tetracampeão mundial, que certamente traria consigo, além do talento, um clima mais tranquilo de se trabalhar. Mas, com a entrada da era híbrida, Vettel acabou mostrando menos do que se esperava, com direito a erros que ocasionaram na decisão de sua saída ao final da temporada 2020 sem ao menos ela ter começado.
5. Dicotomia entre harmonia (Raikkonen) e competitividade interna (Leclerc)
Charles Leclerc, Ferrari on the podium
Photo by: Charles Coates / Motorsport Images
Se a Ferrari contava com a tranquilidade de Kimi Raikkonen, que não ‘batia de frente’ com Sebastian Vettel, ao dispensar o finlandês dono do último título de pilotos da equipe, e trazer o jovem e arrojado Charles Leclerc, a Ferrari optou por um novo clima dentro dos boxes, muito mais competitivo, que mesmo mostrando ao mundo o talento do monegasco, exibiu os defeitos do antigo ‘Salvador da Pátria’. Mesmo com bom relacionamento entre eles, é fato que o ambiente mudou.
6. Administração ‘perdida’
Maurizio Arrivabene, Team Principal Scuderia Ferrari, Sergio Marchionne, Presidente Ferrari e CEO di
Os diferentes perfis dos últimos chefes demonstram falta de planejamento daquilo que a equipe quer. Maurizio Arrivabene, com perfil de gestão maior do que o técnico contrasta com Mattia Binotto, puramente técnico, que até o último fim de semana acumulava também o comando desta área.
7. Ressaca da era Schumacher
Paolo Martinelli, Ross Brawn, Jean Todt and Rory Byrne with the new Ferrari F2004
Photo by: Ferrari Media Center
A era extremamente vitoriosa de Michael Schumacher, em que Jean Todt, Ross Brawn, Rory Byrne dominaram a F1, teve vácuo imediato após a dissolução do time e, consequentemente, da filosofia de trabalho empregada pelo trio, mesmo com boa parte dele ainda por trás do título de Raikkonen.
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